segunda-feira, 31 de maio de 2021

Luiz Gonzaga da Silva (Natal/RN)


Acostumei-me demais 
ao frescor da tua essência, 
mas aos poucos te afastais 
deixando apenas ausência. 

Acre odor de mata em chama,
fumaça que faz chorar,
meu peito gemendo clama
para a queimada acabar.

A deusa da minha rua
mora bem perto de mim:
– vive a contemplar a lua
que ilumina o meu jardim.

A mulher de meia idade,
madura e bem assumida,
tem a preciosidade
de uma vinha enobrecida.

A nossa fé compartida 
numa promessa de paz 
é como luz refletida 
na pureza dos cristais. 

As flores que me ofereces
perfumando os nossos dias, 
são meu rosário de preces, 
meu buquê de fantasias.

Caminhando nas planuras 
do meu mundo interior, 
eu sublimo as amarguras 
que o destino preparou.

Caminhante, aonde vais,
neste caminhar fremente,
não vês que o mundo não trás 
quietude à nossa mente?

Esta angústia que me invade, 
asfixiando o meu ser, 
amarga mais que a saudade, 
dói muito mais que morrer. 

Nesta vida multiforme, 
em que a sorte vai e vem, 
ainda há quem se conforme 
e só siga a luz do bem. 

Nesta vida tão atroz,
de multiformes percalços,
milhares são os heróis
que lutam de pés descalços.

No meu jardim plantei rosas, 
pensando nos seus carinhos, 
mas as minhas mãos calosas 
colheram só os espinhos.

O pelourinho na praça 
traz um grito do passado: 
grito de dor e desgraça 
de um grande povo ultrajado. 

O sertão está molhado... 
Não de chuva... mas do pranto 
desse povo abandonado 
que a seca castiga tanto!... 

O velho com suas dores, 
vergado ao peso dos anos, 
carrega ainda os amores, 
as glórias e os desenganos...

Passando fome em criança,
privações na mocidade,
será que a tal esperança
resiste à terceira idade?

Segue a vida em seu passar
na corredeira dos anos:
– de salto em salto o sonhar,
– de queda em queda os enganos.

Tua luz suave ilumina
meus passos de caminhante:
– és a estrela matutina,
– eu, o peregrino errante!

Um sonho de juventude
não morre nunca, eu suspeito
pois me assusta a inquietude
que ainda carrego ao peito.

Vivendo sem sul, sem norte,
suportando a minha dor,
sou "antes de tudo um forte"
- sertanejo e trovador.

Vivo na vida sem ninho, 
sem carinho e sem fanal, 
abraçado ao pelourinho 
do meu destino fatal. 

Fonte:
O Trovador

Postagem por Aldhiyb Al' Abyad

Mara Melinni (RN)


1
A amizade verdadeira,
mesmo quando se despede,
fica de qualquer maneira…
Não se compra… e nem se mede…!
2
A ausência é tanta, em verdade,
que a minha desilusão
tem a forma da saudade
e os braços… da solidão!!!
3
A identidade que encobre
cada não e cada sim,
vem da verdade mais nobre
que eu trago dentro de mim…!
4
Ano Novo, quantos sonhos
em ti renovo, tão certo
de que dias mais risonhos
já me parecem mais perto!
5
A passagem mais sofrida,
que nós fazemos a sós,
é ver o alcance da vida
sair do alcance de nós...!
6
As folhas secas de outono,
seguindo, sem direção,
são sonhos que vão, sem dono,
à espera de outra estação.
7
Atravessei todo o espaço
na passagem do teu sim...
E até senti teu abraço
passando dentro de mim! 
8
A união dos nossos sonhos,
como as flores de um jardim,
planta dias mais risonhos
em cada canto de mim! 
9
A velha esquina esquecida
toda enfeitada de flor,
sem querer, fez-se guarida
de nossa história de amor.
10
A vida é palco, onde há canto
de maldade, espanto e dor…
Não há cortina, entretanto,
que feche um palco de amor!
11
Da linda infância de outrora,
guardo os brinquedos diversos,
na lembrança, que hoje mora,
no doce encanto… dos versos!
12
De olhos fechados me alcança
que este mundo desigual,
detém nas mãos a esperança
da justiça social. 
13
De papel, foi meu barquinho,
pelo rio, sem destino…
Mas encontrou, no caminho,
os meus sonhos de menino!
14
Dos gritos pela calçada
a lembrança derradeira…
Hoje a rua, abandonada,
sente saudade da feira!
15
É Ano Novo… Tens a chance
em que a vida tem o preço
de ter tudo ao teu alcance
no sonho de um recomeço…!
16
Espera…! Que eu te proponho,
pois a ausência é triste sina:
- Sê a musa do meu sonho,
que o meu sonho não termina…!
17
É tanta a maldade insana…
Mas cresce, dia após dia,
um grito que nos irmana
pela nossa ecologia!
18
Eu sinto a força da vida
e a mão divina de Deus,
em cada manhã florida,
na aurora… dos versos meus!
19
Eu vi o amor eclodindo
na mensagem de um chamado:
- O mar, despido, sorrindo…
- O sol se pondo… apressado!
20
Foste embora... E aquela imagem,
por teu aceno de mão,
foi bilhete de passagem
sem volta à minha estação...! 
21
Identidade é o segredo
que revela muito mais
do que a marca do teu dedo
e das tuas digitais…
22
Já não chores, madrugada,
que o orvalho, na linda flor,
cristaliza, na alvorada,
tua lágrima de amor!
23
Mais vale amar, sem receios,
numa entrega destemida…
Do que não sentir os veios
da doce fonte da vida!
24
Mar adentro, mundo afora,
a distância aumenta mais…
e enquanto a saudade chora,
um lenço acena no cais.
25
Melodia, um sonho agudo
que eu toco em meu bandolim...
Sem escutar, por ser mudo,
Deus ouve as notas, por mim...!
26
Meu senhor, por caridade,
não me julgue em atos vãos…
Trago a minha identidade
nos calos das minhas mãos.
27
Minha mão, riscando o lago,
enquanto a noite flutua,
procura, num triste afago,
o inútil toque da sua...!
28
Não busco da vida o intento
senão de ser, todo dia,
feliz a cada momento
no meu ninho de poesia!
29
Nas noites de solidão…
— Lua, que embala os amores,
és, em tua mansidão,
a musa dos trovadores!
30
No outono, a folha caída,
que espera o seu triste fim,
revela o quanto, na vida,
é outono… dentro de mim…!
31
Nossas juras semeadas
na infância, de amor risonho…
Inda giram, de mãos dadas,
Na ciranda do meu sonho!
32
Ó, mãe… teu afeto é tanto,
tão angelicais teus traços…
que a vida tem mais encanto
na doçura dos teus braços!
33
O tempo passa, é verdade,
levando tudo o que sou…
mas só não passa a saudade
que o próprio tempo deixou!
34
Por te amar tanto, é que a vida,
embora dure um segundo,
possui o espaço e a medida
das horas todas do mundo...!
35
Quando adormeço, sozinho,
relembrando aquele adeus…
a lembrança é o triste ninho
do calor dos braços teus!
36
Quando a saudade vagueia
pelas noites, nos meus ais,
o encanto da lua cheia
acalma os meus madrigais. 
37
Que a lei, com todo o seu porte,
seja um escudo do bem. ..
E que a justiça do forte
seja a do fraco também!
38
Que a luz da sabedoria
nas justiças sociais,
lembre a balança vazia:
- Com seus dois lados... Iguais!
39
Queimando em silente chama,
a floresta, em triste sina,
caindo ao chão, ainda clama
pela vida... que termina...!
40
Relembrando velhos traços,
por mil recantos dispersos…
eu me perco nos teus braços,
e te encontro… nos meus versos!
41
Rio amigo, quando acordo,
sempre foste tão fiel...
Levando o meu sonho a bordo
dos meus barcos de papel...!
42
Rompeste o mar, sem piedade
e o cais da desilusão,
ancorou minha saudade
no porto... Da solidão...!
43
Saudade – quantos desejos
por esta espera sem fim…
Relembrando os teus arpejos,
hoje sou refém… de mim!
44
Seca: quanta desventura
enche a terra de tristeza!
O homem sofre, mas a cura
vem da própria natureza.
45
Se eu me for, antes de ti…
Levarei, dos nossos traços,
cada noite que vivi
na cortina… dos teus braços.
46
Segue o tempo, indiferente,
pela idade, em despedida…
Passa, mas deixa presente
o doce encanto da vida!
47
Sentindo o temor da idade,
vejo, no amor que ficou,
teu retrato – uma saudade
que o tempo não revelou…!
48
Senti o afeto embalando
aquela linda criança…
No abraço da mãe, ninando,
o seu sonho de esperança!
49
Sereno é quem, sem temores,
faz de sua caminhada,
um jardim cheio de flores
entre os espinhos da estrada!
50
Ser turista, caro amigo,
torna mais leve a bagagem...
E os teus sonhos vão contigo,
seguindo a mesma viagem...!
51
Sob a mesma nostalgia,
a saudade, sem pudor,
sobrevive, todo dia,
à ausência do teu amor!
52
Tanto esperei… E, sem jeito,
fiz daquela madrugada,
a doce musa, em meu leito,
nessa espera amargurada…!
53
Teu amor, na realidade,
Desfaz a minha tormenta
E vive, em cada saudade,
Reprise em câmera lenta...! 
54
Uma família sem teto,
repartia o mesmo pão…
Mas sobrava sempre afeto,
no final da divisão…!
55
Vejo a lua se despindo
do manto da escuridão...
E, nos meus pés, vou sentindo
as suas roupas, no chão...!
56
Velha fonte… O largo antigo…
Sob as ruínas… Num canto…
Hoje tu choras comigo,
Dividindo o mesmo pranto!
57
Vejo no espelho da vida
transpor-se, à luz da saudade,
minha face enternecida
dos tempos da mocidade!
58
Vida: caminho que alcança
na esquina a sua metade;
de um lado, vive a esperança,
do outro, dorme a saudade.

sábado, 29 de maio de 2021

Delcy Canalles (RS)


1
A bonita escadaria
que parece não ter fim,
é um convite à poesia
que existe dentro de mim!
2
A Copa do Mundo é nossa !
E o menino sonhador
chuta a bola, sem que possa,
num sonho louco de amor!
3
A Estação da Primavera
chega linda, colorida,
com muitas flores! Quem dera
fosse eterna em nossa vida!
4
Ah! Santos ladrões! Eu juro!
Estou-lhes agradecida!
Ao me pegarem no escuro,
deram vida à minha vida!
5
A mensagem foi pequena:
- Não me esperes, por favor!
Não chorei. Não vale a pena
chorar por um falso amor!
6
A pedra bruta esculpida
pelas mãos de um escultor,
se for bom, tem quase vida:
qual Moisés e seu valor!
7
Araras azuis voando,
num bailado tão bonito,
são bailarinas dançando
pelos céus do infinito!
8
A renúncia é uma virtude
que, em verdade, purifica;
tão rara, na Juventude
e, na Velhice, tão rica!
9
A Via – Láctea sorria,
deitando luzes no chão...
Era o parto da poesia
na obra da criação!
10
Busquei a Felicidade
e a encontrei certo dia!
Na minha realidade,
ventura é trova...é poesia!
11
Caminhando pelos trilhos
em noites enluaradas,
as estrelas lançam brilhos,
que salpicam as estradas!
12
Cavalgando o "Minuano"
eu sigo em frente, risonho...
Sou tropeirista aragano
que monta o vento do sonho.
13
Cem vezes tu repetiste
que me amavas loucamente...
Cem vezes tu me mentiste
e cem vezes eu fui crente!
14
Conceituar o que é sabor
a quem não tem paladar,
é como explicar a cor
a quem não pode enxergar!
15
Da vida, a melhor idade
definir, eu jamais pude:
se infância ou maturidade,
se velhice ou juventude!
16
É com as mãos da poesia
e um amor grande e profundo,
que os poetas, hoje, em dia,
embelezam mais o mundo!
17
Em vez do vício, a virtude
e, da revolta, a harmonia...
Quisera que a juventude
se drogasse de poesia!…
18
Eis um convite infinito
do mar e céu se encontrando,
num bailado tão bonito,
para quem vai navegando!
19
Em meio a flores lilases,
segue o trem em disparada!
Ó lembrança, tu me trazes
a minha infância. Mais nada!
20
Em meus sonhos de criança,
desejei pescar a Lua
e pus anzóis de esperança
nas poças d'água da rua!
21
Em vez do vício, a virtude
e... da revolta, a harmonia...
Quisera que a Juventude
se drogasse de poesia!
22
Era tão feia a coitada
que, sendo pega no escuro,
logo seria largada
no claro, eu lhes asseguro!
23
Essa corrente partida,
que a foto mostra, em verdade,
é início de nova vida,
é grito de liberdade!
24
Foi num baile. Aquele olhar,
tão profundo e sedutor,
foi a forma de mostrar
toda a grandeza do amor!
25
Jogo redes de ternura
e, na espera, então me ponho...
Pesco peixes de ventura
no lago verde do sonho!
26
Linda a alegria do esporte
em plena terceira-idade!
A presença do consorte
demonstra maturidade !
27
Meus dias, antes tristonhos,
mudaram, hoje confesso,
pois com pedaços de sonhos,
arquitetei teu regresso.
28
Nada há melhor que a leitura,
que nos leva a viajar,
e propicia a ventura
de ir a qualquer lugar!
29
Na formiguinha valente,
a força é multiplicada!
Ela trabalha e nem sente.
Que eu seja, nela, espelhada!
30
Na Ilha da Fantasia,
joguei meus sonhos diversos
e, em bonita pescaria,
pesquei cardumes de versos!
31
Não me deixem isolado
entre os livros de uma estante,
eu quero ser manuseado,
relido e passado adiante!
32
Nesta penumbra doída,
neste mar de densas águas,
joguei a linha da vida
e pesquei somente mágoas!
33
No imenso mar de ternura
eu fiz pescarias novas:
cheguei a pescar ventura
com meu caniço de trovas.
34
Nos Mares da Fantasia
e, em lagos, os mais diversos,
jogando a luz da poesia
pesquei cardumes de versos!
35
O avião, cortando os ares,
risca o céu de sul ao norte,
e o temor me traz pesares,
e eu sofro o medo da morte!
36
O rio chora sozinho,
pois a seca o dizimou...
Seu leito está tão baixinho,
que ele sente que secou!
37
Ó, velhice, eu que temia
que chegasses, de repente,
vivo em tua companhia,
sem notar que estás presente!
38
Para pescar as estrelas,
no espaço azul do universo,
neste Natal, para tê-las,
eu jogo o anzol do meu verso!
39
Para pescar a ventura,
enfrentei um desafio:
joguei iscas de ternura
nas águas claras do rio!
40
Parece até aquarela,
em pintura verdadeira,
a beleza dessa tela
da nossa amada bandeira!
41
Pelos mares do Infinito,
jogo anzóis e redes novas
e, no meu sonho bonito,
pesco cardumes de trovas!
42
Pesquei cardumes de mágoas
nos mares da nostalgia
e vi que o espelho das águas
minha angústia refletia!
43
Que a nossa luz interior
clareie o chão das estradas
para que a Paz e o Amor
sigam juntos, de mãos dadas!
44
Se nós unirmos os braços,
independente da cor,
estaremos dando abraços
alimentados de amor !
45
Sobre um fio, numa rua,
brincavam gato e criança,
sob a luz do Sol ou Lua,
fantasiados de esperança!
46
Sou a seiva da esperança
no seio branco ou de cor!
Eu alimento a criança,
seja a mãe da cor que for!
47
Tendo o céu e o mar à frente,
imagem que impressionava,
um par de jovens presente,
a paisagem contemplava!
48
Uma estranha pescaria
foi minha maior conquista:
pesquei sonhos e poesia
com meu caniço intimista!
49
Uma família bonita,
nos quadros se distribui!
Em fotos, ela é descrita
e o carinho, dela, flui!
50
Um golezinho somente,
do teu licor de ternura,
para minha alma que sente
tanta sede de ventura!
51
Um gostinho de licor
- num tom da cor das amoras -
tinham seus beijos de amor,
embriagados de auroras!

sexta-feira, 28 de maio de 2021

Sady Maurente (1928 - 2004)


Adoeci... e nos teus olhos
grande dor eu pude ver.
Para ver a tua dor,
valeu a pena adoecer…

A fortuna sempre traça
este conceito, isto exprime:
sendo folgada, embaraça;
sendo estreita, nos oprime.

Ao ler as trovas bem feitas
tu sempre algumas me aprontas,
é que as trovas são perfeitas
estrelas de quatro pontas.

Ao notar o bisturi
na mão do médico, o doente
saiu correndo dali
e... salvou-se, finalmente...

As mulheres são fingidas,
são falsas, são tagarelas,
mas triste seria a vida
sem esses defeitos delas.

Às vezes fico a pensar
e não posso compreender:
antes de ter teu carinho,
como é que pude viver?

Às vezes fico bem triste,
pensando em lados contrários,
que a felicidade existe
somente nos dicionários.

Casamento, na verdade,
só por ter um documento
não transmite propriedade,
nem garante sentimento.

Casamento por amor,
mas por amor verdadeiro,
eu defendo com ardor,
se é por amor...ao dinheiro.

Do amor de mãe me socorro
pra dar-te ideia de um fato:
pela minha mãe eu morro,
por ti, minha amada, eu mato.

Este epitáfio curioso,
eu li um dia, entrementes:
“era um médico zeloso,
foi juntar-se aos seus clientes”...

Eu não posso compreender
essa gente de alma fria,
ter coragem de dizer
que não gosta de poesia!

Eu te amava tanto, tanto...
Foste ingrata, injusta, errada!
E agora me causa espanto,
te vejo, não sinto nada.

Fazes que não me conheces
e esse esforço se adivinha:
Não esqueço, nem esqueces,
de que um dia foste minha.

Gostaria de ser forte,
na força do meu talento,
para que ao sumir na morte,
não suma no esquecimento.

Muitos conceitos supremos
em simples quadrinhas cabem,
muitas coisas aprendemos
com aqueles que nada sabem.

Não há no mundo delícia
que se compare com a minha,
quando, com calma e perícia,
eu componho uma quadrinha.

Nas mulheres certas coisas
são das sortes inconstantes:
umas nascem para esposas,
outras nascem para amantes.

O que Catulo dizia
eu torno aqui a dizer:
- Sem o ideal da Poesia
como é triste envelhecer.

O teu amor, reconheço,
vale tanto para mim,
que teve um breve começo
mas jamais terá um fim.

Qual o fogo que consome
o papel, e as cinzas deixa,
deste amor ficou teu nome
como a derradeira queixa!

Qual o poeta de verdade?
É fácil tirar a prova,
é o que põe felicidade
nos quatro versos da trova.

Que ando de amores contigo
dizem aí na cidade;
e eu guardo a mágoa comigo
de não ser isso verdade…

Quero ser crucificado
bem como morreu Jesus,
seja amor o meu pecado,
sejam teus braços a cruz.

Se a lei punisse a pessoa
que com má fé a outra logra,
puniria, com certeza,
a quem nos desse uma...sogra!...

Tenha em mente isto primeiro,
antes de dares teu préstimo:
não te cases por dinheiro,
custa menos um empréstimo...

Tenho visto vícios feios
mas, dos piores na vida,
é aquele que se resume
na garrafa de bebida.

Tua foto com recato,
conservo-a e com devoção,
pois ela é o mesmo retrato
que tenho no coração.

HOMENAGEM AOS MESTRES TROVADORES:

Se é JOSE e se é GUILHERME,
se é ARAÚJO e se é JORGE,
eu digo sem exceder-me,
que é mestre em tudo o que forge!

R. ESTRELA, que é na trova,
um mestre na arte serena,
é professor, eis a prova;
é o FRANCISCO JURUENA.

Por mais que o meu estro cave-o,
me sai um verso infantil:
eis o grande LUIZ OTÁVIO,
Rei da trova, no Brasil.

CAROLINA, por teus versos,
na homenagem verdadeira,
deponho aos teus pés, dispersos
estes RAMOS DE OLIVEIRA!

Fontes:
União Brasileira de Trovadores – Seção Porto Alegre. Olga Maria Dias Ferreira e Sady Maurente. Coleção Terra e Céu vol. XCII. Cachoeirinha/RS: Texto Certo, 2016.

Aparício Fernandes. Trovadores do Brasil, vol.3. RJ: Minerva, 1969.

Vereda da Poesia n. 04

  Uma Trova de Maringá/PR A. A. de Assis Cresce a cidade… que pena… crescendo, perde a poesia; – na rua ninguém me acena, ninguém mais me di...