segunda-feira, 14 de novembro de 2016

Cláudio Derli


1
Bebia tanto o Liminha,
que causava dó na gente,
pois a sede que ele tinha
era só por aguardente!…
2
Bebo uísque, vinho, rum,
bebo até cachaça pura.
Não bebo por ser bebum,
mas por gostar da tontura!
3
Calma, meu amigo, calma,
nem tudo é assolação;
às vezes, faz bem à alma,
um pouco de solidão...
4
Da Tribuna, manda o aviso:
- Não roubo por ser ladrão,
tampouco porque preciso,
mas por coceira na mão!
5
Discursava um orador...
e o gaiato da cidade...
- A propósito, doutor,
dá chute o “pé de igualdade”!
6
Do bom caminho, “seu” padre,
só me desvio um pouquinho,
pois as curvas da comadre
são "trechos" de mau caminho!
  7
Eis a vida, eis os caminhos...
na missão de precursores:
– o sábio evita os espinhos,
e o tolo... pisa nas flores!
8
Ela diz do namorado,
ao conversar com alguém,
que o rapaz é “bem armado”
mas não dá “tiro” em ninguém!
9
Eu deixo este amor desfeito
e busco novos caminhos,
levando sonhos no peito
e a esperança dos sozinhos!...
10
Foi de muitos...namorada
e o “xirú”: - Mas o que tem?
Mate com erva lavada,
sacia a sede também!…
11
Foi uma infeliz jogada
do goleiro Zé Maria:
– a bola que foi chutada
foi a que ele não queria!
12
Imitando o meu lamento
por quem não me preza mais,
ouço a voz triste do vento
na plataforma do cais!…
  13
Lua de mel...E o Menote
com idade a lhe pesar,
foi com tanta sede ao pote
que acabou por infartar!…
14
Meu sonho de piá desperto,
nas cinzas tardes de outono,
era laçar, campo aberto,
os ventos xucros, sem dono!...
15
Na feira do troca-troca,
o Juca ficou nervoso,
quando ouviu sua “Dondoca”
propondo troca de esposo!...
16
Na "madruga" o patrãozinho
vai ao quarto da empregada,
bate à porta e diz baixinho:
- "É o fantasma camarada..."
17
Os romances me comovem...
E, embora com pé na cova,
“gato” velho vira jovem
nos braços de “gata” nova!…
  18
Porto Alegre me sorri,
vestida de multicores...
Não sou natural daqui,
mas tenho aqui meus amores...
19
Sopra, ó vento, as nuvens rasas,
pelo verde pampa em flor,
transportando em tuas asas
meus sonhos de trovador.
20
Sou irmão dos vendavais,
dos mares que naveguei,
deixando de cais em cais
amores... que conquistei!
21
Tomo a cruz do meu destino
que me cabe, por missão,
sem deixar o desatino
sobrepujar-me a razão!...
22
Tua altivez te desbota
e a própria alma esvazia:
– fazer, da minha derrota
tua maior euforia...
23
Viúva quando assanhada,
apela pro desafogo.
É como lenha molhada 
que chora... mas prende fogo!

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