A batata que me serve,
e que me faz tão feliz,
(ao falar, meu sangue ferve...)
é a das pernas da Taís!...
A "bicanca" do Diniz
era mesmo de assombrar,
pois usava o seu nariz
como vara de pescar…
Abraçado na Maria,
empregada bem mulata,
diz à esposa seu Faria:
- Tô descascando batata...
Arranjei uma empregada
tão bonita e tão “certinha”
que não posso fazer nada
sem passar pela cozinha…
A vida sempre nos deu
esta lição invulgar:
- quem espinhos não colheu,
não tem rosas para dar!
Batata fria eu não quero,
mas a extremos não vou não;
não quero ter, nem tolero,
"batata quente" na mão…
Com muita roupa, a Maria,
bons empregos nunca achou,
mas, com patrões de hoje em dia,
sem roupa... já se arrumou…
Como posso viver bem
e seguir o meu caminho,
se vivo só, e ninguém
vem me dar o seu carinho?
Deixo aqui o meu registro,
por viver neste calvário:
- Deve haver muito ministro
com "nariz inflacionário"!
Deus age sempre, querida,
de forma tão generosa,
que a cada espinho na vida,
põe no caminho uma rosa!
Disse um dia a Pedro Cura,
(Edil da Zona da Mata):
"Ministro da Agricultura
devia plantar batata..."
Do seu velho reumatismo,
meu avô só ficou bom
tomando chá de nudismo
das garotas do Leblon…
Em caminhos tão dispersos
encontrei estes valores:
- se a Trova é a rosa dos versos,
a rosa é a Trova das flores.
Este contraste é loucura;
tal pecado não tem nome:
– o rico vive em fartura,
– o pobre morre de fome!
Eu te invejo, jardineiro,
por trilhares tal caminho:
– colhes rosas o ano inteiro
e eu, somente colho espinho…
Foi por mera distração
que ao chegar de madrugada,
fui vestir o meu roupão
lá no quarto da empregada!
Muito bem remunerada,
a empregada do Castanho
era mesmo dedicada...
pois até lhe dava banho!
Mulher bela e sem virtude
é qual rosa sem perfume:
– pouco a pouco desilude,
pois só nisso se resume.
Não há riqueza no mundo
que a brilhar em meu caminho,
valha mais que um só segundo
a sentir o seu carinho.
Não me atrevo em teus caminhos,
junto a ti não chego mais,
pois teus olhos têm espinhos...
ferem mais do que punhais.
No caminho do egoísmo,
que anula quaisquer valores,
cava o homem seu abismo
e se enterra em suas dores.
Nos caminhos porque passas
orgulhosa e indiferente,
vais semeando as desgraças
que colherás mais à frente.
Nosso povo é genial
pois remédio, em sua crença,
é sambar no carnaval,
pra curar qualquer doença.
O gostoso nesta vida,
e bom mesmo, na batata,
é ver, no samba, a mexida
de uma fogosa mulata.
O perfume do seu lábio
eu cantei em verso e prosa:
– Deus é mesmo um grande sábio,
pois o fez cheirando a rosa!
O pobre bem que se vira
nesta vida que o castiga.
Dinheiro? Só de mentira...
Remédio: Nem pra lombriga…
O que pode ser melhor
que guisado com batata?
Ninguém sabe? Eu sei de cor:
- É gingado de mulata...
O vovô não come nata,
nabo, jiló nem purê;
mas baba com a batata
das lindas pernas que vê!
O Zezé que é mau cantor,
morador lá do meu prédio,
disse a mim, que sou doutor:
- Já estou farto de “ré... médio”.
Por não vencer ao lutar
e por viver a sofrer,
o pobre chega a pensar
que o seu pecado é nascer.
Qual uma folha de outono,
morrendo de envelhecida,
quantos morrem no abandono
na primavera da vida!!!
Quando foi comprar remédio,
tão enorme foi seu custo,
que o coitado do seu Nédio
quase que morreu de susto!
Que homem pode ser feliz
e viver somente em paz,
se a sogra põe o nariz
em tudo aquilo que faz?
Quem canta espanta seus males,
e acaba com qualquer tédio;
por isso disse Seu Sales:
- Todo canto tem ré... médio...”
Que me importa seu desdém
neste olhar com tanto brilho?
Afinal há sempre alguém
nos caminhos por que trilho.
Quem só ostenta virtude
e diz isso sempre aos brados,
demonstra em vã atitude
que esconde bem seus pecados.
Quer curar hipocondria
e também seu velho tédio?
Vá depressa à drogaria
ver os preços do remédio…
Remédio que cura o pobre?
Depressa digo e sorrio:
- É o patrão pôr bem mais “cobre”
no seu bolso tão vazio!!!
Seus lábios são como a rosa...
possuem tantos sabores,
que os meus, de forma ardorosa,
são seus fiéis beija-flores!
Tão real foi o meu sonho
numa certa madrugada,
que acordei, todo risonho,
lá no quarto da empregada!…
Tão tarado é seu patrão
que a empregada Soledade
trabalha, por precaução,
com cinto de castidade!
Tomou chá de “catuaba”
aquele velho matreiro,
e a todo instante se gaba:
- Que remédio milagreiro!...
Tu me deste teu carinho
e eu te dei meu coração;
agora choro sozinho
este amor que foi em vão.
Um pinguço narigudo
foi beber e, por desgraça,
do nariz fez um canudo
e se afogou na cachaça!...
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