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quinta-feira, 21 de fevereiro de 2019

Dalva de Araújo Sales


Acorrentado e com medo
bem quietinho ao lado dela,
ele aprende desde cedo
que em casa quem manda é ela.

A família indiferente
vai diluindo o aconchego
que existia antigamente,
e que hoje tem novo apego.

A fumaça escura e fria
sufocando a humanidade.
Mas a esperança é que um dia
Um Sol trará liberdade.

Água, tesouro da vida,
não nos falte por favor,
pois a terra ressequida
chora a falta deste amor.

A paisagem se desmembra
na visão hospitaleira.
Uma emoção que nos lembra
a bandeira brasileira.

Assim Deus à nossa frente
postou a felicidade,
ensinando a cada mente
que a seta indica bondade.

Deixando o torrão natal,
o coração apertado,
segue o migrante afinal
tecer o que foi sonhado.

Devoção de mãe parece
mesmo, um amor diferente.
Sempre que o filho adoece,
ela fica mais doente.

Em paz no final do dia,
só nós dois a contemplar
a beleza que irradia
o ouro do sol com o mar.

É Natal, e a multidão
enlouquece na gastança,
esquecendo que a intenção
é adorar Jesus criança.

Existe sempre beleza
nos versos do trovador
que disfarçando a tristeza
põe lirismo em sua dor.

Expondo-se o preconceito,
talvez seja a melhor forma
de mostrar não ser defeito
qual a cor que a pele informa.

Feliz o ser que carrega
para o final da existência,
o orgulho de quem entrega
em paz, a sua consciência.

Infância, quanta beleza
nesta imagem estampada,
a calma da natureza
reflete a paz desejada.

Lua de mel em Paris,
formação de um novo lar,
na recordação feliz
o abajur a iluminar.

Meu coração forte pulsa
lembrando o time da escola
que um dia fui quase expulsa
só porque pisei na bola.

Na corda bamba da vida
segue o filho distraído,
a lua dando guarida,
luz maternal é o sentido.

Na imensidão dos espaços
o nosso planeta azul
é amparado pelos braços
dos anjos de norte a sul.

Nesta visão tão solene,
quando a lua beija o mar,
vejo ali bênção perene
de Deus a nos confortar.

Neste lindo quadro eu vejo
num mar de letras imersos
os abraços que desejo
envolvida nos teus versos.

Num lodaçal despontou
um pé de rosa encarnada...
Nem por isso ela deixou
de ser rosa perfumada.

O céu e mar em harmonia
confundem-se em suas cores;
a aeronave em sintonia
como em suaves louvores.

O vento soprando leve,
perfume de flores no ar...
A primavera aparece
nos convidando a sonhar.

Se com armas presenteias
a criança, sem prudência,
estás pondo em suas veias
o vírus da violência

Se te espero e tu demoras,
o relógio no meu braço
vai crescendo com as horas,
tomando-me todo o espaço.

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2019

Talita Batista



1
A humanidade hoje implora
por gente mais altruísta,
que jogue o egoísmo fora
e do amor jamais desista.
2
Chamando a gente de amigo
tem muita gente que o faz,
mas alguns são só perigo,
jogam malícia por trás.
3
Invadiu-me aquela hora,
constrangimento sem fim!...
Seu coração bate agora
só por outra e não por mim!
4
Joga-nos sempre no abismo
tudo que nos desalinha,
droga não é mecanismo
para um bom final de linha!
5
Nosso coração também
só tem um norte certeiro
quando, sábio, ele retém
ser do bem seu hospedeiro.
6
Para fazê-los brilhar
a mãe sacrifica os filhos,
levando-os a saltar
sobre muitos empecilhos.
7
Pela poesia que fiz,
após a sua partida,
vejo que fui bem feliz...
Até sua despedida!
8
Ser do bem seu hospedeiro,
sendo também altruísta
é mais que ganhar dinheiro
só para quem é artista!
9
Surgem da simplicidade
aprendizagens da vida.
Não é com celebridade
que a lição se consolida.
10
Trapaça, meio ilusório,
de alguém chegar à vitória,
pois entra no somatório
dos erros da nossa história.
11
Ururau, que é encantado,
do sino ele é guardião,
no Paraíba abrigado,
virou uma assombração.
12
Vou viver de fantasia,
nesse mundo que hoje é cão,
pois não imaginaria
você me deixar na mão!...

Adaucto Soares Gondim (Pedra Branca/CE, 1915 - 1980, Fortaleza/CE)

1 Adoro a treva ao açoite do vento que não tem dono: Deus fez o escuro da noite para a carícia do sono. 2 A dor que minha alma corta de mane...