Postagens por Marcador

sábado, 12 de novembro de 2016

Gislaine Canales


1
A minha vida é uma Trova,
trova de ilusão perdida,
pois a vida é grande prova,
que prova a Trova da vida!
2
Amor à primeira vista,
foi isso, mar, que eu senti!
Ninguém há que te resista,
quando está diante de ti!
3
Aquela ponte que unia
nossas vilas ribeirinhas
une ainda, por magia,
suas saudades e as minhas.
4
Caminhei pelo infinito,
vaguei por milhões de espaços...
Até lá estava escrito
o meu regresso aos teus braços!
5
É contrastante a ironia,
nesta verdade contida:
lindo o entardecer do dia,
triste o entardecer da vida!
6
É mais que um deslumbramento
ver o sol nascer no mar,
é mágico esse momento
que vem as águas dourar!
7
Era da tecnologia
não deve afastar pessoas,
mas uni-las na alegria,
na curtição de horas boas!
8
Essas algemas partidas
representam liberdade,
salvação de muitas vidas,
e um mar de felicidade!
9
Eu gosto de navegar
nesse mar de azul infindo
formado por teu olhar.
Não existe mar mais lindo!
10
Fotos mostrando uma vida,
namoro, noivado e então,
a essência nela cumprida:
os filhos do coração!
11
Letras que formam poesia,
nos abraçam com carinho,
deixam rastros de alegria
em todo o nosso caminho!
12
Menino e o sonho da bola,
pés descalços,  no campinho,
e esse chute desenrola
a visão do seu caminho!
13
Não lembro de ti, passado,
pois, consegui te esquecer;
agora, só tenho ao lado
os sonhos que vou viver!
14
Não posso viver em vão,
eu preciso um filho ter,
plantar em fecundo chão
e um livro bom, escrever!
15
Na Primavera, chegando,
cheia de cor e beleza,
os jovens seguem cantando,
num aplauso à Natureza!
16
Navegando em meu veleiro,
num  mar , assim, tão bonito,
procuro meu companheiro,
nesse meu sonho infinito!
17
Nesta vida tão inquieta,
o meu consolo é pescar.
Sou pescadora-poeta,
que pesca versos no mar!
18
Numa troca de carinhos,
dois sorrisos se irmanaram,
e os dois, antes, tão sozinhos,
juntos, pra sempre, ficaram !
19
Nunca mais fiquei sozinha,
pois na Internet eu namoro
e essa solidão, que eu tinha,
não mora mais onde eu moro!
20
O espelho mau me mostrou
algo que eu nem suspeitava…
Agora, eu sou como estou,
e nunca como eu sonhava!
21
Olhando o mar, eu diviso,
a areia branca a esperar
um beijo feito sorriso,
que as mansas ondas vêm dar!
22
Olhava o mar com temor,
numa espera preocupada:
nem peixes…nem pescador!
Tão só o vazio do nada!
23
O magro e a magra dançando…
Osso com osso batia…
E quem estava escutando
pensava ser bateria…
24
O magro era tão magrinho,
magrinho de fazer dó…
seu pijama listradinho
era de uma listra só!
25
O mais bonito sorriso,
que eu ganhei, cheio de afeto,
revelar nem é preciso !
Foi do meu primeiro neto!
26
O mar é o mais doce amante
pois não cansa de beijar,
num lirismo alucinante,
toda praia que encontrar!
27
O meu viver enfadonho,
só de amarguras composto,
põe as rugas do meu sonho
sobre as rugas do meu rosto!
28
O trem passando entre flores,
vai a infância recordando,
pai e mãe:  os meus amores...
e nós todos, viajando...
29
O Trovador, com seu sonho,
e sua grande emoção,
desenhou um Sol risonho
na preta poluição!!!
30
O trovador que em verdade,
faz da trova uma oração,
coloca com amizade
“A trova no Coração”!
31
Para mim, não há segredos,
meu mar, de infinito azul,
nós convivemos sem medos,
nas belas praias do Sul!
32
Quando unimos nossos braços,
aos braços de outros irmãos,
sentimos que os nossos laços
enfrentam todos os nãos!
33
Quero cantar pelo espaço
e, nas estrelas, rever
todas as trovas que eu faço.
Trova é prece em meu viver!
34
Sinto a imensa inspiração
desse escultor, se esculpindo,
mostrando, a nós, na emoção
sua  escultura surgindo!
35
Sou pescador de ilusões
e nesse pescar me ponho,
conquistando corações
com os anzóis do meu sonho!
36
Sou tão triste e tão sozinha,
que o eco do meu lamento,
desta saudade tão minha,
escuto na voz do vento!
37
Um bombeiro consciente,
alto, loiro, bonitão,
apaga o fogo da gente
mesmo sem água na mão!
38
Um gemido de dar medo,
eu ouvi… que coisa estranha!
Cravou o espeto no dedo,
em vez de ser na picanha!
39
Um segredo que me assusta:
-Não saber, se após a morte,
há uma vida boa e justa,
que não dependa da sorte!
40
Vamos a vida encantar
com nossa Trova querida,
e na Trova, então cantar,
um hino de amor à vida!
41
Vejo a tua silhueta
na sombra, bem definida,
e abro, em meu peito, a gaveta
de uma saudade escondida!
42
Vivemos juntos, mas sós,
nossa solidão somada
fez de ti, de mim, de nós,
a soma triste do nada!

sexta-feira, 11 de novembro de 2016

Vanda Fagundes Queiroz


1
A criança tem mania,
quer ser grande, sem saber
que, na dura travessia,
dói tanto a gente crescer!
2
A mais sublime lição
de grandeza, amor e fé,
foi ver um homem sem mão
pintando flores com o pé.
3
A minha alma adolescente,
de braços dados com a vida,
parece nem ser parente
desta face envelhecida.
4
Antes que nossa atitude
maiores males cometa,
Deus convoca a juventude:
- Protejam esse planeta!
5
Ao voltar do burburinho
da rua – a humana agressão,
a meiguice de um cãozinho
vem receber-me ao portão.
6
A primavera, suponho,
que tendo sonhos de amor,
faz, sim, com que cada sonho
nasça em forma de uma flor.
7
Aquela duna imponente,
que na paisagem se alteia,
tem na origem, certamente,
minúsculos grãos de areia.
8
Arrumei minha bagagem
com sonhos e fantasia,
e agora, no fim da viagem,
abro a mala… está vazia.
9
A vitória que se alcança
tem lição para ensinar.
– Não fique na praia mansa,
saiba as ondas enfrentar!
10
Caso a sobremesa fosse
escassa, a mamãe mentia:
- Tomem! Não gosto de doce...
e, docemente, sorria.
11
Certas trovas são tão belas,
dão tal encanto e prazer,
que eu vejo, pensando nelas,
quanto preciso aprender!
12
Chinelinho na janela,
belo sonho de criança...
Antes de fugir por ela,
Noel deixou a esperança!
13
Chora o nenê. Fico olhando
e me enlevo, a refletir:
a sua emoção chorando
faz minha emoção sorrir.
14
Chuva a molhar nosso riso,
riso feliz e molhado…
qualquer tempo é paraíso,
quando o amor é partilhado.
15
Colheita, ainda guardada
num simples grão amarelo,
é uma obra a ser lançada,
mas que ainda está no prelo.
16
Contraste se manifesta,
a razão seja qual for:
- nem sempre o riso é de festa,
nem sempre o pranto é de dor.
17
– Corte o texto!… Longo assim,
A ideia até se desdoura.
– Pois não, mestre, corto sim,
vou procurar a tesoura…
18
Doce mistério de amar,
que me concede o talento
de abraçar-te com o olhar
e beijar-te em pensamento.
19
Duas taças sobre a mesa,
numa espera malograda…
Só veio Dona Tristeza,
que nunca foi convidada!
20
Enquanto, amor, tu demoras
e eu vou somando ansiedade,
a travessia das horas
é calculada em saudade.
21
Enquanto há bens passageiros
exibidos no aparato,
há tesouros verdadeiros
ocultos no anonimato.
22
Entro em casa e, no consolo
de ter, no lar, proteção,
piso o primeiro tijolo…
e sinto o céu, no meu chão!
23
Eu sempre lutei sentindo,
nesta arena em que se vive,
a mão de Deus, dirigindo
cada conquista que eu tive!
24
Fez plástica no nariz
e comprou peruca loura…
Pirracenta, a outra diz:
- Falta montar na vassoura…
25
Freio o carro, junto ao mar,
e o cenário é um esplendor,
que só faz acelerar
nossos impulsos de amor.
26
- Lá se foi meu pé-de-meia…
diz, desolado, o vovô.
Vovó se alarma e esperneia:
- Não diga que é o de tricô!
27
Maior prêmio, no decurso
da vida de um trovador,
bem mais que ganhar concurso,
é erguer o troféu do amor!
28
Meu caderno confidente,
primeiros versos de amor:
ilusão de adolescente…
que endeusava um professor!
29
Não basta apenas sonhar,
a vida requer firmeza
de agir, para transformar
uma esperança em certeza.
30
Não há recursos que domem
predação de tal grandeza,
quando é a própria mão do homem
que destrói a Natureza.
31
Na rua… tantos passantes…
e a marcha, incessantemente,
traça, em passos semelhantes,
tanta história diferente…
32
Neste mundo tão mesquinho,
é um prazer ouvir a voz
de quem faz o bem sozinho,
mas usa o pronome “Nós”.
33
No ditado, a turma estoura
de rir, quando, erguendo a mão,
Pergunta o aluno: – “tesoura”
é com “tezinho” ou “tezão”?
34
No meu Livro da Lembrança,
ainda sem conclusão,
saudade é aquela esperança
que compôs a introdução…
35
Num dos lances mais astutos
que a vida tem-me inspirado,
eu mostro os olhos enxutos,
e escondo o lenço molhado.
36
Num momento de magia,
nós dois ali, face a face…
e o meu coração pedia
para que o tempo parasse!
37
Olhando do meu terraço
o céu que ilumina a rua,
com enlevo um gesto eu faço…
e quase que abraço a lua!
38
Olhando o velho retrato
da praça, eu ouço à distância
acordes que são, de fato,
cirandas da minha infância.
39
Olhaste...Nada foi dito,
mas consegui decifrar
um conto de amor, escrito
no apelo do teu olhar!
40
O luar intenso me induz
a crer que Deus guarda o dia,
diz ao céu que acenda a luz…
mas nos cobra uma poesia.
41
O mar, a tarde silente,
a rede, a troca de afeto…
Um momento, simplesmente,
mas… um momento completo!
42
Para um garoto, os quintais
eram reinos de magia,
guardando tesouros reais
nos mapas de fantasia…
43
Poda as plantas, na lavoura,
Mas planeja, o tempo inteiro:
- vou crescer, vender tesoura…
Eu hei de ser tesoureiro!
44
Por mais que o progresso iluda,
deturpe e inverta valor,
o que Deus fez ninguém muda:
amor será sempre Amor.
45
Quatro abraços, meigos passos,
traços de amor e bonança,
infância: pequenos braços -
sustentam grande Esperança!
46
Que imenso mundo se esconde
na pena de intenso brilho
que torna em sábio Visconde
um sabuguinho de milho…
47
Quem crê não teme o fracasso
e nunca segue sozinho,
pois, quando quer dar um passo,
Deus já prepara o caminho.
48
Meu “eu” antigo encontrei…
sinto que não perdoou
por ver que não realizei
os sonhos que ele sonhou.
49
Meu lenço, meu companheiro,
saiba os segredos guardar.
Além do meu travesseiro,
só você me viu chorar…
50
Parece um conto de fadas
ver, em perfeita harmonia,
sete cores alinhadas,
no céu, jorrando poesia!
51
Por mais que o progresso iluda,
deturpe e inverta valor,
o que Deus fez ninguém muda:
o amor será sempre amor!
52
Praia tranquila, discreta…
Deus escuta, com certeza,
o silêncio do poeta
falando com a Natureza…
53
Prossigo em minha viagem,
ora alegre, ora tristonho…
levando em minha bagagem
pouca coisa e muito sonho.
54
Quando a vida é limitada
eu lhe amplio a dimensão:
cada coluna é bordada
com retalhos de ilusão…
55
Que este preceito se integre
ao meu simples dia-a-dia:
Melhor do que estar alegre,
só mesmo dar alegria
56
Revezam-se em nossas rotas
sombra e luz, contras e prós,
e as vitórias e derrotas
começam dentro de nós…
57
Se ausência é cena vazia,
guarda, invisível, latente,
a marca de algo que, um dia,
ali já esteve presente
58
Sinto imensa gratidão
por alguém que nunca vi,
mas que fez a plantação
dos frutos que hoje colhi!
59
Sombra e luz fazem nuança
no largo painel da vida.
Luz é o raio de esperança,
e sombra, a ilusão perdida”.
60
Somos heróis, sem medalhas,
vencendo, com valentia,
as anônimas batalhas,
na luta de cada dia.
61
Sou vaso, às vezes quebrado...
mas, cada vez, Deus permite
que eu volte a ser restaurado,
com Seu amor sem limite!
62
Tenho no meu peito um mar
de amor, imenso e profundo
sonho vê-lo transbordar,
causando enchentes no mundo.
63
Todos têm um potencial
diferente… é indiscutível.
O que importa é cada qual
tentar o melhor possível!
64
Uma alegria incontida,
por algo que a gente goste,
gera luz mais desmedida
que a luminária do poste.
65
Um barquinho deslizando
sobre a ondulação tão mansa…
parece um anjo levando
ao mundo paz e esperança.
66
Um casebre na favela…
o espaço ganhou fulgor,
quando alguém pôs na janela
um simples vaso de flor!
67
Velha torre escura, ao longe...
O seu perfil me insinua
a ideia de um velho monge
tomando conta da lua.

Adaucto Soares Gondim (Pedra Branca/CE, 1915 - 1980, Fortaleza/CE)

1 Adoro a treva ao açoite do vento que não tem dono: Deus fez o escuro da noite para a carícia do sono. 2 A dor que minha alma corta de mane...