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quarta-feira, 16 de outubro de 2024

A. A. de Assis (Trovas em Branco & Preto)

 

A gralha azul à direita, é a ave símbolo do Paraná 

1
– Aceitas dar-me os deleites
da próxima contradança?...
– Aceito, desde que aceites
não me apertar contra a pança!
2
A história, através dos anos,
ensina a grande lição:
– o destino dos tiranos
será sempre a solidão!
3
Ah, poeta, como é lindo
teu trabalho, e quão fecundo...
– Noite e dia produzindo
sonhos novos para o mundo!
4
“Bem-vinda à vida, criança!”,
diz o parteiro sorrindo.
E a frase é um hino à esperança,
no seu momento mais lindo!
5
Coceirinha furibunda,
coça embaixo, coça em cima...
Quando coça na cacunda,
sinto cócegas... na rima!
6
“Deixe-o que faça e aconteça”,
diz a vovó com carinho...
E eis que de ponta-cabeça
vira-lhe a casa o netinho!…
7
Disseste, criança ainda:
"Sou tua... sempre serei!"
- Foi a mentira mais linda
que em minha vida escutei!…
8
Esta é uma antiga lorota,
que jamais se esclareceu:
– Se Judas nem tinha bota,
como foi que ele a perdeu?…
9
Hoje ainda a humanidade
vive o impasse decisivo:
– Parte atrás da liberdade
ou se apega ao paraíso?…
10
Movido a sonho, eu poeta,
porque amo a estrada, não canso.
– Mais importante que a meta
é cada passo que avanço.
11
Na biblioteca há mil sábios
a nosso inteiro dispor.
– Sem sequer abrir os lábios,
cada livro é um professor!
12
Nesta Terra outrora linda,
que aos pouquinhos se desfaz,
o lar é a ilha onde ainda,
às vezes, se encontra a paz.
= = = = = = = = = = = = = = = = = = = =  = 

AS TROVAS DO ASSIS EM PRETO E BRANCO
por José Feldman

As trovas de A. A. de Assis (Antônio Augusto de Assis) revelam uma sensibilidade poética única, combinando humor, reflexão e crítica social.

AS TROVAS UMA A UMA

1. Contradança e leveza
A troca entre os interlocutores reflete a leveza da vida social. A dança simboliza a alegria e a liberdade, enquanto a referência ao "apertar contra a pança" sugere uma preocupação com a intimidade física, trazendo um toque humorístico.

2. Solidão dos tiranos
Esta trova aborda a inevitabilidade da solidão que acompanha o poder opressivo. A lição histórica indica que, apesar do domínio, os tiranos acabam isolados. A solidão é apresentada como um destino cruel, destacando a fragilidade do poder.

3. Poder da poesia
A dedicação do poeta à criação é exaltada. A ideia de produzir "sonhos novos" reflete a importância da imaginação e da arte na vida humana. O trabalho do poeta é visto como um serviço à sociedade, contribuindo para a renovação cultural.

4. Nascimento e esperança
A saudação ao nascimento é um momento carregado de significado. O parteiro, ao sorrir, simboliza a alegria da chegada de uma nova vida. A frase "um hino à esperança" sugere que cada nascimento é uma nova oportunidade e um desafio para o futuro.

5. Humor e rima
A brincadeira com as cócegas revela um lado lúdico e infantil da vida. A conexão entre corpo e rima cria uma experiência sensorial que reflete a alegria simples encontrada em momentos cotidianos. O humor é uma forma de explorar a leveza da existência.

6. Inocência infantil
A relação entre a avó e o neto ilustra a dinâmica familiar e a inocência da infância. A expressão "de ponta-cabeça" sugere a travessura típica das crianças, mostrando como a pureza infantil pode subverter a ordem estabelecida de forma carinhosa.

7. Promessas não cumpridas
Aqui, a reflexão sobre a sinceridade das promessas infantis revela uma faceta dolorosa da vida. A frase "mentira mais linda" sugere que, embora a promessa fosse vazia, sua beleza reside na esperança e no amor que a envolve, refletindo sobre a fragilidade das relações.

8. Mistério de Judas
A pergunta retórica provoca reflexão, instigando o leitor a considerar as nuances da história e a complexidade das escolhas humanas, desafiando a lógica tradicional.

9. Liberdade versus paraíso
Esta trova aborda um dilema existencial. A humanidade, dividida entre a busca pela liberdade e a busca pelo conforto do "paraíso", reflete uma tensão entre idealismo e materialismo, questionando as prioridades e valores da sociedade contemporânea.

10. Jornada poética
A ideia de que o processo é mais importante que a meta sugere uma filosofia de vida que valoriza a experiência e a reflexão. O "caminho" do poeta é um símbolo da jornada humana, onde cada passo é significativo e forma parte da construção do ser.

11. Sabedoria dos livros
A imagem da biblioteca como um espaço repleto de sabedoria enfatiza o valor do conhecimento. Cada livro, como um "professor", simboliza a educação e a aprendizagem, mostrando que a sabedoria está acessível a todos que buscam.

12. Busca pela paz
A reflexão sobre a transformação do mundo e a busca pela paz no lar destaca a importância do refúgio familiar. O lar é apresentado como um espaço de resistência, onde a paz é ainda possível em meio às turbulências da vida moderna.

ESTRUTURA POÉTICA

1. Repetição e Paralelismo
A repetição de estruturas e ideias reforça temas e sentimentos. O uso de paralelismo, onde ideias ou frases semelhantes são apresentadas em sequência, cria uma cadência que enriquece a experiência do leitor.

"Movido a sonho, eu poeta,
porque amo a estrada, não canso.
– Mais importante que a meta
é cada passo que avanço."

O paralelismo entre as duas estrofes reforça a mensagem sobre a jornada.

2. Imagens e Metáforas
As trovas são ricas em imagens vívidas e metáforas que evocam emoções. A linguagem é acessível, mas carregada de significado, permitindo múltiplas interpretações.

"Na biblioteca há mil sábios
a nosso inteiro dispor.
– Sem sequer abrir os lábios,
cada livro é um professor!"

A metáfora da biblioteca como um espaço de sabedoria é poderosa.

3. Tom e Humor
O tom varia entre o lúdico e o reflexivo. O uso do humor, muitas vezes sutil, permite que o poeta aborde temas sérios de maneira leve, facilitando a conexão com o leitor.

"Coceirinha furibunda,
coça embaixo, coça em cima..."

Essa abordagem lúdica e humorística traz leveza ao texto, permitindo a identificação do leitor.

4. Tema e Mensagem
Cada trova aborda temas universais, como amor, liberdade, infância e solidão. A mensagem frequentemente reflete uma crítica social ou uma observação sobre a condição humana, proporcionando profundidade ao texto.

"Hoje ainda a humanidade
vive o impasse decisivo:
– Parte atrás da liberdade
ou se apega ao paraíso?…"

A reflexão sobre a escolha entre liberdade e conformismo é um tema profundo e universal.

5. Diálogo e Vozes
A interação entre personagens, como em diálogos, cria dinamismo e envolvimento. Essa técnica permite que diferentes perspectivas sejam exploradas, enriquecendo a narrativa.

"Deixe-o que faça e aconteça,
diz a vovó com carinho..."

O diálogo entre a avó e o neto dá vida à cena, mostrando diferentes perspectivas.

Esses elementos fazem das trovas de A. A. de Assis não apenas uma expressão artística, mas também uma forma de reflexão sobre a vida e as relações humanas, mantendo um equilíbrio entre estética e conteúdo.

CONCLUSÃO

As trovas de A. A. de Assis representam uma rica expressão da poesia brasileira, combinando humor, lirismo e crítica social de forma acessível. Através de sua estrutura poética bem definida, com rimas, imagens vívidas e diálogos dinâmicos, Assis consegue transmitir reflexões profundas sobre a condição humana, as relações interpessoais e as complexidades da vida.

Em resumo, as trovas de A. A. de Assis não são apenas um testemunho da habilidade poética de seu autor, mas também uma valiosa contribuição à literatura que continua a inspirar, provocar e entreter. Sua relevância perdura, fazendo delas uma parte essencial da herança literária brasileira e uma fonte de reflexão contínua para o mundo contemporâneo. Elas promovem um sentimento de identidade cultural e pertencimento, ligando gerações por meio de uma linguagem comum e experiências compartilhadas.

A obra de Assis serve como um modelo para novos poetas e escritores, demonstrando que é possível abordar questões sérias de forma criativa e envolvente.

Fonte: José Feldman. 50 Trovadores e suas Trovas em preto e branco. vol.1. Maringá/PR:IA Open. Biblioteca Voo da Gralha Azul. 2024.

terça-feira, 15 de outubro de 2024

Therezinha Dieguez Brisolla (Trovas em Preto & Branco)

                                 

1
À pergunta: - Qual andar?
Responde o pinguço, a esmo:
- Onde quiser me levar;
já errei de prédio mesmo!
2
Ao vir "de fogo" recua
gritando, após a topada:
- Que faz um poste na rua
às duas da madrugada?!
3
Cai no trilho e a triste sina
maldiz tanto o beberrão...
"Essa escada não termina
e é tão baixo o corrimão!”
4
"Depois do jantar, o mate",
diz, ao filho, o anfitrião.
Foge, ao perigo, o mascate.
Foi sem tomar chimarrão!…
5
- É o piloto... tô em perigo!...
Tem fumaça... e um fogaréu!...
- É a torre... reze comigo:
“Pai nosso, que estais no céu...”
6
Foi o par pro beleléu...
e o fantasma, em tom moderno:
- Venho, à noite, aqui no céu,
ou você vai lá no inferno?
7
Jaz o ancião na cascata!...
Seu anjo, que é seu abrigo,
já velho e com catarata,
não viu a placa "PERIGO"!
8
Na escada, a aposta suicida
dos genros, no arranha-céu:
- Leva, quem perde a corrida,
a sogra como troféu!
9
Não houve pancadaria
nem sufoco na paquera...
“Sou homem”, disse a Maria.
Ainda bem que o Zé não era!
10
O bombeiro subalterno
morreu... e o céu foi seu rogo...
Mas, foi mandado pro inferno
porque no céu não tem fogo!!!
11
Pede a graça ao padroeiro
e promete ao santo, à beça...
É um beato caloteiro
que não paga nem promessa!
12
Querendo ver o acidente,
ele abriu caminho a murro...
Foi dizendo: "Sou parente"...
Mas quem morreu foi um burro!

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SOBRE AS TROVAS DE THEREZINHA
por José Feldman

As trovas humorísticas de Therezinha Dieguez Brisolla capturam de forma leve e irônica situações cotidianas, muitas vezes com um toque de absurdo.

AS TROVAS

1 – Ironia do pinguço: A resposta do pinguço mostra a desorientação que o álcool pode trazer, transformando uma simples pergunta em uma piada sobre confusão, refletindo uma crítica ao consumo excessivo de álcool e suas consequências.

2 – Poste na madrugada: A indignação de encontrar um obstáculo à noite ilustra a falta de atenção que todos podem ter em momentos de distração.

3 – A escada interminável: O desespero do beberrão reflete a frustração de situações que parecem não ter fim, uma metáfora para desafios da vida.

4 – Chimarrão perdido: O mascate foge do perigo sem se preparar adequadamente, uma. É uma crítica ao despreparo e à falta de atenção nas interações sociais, às próprias tradições, ironizando a seriedade que as pessoas costumam dar a eventos triviais.

5 – O piloto em perigo: A cena humorística mostra como a fé pode ser uma reação imediata ao medo, mesmo em situações absurdas.

6 – Fantasma moderno: A troca entre o fantasma e o homem traz um humor surreal, questionando o que é realmente assustador.

7 – Catarata e perigo: A ironia da situação do ancião que ignora um aviso é um lembrete sobre a vulnerabilidade da idade.

8 – Aposta com sogra: A aposta arriscada entre genros e a sogra revela o humor em relações familiares e rivalidades.

9 – Confusão na paquera: A revelação sobre Zé traz um alívio cômico, jogando com expectativas em situações românticas.

10 – Bombeiro no céu: O bombeiro que, ao morrer, é enviado para o inferno porque "no céu não tem fogo" brinca com a expectativa de que heróis vão para o céu, revelando uma ironia sobre o destino das pessoas.

11 – Beato caloteiro: A figura do beato que não cumpre suas promessas é uma crítica social divertida, expõe a falta de sinceridade em práticas religiosas, mostrando como as pessoas muitas vezes não se comprometem com suas palavras.

12 – Abertura de caminho: A busca por atenção em um acidente termina tragicamente cômica, mostrando como a vida pode ser cheia de surpresas.

ESTILO E ESTRUTURA

Ritmo e Rima: As trovas têm uma cadência marcante, com rimas que tornam a leitura leve e divertida.

Personificação: Elementos como fantasmas e anjos são usados para dar vida a ideias e reflexões, criando um ambiente lúdico.

Simplicidade: A linguagem é acessível, o que permite que as mensagens sejam compreendidas por diversos públicos.

A IRONIA NAS TROVAS DE THEREZINHA

A ironia nas trovas humorísticas de Therezinha  está profundamente enraizada na cultura brasileira e se relaciona com diversos aspectos da sociedade.

As trovas refletem a oralidade e a riqueza do português falado no Brasil, utilizando expressões coloquiais que ressoam com o cotidiano das pessoas. O uso de ironia e humor é uma forma de expressar a identidade brasileira, revelando a capacidade de rir das próprias desventuras. serve como ferramenta de crítica às injustiças sociais e políticas, algo comum na tradição de humor no Brasil, desde a literatura até as manifestações artísticas.

O brasileiro tem uma tradição de usar o humor como forma de resistência, especialmente em tempos difíceis. A ironia nas trovas reflete essa capacidade de encontrar leveza em situações complicadas, pois o riso é uma parte fundamental da cultura brasileira, e as trovas humorísticas abraçam essa característica, criando um espaço para a reflexão através do humor.

CONCLUSÃO

Essas trovas ressoam por sua capacidade de fazer o leitor rir, enquanto o convida a refletir sobre a condição humana. Elas são uma forma de humor popular que preserva tradições e, ao mesmo tempo, traz à tona questões contemporâneas, cada uma com seu próprio charme e sagacidade.

Essa conexão entre ironia e cultura enriquece a compreensão das trovas, tornando-as não apenas divertidas, mas também significativas dentro do contexto social e cultural do Brasil.

Fonte: José Feldman. 50 Trovadores e suas Trovas em preto e branco. vol.1. Maringá/PR:IA Open. Biblioteca Voo da Gralha Azul. 2024.

domingo, 13 de outubro de 2024

Carolina Ramos (Trovas em Preto & Branco)

  


1
Alforriada, ela passa
gingando frente ao feitor
e o dengo de sua raça
faz dele escravo do amor!
2
Bendigo o dom da poesia:
- num mundo de tais perigos,
deu-me a serena alegria
de achar um mundo de amigos!
3
Como pode haver poesia
nos rumos da humanidade,
se tarda tanto esse dia
da paz ser PAZ de verdade?
4
Ele chega de mansinho,
velho cão ressabiado...
mas, se conquista um carinho,
nos dá carinho dobrado!
5
Filho, a montanha da vida,
escala devagarinho,
que há muita flor escondida
entre as pedras do caminho!
6
Há contraste em nossas vidas
mas, perfeito é o desempenho:
luz e sombra, quando unidas,
dão força e vida ao desenho…
7
Liberdade de calar
todos têm, mas, cuida, pois,
ser livre é poder falar
e seguir livre depois!
8
Mente com tal propriedade,
que ao mentir jamais hesita
e quando diz a verdade,
nem ele mesmo acredita.
9
Na vida, quanta maldade
não punida, se repete!
E, em nome da liberdade,
quantos crimes se comete!
10
O mundo é paisagem triste,
chora o rico e o pobre chora...
- Meu Deus, se a ventura existe,
onde será que ela mora?!
11
Pobre pássaro!... é de crer
que a prisão não mais suporta
- e vale a pena viver
se a liberdade está morta?!
12
Ser mau é fácil... insiste
em ser bom, sempre a lembrar:
- bondade, às vezes, consiste
em ver, ouvir... e calar!…
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SOBRE AS TROVAS DE CAROLINA
por José Feldman

As trovas de Carolina Ramos mostram temas profundos como amor, liberdade, e a dualidade da vida. Cada uma revela questões sociais e emocionais que levam à reflexão. A seguir observações sobre elas:

Amor e escravidão: a primeira mostra como o amor pode transformar as relações, fazendo com que uma pessoa fique vulnerável ao outro. Essa dinâmica é comum em relacionamentos, onde um se torna "escravo" do sentimento.

Poesia e amizade: A segunda trova destaca a poesia como base de amizade e alegria em tempos difíceis. A arte serve como um escape e uma forma de conexão entre as pessoas.

Busca pela paz: A terceira é um tom de desespero na busca pela paz verdadeira, mostrando uma realidade onde a harmonia parece distante.

Carinho e afeto: Na quarta, o carinho é mostrado como um caminho para o afeto mútuo, mostrando a importância das relações humanas.

A vida como um caminho: A quinta destaca a importância de apreciar as pequenas coisas da vida. A jornada da vida, sugerindo que, apesar dos desafios (as "pedras"), sempre há beleza (as "flores") a ser descoberta.

Luz e sombra: A sexta é sobre a harmonia entre opostos. A luz e sombra não são opostos, mas complementos que dão vida e profundidade à experiência humana.

Liberdade de expressão: Na sétima Carolina discute a liberdade de expressão, lembrando que ser livre também implica responsabilidade nas palavras e ações.

A verdade e a mentira: A oitava mostra a complexidade da verdade e da mentira, revelando como as pessoas podem se perder em suas próprias narrativas.

Maldade e liberdade: A nona conecta a liberdade à repetição de injustiças.

Tristeza universal: A décima mostra a dor compartilhada entre diferentes classes sociais.

A nona e a décima abordam a dor e a injustiça no mundo, questionando a verdadeira natureza da felicidade em uma sociedade marcada por desigualdades.

Liberdade do ser: A décima primeira provoca uma reflexão sobre o valor da vida sem liberdade, um tema central em muitas discussões sobre direitos humanos.

Bondade silenciosa: A última sugere que a bondade pode ser sutil, destacando a importância de saber quando ouvir e quando falar, um aspecto muitas vezes negligenciado nas interações sociais.

Essas trovas são um convite à reflexão sobre a condição humana e as contradições da vida.

Fonte: José Feldman. 50 Trovadores e suas Trovas em preto e branco. vol.1. Maringá/PR: IA Open.. Biblioteca Voo da Gralha Azul. 2024.

Adaucto Soares Gondim (Pedra Branca/CE, 1915 - 1980, Fortaleza/CE)

1 Adoro a treva ao açoite do vento que não tem dono: Deus fez o escuro da noite para a carícia do sono. 2 A dor que minha alma corta de mane...