1
A crise nos invadiu…
pindaíba nacional:
não sei se o real caiu
ou se eu “caí na real”…
2
Amor de perdas e danos,
triste contabilidade:
resgate dos desenganos,
sobras de caixa da saudade!
3
Ao pecador, decaído,
se não podes fazer nada,
estende a mão, decidido,
e ajuda na caminhada!
4
Ao ver a filha enjeitada,
o “coronel manda-chuva”
diz:” – Não quero desquitada:
filha minha só viúva!”
5
A plateia se espantou:
o ator saiu do roteiro,
desesperado, e gritou:
“Meu reino por um banheiro!”
6
A Professora parece
um lavrador a colher
ouro puro em sua messe
no garimpo do Saber!
7
Aqueles a quem indago,
- e a resposta não me vem –
Será que apito de gago
a-pi-pi-ta assim tam-bém?
8
A ratazana e o ratinho
brigaram feio, de fato:
foi ciúme do vizinho,
que, na verdade, era um “gato”!
9
A saudade é, certamente,
sentimento eternizado,
um recado que o presente
manda de volta ao passado!
10
A semente, pequenina,
sob a terra protegida,
é assinatura divina
no grande livro da vida.
11
Até no “terreiro” em prece,
é preguiçoso, o farsante:
quando o “santo” dele desce,
só vem de escada rolante!
12
Brindemos à despedida,
que em nosso gesto imaturo,
ela é a única saída
para um amor sem futuro!
13
Carinhos de filhos, quero!
Fazem bem ao coração:
São frutos do amor sincero;
São frutos da gratidão!
14
Com a bagunça rolando,
sem ter mais o que falar,
chilique, de vez em quando,
bota tudo no lugar!
15
Com tanta delicadeza,
um gato a serra desce…
E eu tenho quase certeza
que a própria serra agradece!
16
Com todo dinheiro em jogo,
seguro não cobre a casa:
marido sempre ‘de fogo”,
e a mulher “mandando brasa”!
17
Das estrelas não esperes
mais que palavras ao vento;
as estrelas são mulheres
que piscam sem sentimento.
18
Deixa a lágrima rolar…
Deixa teu pranto fluir…
Quem nunca sabe chorar
não é capaz de sorrir.
19
De manhã sou funcionária,
à tarde mãe e chofer,
cozinheira, secretária…
À noite, enfim, sou mulher!
20
Desavenças de rotina;
palavras duras ao leito
o casamento termina
quando termina o respeito!
21
Disfarço meu sonho triste
nas cordas do bandolim,
porém o chorinho insiste,
sem querer, fala por mim!
22
Ela tarda mas não falha;
enfrentá-la é meu fadário...
A noite é como navalha
na carne do solitário!
23
Estou só… Mas sou feliz;
vou vivendo mesmo assim:
por escolhas que não fiz,
mas a vida fez por mim!
24
É tão esnobe, tão tolo,
o doutor, entre os decanos,
que até na vela do bolo
põe algarismos romanos!
25
Imagino a cena inteira:
um piano, um vinho quente,
nós dois ao pé da lareira,
e tudo que o amor consente!
26
Marinheiro! Escolhe o rumo!
Porque a vida é um mar errante...
Somente com o barco a prumo
é que se pode ir adiante!
27
Meu destino foi traçado
quando a onda, no convés,
veio forte, e de bom grado,
me fez cair aos teus pés!
28
Morena, que te amo tanto,
e desprezas meus desejos:
deixa afogar o meu pranto
nas ondas dos teus cabelos…
29
Na dança, que pantomima.
Deu-se o maior esculacho:
a moça era “tudo em cima”,
mas não tinha nada embaixo!
30
Não atires ao desterro
o teu irmão que pecou…
É bom combater o erro,
mas não aquele que errou!
31
Nas cartas, sê verdadeiro!
Cuida bem tudo o que dizes:
pois cartas são travesseiro
nas noites dos infelizes.
32
Nas fendas que o sol calcina,
da seca em rude aspereza,
os pingos da chuva fina
são beijos da natureza!
33
Nela é bonito, elegante…
Nele… esquisito, incomum:
gingada é interessante,
Mas não é pra qualquer um !!!
34
No embalo da serenata,
quisera ser como a lua
vestindo com tons de prata
os homens tristes da rua!
35
No lar do pobre indefeso,
relegado em agonia,
esperança é o fogo aceso
na panela ao fim do dia!
36
No refúgio desmanchamos,
quando ficamos a sós,
esses nós que carregamos
no fundo de todos nós!
37
Num concurso de comida,
quem concorreu foi otário,
porque o prêmio, ao fim da lida,
era um vaso sanitário!
38
Num concurso de embolada,
capricharam tanto, os dois,
que a dupla foi premiada
aos nove meses depois!
39
O dentista dedicado,
capricha na dentadura...
Mas não se dá por achado:
capricha mais na fatura!
40
O Poder, às vezes, cega...
e uma injustiça acontece;
mas a vida se encarrega
do castigo a quem merece!
41
O vento leve do estio
espalha as folhas do outono;
e a terra, fofa, no cio,
se entrega aos braços do outono.
42
O vento, zéfiro alado,
cavalga a onda e ponteia:
e a onda, num rendilhado,
vem descansar sobre a areia.
43
Paixão, por quem não esqueço;
(lembrança boa e ruim)
por quem me viro do avesso
e nem se lembra de mim!
44
Qual rio que em seu começo
procura um curso, um regaço,
no teu braço eu adormeço
e me esqueço do cansaço…
45
Quando a inspiração vagueia
à procura de um motivo,
o meu passado passeia
em cada verso que eu vivo.
46
Quando me pego tristonho,
de pensamento disperso,
tiro um sonho de outro sonho,
vou passear no universo!
47
Quando o pecado acontece
por algum amor insano,
o ser humano parece
que se torna mais humano!
48
- Que dança é essa, Maria,
que você se espatifou?
- Nós treinamos todo dia;
desta vez o Rock errou.
49
Quem dera se a vida fosse
mais simples de ser vivida:
nem todo regresso é doce,
nem sempre é amarga a partida…
50
Quem, no rumo desta vida,
se distrai na caminhada
pode acertar na partida,
mas pode errar na chegada.
51
Que tu sejas, nos teus brios,
quando buscares a glória,
altivo nos desafios
mas humilde na vitória!
52
Se é verdadeiro que é o cão
maior amigo da gente,
amigo de comilão
deve ser “cachorro quente”!
53
Segredos, quem não os tem?
Os meus segredos bendigo:
os maus – não conto a ninguém;
os bons – eu guardo comigo!
54
Ser dotado de Razão,
Um homem adulto sabe:
-não há virtude em vão;
-nem vício que não se acabe!
55
Serras íngremes, carpadas,
tão difíceis na subida,
são metáforas caladas
dos infortúnios da vida!
56
Sou fiel e não te nego
este dever que é uma lei:
Não pelo amor que foi cego,
mas pelo “sim” que te dei!
57
Sozinha em meu devaneio,
saudosa no meu queixume,
eu brindo ao vento que veio
devolver-me o teu perfume!
58
Tu chegas de madrugada,
cabisbaixo e sempre mudo…
E o silêncio da chegada,
sem palavras, já diz tudo!
59
Tu choravas... eu partia...
Os sonhos despedaçados;
e a garoa que insistia
em ter meus olhos molhados!
60
Tu lês os versos que eu faço,
e nem sequer adivinhas
o segredo que eu te passo
no espaço das entrelinhas…
61
- Vai um chopinho? É do bom!
- Eu só bebo destilado.
E o otário do garçom
pôs o copo do outro lado.
62
Vejo em frente, ali na praça,
só lixo, trapos e panos;
e, para a minha desgraça,
no meio – seres humanos!
63
Vendo o luxo da cigarra,
que não trabalha… faz “ponto”,
a formiga quer, na marra,
alterar aquele conto!
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