1
A certeza que me encanta
e a ti também, certamente,
é saber que a mãe mais santa
será sempre a mãe da gente!
2
Aplauso é luz de dois gumes...
Cuidado... avisa o teu ego...
O excesso, às vezes, de lumes
transforma o sábio num cego...
3
As veredas de meu ego
são rotas de um labirinto
que quanto mais eu trafego,
mais perto de mim me sinto!
4
Chegar longe é quase nada
para aquele que na vida
faz do ponto de chegada
novo ponto de partida.
5
Com pedrinhas de saudade
uma torre eu construí:
– dentro dela tenho a idade
dos sonhos que já vivi!
6
Coragem mesmo, de fato,
encontro em cada Maria
que da prole, em raso prato,
mata a fome todo dia!
7
Da infância ainda guardo viva
a imagem de um lampião:
– era uma estrela exclusiva
num céu tão perto do chão!
8
De meu pai, desde pirralha,
guardo a lição que hoje entono:
- não há fortuna que valha
a paz que me embala o sono!
9
Disfarcei, com tal destreza,
minha dor e cicatriz,
que até a própria tristeza
pensou que eu fosse feliz!
10
Esta certeza me invade
e a vida nunca a distorça:
- Um sorriso de bondade
convence mais do que a força!
11
Estrela de um brilho régio,
de uma luz que não se esvai;
Luzia - que privilégio!
- foi meu mestre, amigo e pai.
12
Falso amor, ainda me inspira
tantos versos de saudade...
Que importa se era mentira?
Eu fui feliz de verdade!
13
Igual penetra faceiro
meu coração sem juízo,
deita e rola por inteiro
na festa do seu sorriso!
14
Luiz Otávio renova
o perfume que há no verso,
semeando a Rosa da trova
pelos jardins do universo!
15
Meu reino é coisa tão minha,
é meu lar e onde estiver,
nele sou mais que rainha:
– sou mãe,amiga e mulher!
16
Meus sonhos tinham outrora
toda a altivez dos pinheiros,
que a serra da vida agora
vem transformando em madeiros...
17
Meu tesouro é singular,
superlativo e tão pleno...
E, mesmo assim, no meu lar
cabe num berço pequeno!
18
Nana-nenê... Teus caminhos,
mesmo que excedam meus passos,
ainda cabem todinhos
no aconchego dos meus braços…
19
Não condenes o delírio
que atiça as paixões humanas;
não perde a pureza o lírio
colhido por mãos profanas...
20
Não te iluda a fantasia
nem te impressione a bravata:
– há palhaço todo dia
vestindo terno e gravata.
21
Na solidão da sarjeta,
sob a marquise tão nua,
o sono cobra gorjeta
dessas crianças de rua...
22
Nem sempre o tamanho ordena
a nobreza de um troféu:
– na manjedoura pequena
coube um Rei maior que o Céu!
23
No delírio, entre lençóis,
a tua boca encarnada
tem a cor dos arrebóis
invadindo a madrugada...
24
Olho a estrada percorrida
e reconheço, à distância,
que o respeito pela vida
a gente aprende na infância.
25
Palavra é força graúda,
mesmo em pequena oratória.
Um bilhete, às vezes, muda
todo o curso de uma história...
26
Para fugir da saudade
me disfarcei de alegria;
e a danada, por maldade,
pôs a mesma fantasia..
27
Quanta exceção há na regra
que o adeus, às vezes, constrói:
– pois chegar nem sempre alegra
e partir nem sempre dói...
28
Senhor Deus, misericórdia,
se, na soma dos meus dias,
tantas vezes fui discórdia
e não a Paz que querias...
29
Sereno é colcha fluida
que ao cair, abençoada,
cobre a relva adormecida
no berço da madrugada...
30
Siga, filho, nessa graça
da virtude que o distingue:
– seja o brilho da vidraça,
jamais a mão do estilingue.
31
Só o amor sabe de cor
esta divina lição:
– nenhuma ofensa é maior
que a grandeza do perdão!
32
Sou saudade caminhando
pelos pés de uma lembrança,
a todo instante indagando
o porquê de tanta andança...
33
Torno a vida um fardo leve
porque acredito no amor;
sou palhaço que se atreve
a sorrir da própria dor...
34
Velhice é a idade de quem
perdeu o brilho do olhar;
é a vida empurrando alguém
que desistiu de sonhar...
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