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sábado, 12 de agosto de 2017

Myrthes Mazza Masiero


1
Alerta: Grande perigo!
A água está em extinção;
e o nosso grande inimigo
é o ser humano, oh, irmão!
2
Amizade é sol que aquece
aonde quer que se vá.
Nem sempre o sol aparece,
mas se sabe que está lá...
3
Araras azuis, voando,
vão singrando a imensidão;
parecem fugir em bando
da ameaça da extinção!...
4
Crianças são primaveras
que enchem o mundo de cores;
as primaveras são eras
em que só colhemos flores!
5
Depois de uma tempestade
e a paz volta a florescer,
eu sinto a felicidade
de um cego que volta a ver.
6
Equilíbrio é harmonia,
prudência e moderação;
mantê-lo é manter em dia
mente sã em corpo são.
7
Eu sempre fiz ”macaquice”,
mas “mico” não pago não.
Existe coisa mais triste
que dar “topada” no chão?
8
Felicidade é uma estrela
que nasce na alma da gente . . .
Precisas reconhecê-la
para plantar a semente!
9
Franqueza, um belo costume,
de quem é franco e leal,
é faca que tem dois gumes,
pode, às vezes, ser fatal!
10
Fumo escuro, céu cinzento,
todo o ar contaminado...
e o ser humano- avarento-
mata e morre sufocado!
11
Jamais fui fiel devoto
mas tenho cá meu santuário,
cultuo ali cada foto
como se fosse um sacrário!
12
Linda turista elegante,
belo jovem refinado,
fazem do baile brilhante
um brilhante "Ano Dourado"!
13
Mãos que sustentam o mundo,
mãos recheadas de amor...
plantam o saber fecundo
são as mãos do professor!
14
Melhor seria que os versos,
com as asas da verdade,
voassem pelo universo
a espalhar sinceridade.
15
Minha paixão malograda,
sufocada entre segredos,
é como nau destroçada
batendo contra os rochedos!
16
Muita gente desvalida,
que labuta como mouro,
vive a escutar na vida
que o trabalho vale ouro.
17
Nesta vida a mocidade,
tal qual roseiras viçosas,
dá botões na flor da idade
antes de encher-se de rosas!
18
Nós somos todos um trem
carregado de ancestrais...
Temos que seguir além
mesmo entre flores e ais!...
19
O sábio é um degustador,
degusta a sabedoria,
“carpe diem” com fervor,
bebe a luz que ele irradia.
20
Quando a cabrocha aparece
descendo o morro sambando,
o povaréu enlouquece,
cai no samba rebolando!
21
Quem semeia entendimento,
jamais colhe tempestade,
esparrama aos quatro ventos
flores de fraternidade.
22
Quem tem prudência na vida
não pensa em “olho por olho”;
as ofensas não revida…
mas põe “a barba de molho”!
23
Quem sozinho se constrói
lapidando cada aresta,
se lasca, se corta e mói
mas tem sempre a alma em festa!
24
Rompamos com todo elo
dos grilhões da escravidão!
A escravidão é flagelo
que mutila o cidadão!...
25
Saudade é como cebola
que se descasca a chorar.
Mas toda mulher que é tola,
vive a cebola a cortar
26
Se, após longa tempestade,
a paz vem a florescer,
recobro a felicidade
do cego que volta a ver...
27
Sobreviver é uma arte.
É driblar a natureza,
tendo a fé como estandarte
e Deus como fortaleza.
28
Toda a noite, quando saio,
vendo o céu luminescente,
sinto a paz que é como um raio
de luar dentro da gente.
29
Um dia paguei um “mico”,
escorreguei no salão.
Não sei se encolho ou se fico
estatelada no chão.
30
Vendo este mundo violento,
irmão a matar o irmão,
pergunto: - Será que há tempo
de Deus nos dar seu perdão?...

sexta-feira, 11 de agosto de 2017

Aurolina Araújo de Castro (1933 - 2004)


1
A beleza em nossa vida
não vem só dos bons eventos,
mas da luta enriquecida
pelos nobres sentimentos.
2
A glória de um jangadeiro
não vem de saber pescar
mas de sair sobranceiro
das tempestades do mar.
3
Além de dar alegria,
a música é solução,
quando se quer companhia
nas horas de solidão.
4
A luz da felicidade
não tem destino qualquer.
Daí a dificuldade
de encontrá-la onde se quer.
5
A nossa felicidade
é fruto deste segredo:
- Honrar a fidelidade
sem aliança no dedo!
6
Aquele que é justiceiro
não faz julgamento vão;
sempre procura primeiro
ouvir a voz da razão.
7
A rosa, pela beleza.
alegra quaisquer caminhos
e dá prova de grandeza,
convivendo com espinhos.
8
A trova, como um veleiro,
transporta minha emoção,
e vai pelo mundo inteiro,
pondo à mostra o coração.
9
Com o evangelho do amor,
sem palmatória na mão,
Anchieta educador
foi grande em sua missão.
10
Cultura é força motriz.
que tem por meta o progresso.
no que a gente pensa e diz
e labora com sucesso.
11
Da saudade a teimosia
só consigo me livrar,
se recorro à valentia
de no pranto a sufocar,
12
Da vida belos segredos
narra o vento todo dia,
nas harpas dos arvoredos,
em forma de melodia.
13
Desfrutam de eternidade
os santos que estão no altar,
cuja ação de santidade
estão sempre a nos mostrar.
14
Dos prêmios que a vida oferta
este nos faz mais cristão:
– Ter sempre nossa alma aberta
pra dar amor e perdão.
15
Enquanto o perdão comprova
a grande força do amor,
o revide nos dá prova
da mesquinhez do rancor.
16
Estrelas em traquinadas,
à noite, brincam nos campos,
quando descem disfarçadas
com a luz dos pirilampos.
17
É tão bela a poesia
que a jangada põe no mar.
que até em hora sombria,
ela nos leva a sonhar.
18
Graças ao sonho e ousadia
de um genial brasileiro,
os aviões noite e dia
cruzam céus do mundo inteiro.
19
Harmonia refulgente,
o sol aquecendo a flor,
unindo tão docemente,
mensagem de luz e cor.
20
Lutando contra a opressão
que exterminava seu povo,
fez Zumbi, com sua ação,
surgir horizonte novo.
21
Mãe, da grandeza singela
do caminho que trilhaste,
guardo hoje, grande parcela
do exemplo que nos deixaste.
22
O brilho da lua cheia
cai suave nos caminhos,
dando a impressão que receia
acordar os passarinhos.
23
O pranto, que a dor revela,
muitas vezes vem provar
que, numa função mais bela,
pode alegria mostrar.
24
Os corruptos e tiranos,
vencendo as suas torpezas,
tornam caminhos profanos
em catedrais de nobreza.
25
O segredo do sucesso
não é querer e esperar.
Sua escalada de acesso
só perfaz quem trabalhar.
26
Posso andar no mundo inteiro,
vendo beleza e pujança,
mas é no chão brasileiro,
onde está minha esperança.
27
Quando o sucesso do irmão
em ti vem causar tristeza,
anula em teu coração
tudo que tem de grandeza.
28
Retenha e nunca distorça
o teor desta verdade:
– Quando a união faz a força.
se extingue a dificuldade.
29
Tem pauta azul infinita
a melodia do mar,
que soa bem mais bonita,
com ajuda do luar.
30
Uirapuru, quando canta,
mostra feitiço invulgar.
A passarada se encanta
e o cerca para escutar.

Adaucto Soares Gondim (Pedra Branca/CE, 1915 - 1980, Fortaleza/CE)

1 Adoro a treva ao açoite do vento que não tem dono: Deus fez o escuro da noite para a carícia do sono. 2 A dor que minha alma corta de mane...