segunda-feira, 14 de novembro de 2016

Dagmar Aderaldo de Araújo Chaves (1908 - 2002)


1
A minha Rosa querida
perfumada e humana flor,
eu prendi à minha vida
com chaves do meu amor.
2
Amizade que se perde
por motivos tão banais,
não merece ser lembrada,
pois era fraca demais.
3
Anchieta, a sua calma
e o seu exemplo de fé,
eu entrego esta minh’ alma
e a minha vida, de pé!…
4
Eu amo esta luz divina
que da Providência advém,
que a minha mente ilumina
e o meu coração também.
5
Hoje é um dia de festa!
Mais de que festa, é de glória.
Subiu ao céu, Anchieta,
deixando o nome na história…
6
Mesmo sem a luz dos olhos,
todo homem sabe em razão
tirar da vida os abrolhos,
tendo a luz do coração.
7
Meu amigo. Vê se aguenta…
Não posso alcançá-lo, não!
Pois, ao chegar aos oitenta,
já, você é noventão.
8
Mudam o tempo, o costume.
E a grande transformação
não tira o doce perfume
da saudade em gratidão.
9
Não temo a luta renhida.
Vim do Ceará. Sou forte.
Venço os embates da vida
e as garras da própria morte.
10
No dia nove de junho
quando Anchieta morreu,
o mundo deu testemunho
que mais um Santo nasceu.
11
Para o céu irei um dia
e com Jesus, de mãos dadas,
ver que Anchieta – o meu guia
me guiou pelas estradas.
12
Qual um raio de esperança
com futuro promissor,
Ana Beatriz alcança
ao nascer, o nosso amor.
13
Que o Bom Deus com Anchieta
o Apóstolo do Brasil
proteja nosso planeta
com todo amor varonil.
14
Se não fosse um Anchieta,
Padre Cícero Romão,
era de temer a “gang”
e a máfia que aí estão.
15
Sim. Vale a pena viver
com muito amor fraternal
tendo fé e confiança
no Bom Deus Universal.
16
Sou Chaves. E a Rosa presa,
que tenho no coração,
tem o viço da beleza
da nossa longa união.
17
Sou poeta e jardineiro,
domino os versos e a prosa;
mas no meu lar – um canteiro,
pois quem manda mesmo é a Rosa.
18
Tenho dois netos bonitos
e uma filha bem querida:
– São três elos infinitos
que prendem a minha vida.
19
Vendo este mundo de dor,
com violência, sem Norte
peço sempre ao Salvador:
– Paz, amor e boa sorte.
20
Você me chama de velho
por desdém ou ironia;
mas se fosse meu amigo,
“velho amigo” chamaria.
21
Vou desfiando os meus dias
qual as contas de um rosário,
levando as horas vazias
da saudade em meu calvário.

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