1
A cruzinha da estrada,
toda enfeitada de flor,
Faz lembrar-me a doce amada,
que morreu por meu amor!
2
Ah! Se Deus me desse sorte,
de escolher onde expirar,
eu quisera ter a morte,
no abismo de teu olhar!
3
A lembrança mais sentida
que trago nos dias meus,
foi o dia de sua partida,
sem dizer-me um só adeus!
4
Alguém diz que de amar tanto,
vai o homem para o inferno;
Há porém o amor santo,
e também o amor materno!
5
Alguém diz que não esquece
na vida o primeiro amor,
É uma chama que aquece,
a alma do sofredor!
6
A mulher é criticada,
pelos lindos dotes seus;
Do demônio não tem nada,
é a obra prima de Deus!
7
A palmeira solitária,
lá no alto da colina,
já a quase centenária,
pois te vi quando menina!
8
A pérola tão luzidia,
que hoje brilha e reluz,
foi a lágrima de maria,
que correu ao pé da cruz!
9
Aquele beijo envolvente,
de lembrança tão querida,
foi o beijo mais ardente,
que roubei na minha vida!
10
A vida é cheia de males,
às vezes é cheia de dor;
Por isso eu peço que cales,
eu sofro mal de amor!
11
Bate o sino na capela,
na tarde serena e calma;
Quando a vejo na janela,
bate o sino da minha alma!
12
Caminhei muitos caminhos,
Por estradas mil passei,
Só achei dores, espinhos,
Até que eu te encontrei!
13
Chegaste na minha vida,
como ave de arribação,
dei-te agasalhos e comida,
só me deste desilusão!
14
Certa vez eu vi um amigo,
que chorou para morrer!
Até hoje eu não consigo,
a sua lágrima entender!
15
Certa vez eu vi um cego,
puxado por um menino;
Eu tive inveja, não nego,
do gesto do pequenino!
16
Deixaste-me por dinheiro,
e trocaste o meu amor,
por um vil aventureiro,
que não tem nenhum valor!
17
Disse o poeta que a saudade,
é espinho cheirando flor;
Eu penso que é crueldade,
a lembrança de um amor!
18
Diz alguém que eu sou culto,
de carreira promissora;
Deve tudo a um vulto,
minha santa professora!
19
Dizem que o amor é um ninho,
macio igual algodão;
Eu creio ser feito de espinho,
e coça igual tinhorão!
20
Dizem que o homem de idade,
volta a fazer criancice,
claro, pois sente saudade,
do tempo da meninice!
21
Dizem que o mel é doce,
e que tem um bom sabor;
Quem dera que ela fosse,
como os lábios do meu amor.
22
Dizem que para se amar,
deve-se ter coração;
Assim não posso explicar,
por que tu me amaste então?
23
Do milionário, triste sina,
saber que ele vai morrer,
pode comprar a medicina,
e nada lhe vai valer!
24
Essa trova tão singela,
que exprime amargor,
foi composta por ela,
que negou-me o seu amor!
25
Esta vida é banal,
a grande verdade encerra;
O homem que é mortal,
é um transeunte na terra!
26
Eu não posso te querer,
pois sou pobre, sem valor,
vou lutar para merecer,
o teu dote, o teu amor!
27
Eu nunca aprendi a nadar,
e jamais eu quis fazê-lo,
só para um dia afogar,
nas ondas do teu cabelo!
28
Eu quero na sepultura,
onde um dia eu repousar,
este dito de ternura:
Voltarei para te buscar!
29
Eu sei que não posso dizer,
o calor que tem seu olhar,
mas sei que pode ferver
todas as águas do mar!
30
Eu sei que vou padecer,
uma tortura tão louca,
mas não me deixes morrer,
sem antes beijar tua boca!
31
Gameleira mutilada,
que faz sombra pelo chão,
vou vingar a machadada,
que lhe deu aquela mão!
32
Garimpei por entre escolhos,
à procura de um tesouro;
Vi diamantes nos teus olhos,
e nos teus cabelos, ouro!
33
Guardo comigo um queixume,
e jamais pude dizê-lo,
quisera ser vagalume,
na noite do seu cabelo!
34
Há homem culto e bronco,
para nós não é segredo;
Um nasceu para ser o tronco,
o outro simples arvoredo!
35
Há muita gente que insiste,
em só reclamar da sorte;
Mas a pior vida que existe,
é bem melhor do que a morte!
36
Irmã gêmea da tristeza,
e talvez, prima do amor,
a saudade é dureza,
e um peito sofredor!
37
Já tive muitos amores,
no curso da minha vida,
são estes os meus valores,
que levo para outra vida!
38
Meu amor, a minha vida
está toda condenada;
Sou a triste ilusão perdida,
um vulto só, e mais nada!
39
Meu laço de fita verde,
de tão velho desbotou,
esperando na parede,
um amor que não voltou!
40
Meu querido arvoredo,
meu destino agora é seu,
você sabe o meu segredo,
foi aqui que aconteceu!
41
Minha mãe, quando nasci,
contemplou-me a chorar,
desde então sempre segui,
o fulgor daquele olhar!
42
Muito eu já tenho rogado,
se não lhe desse desgosto,
eu quisera ser enterrado,
na covinha do teu rosto!
43
Não permita o meu fado,
que eu morra de solidão,
deixe que eu seja enterrado,
dentro do teu coração!
44
Não sei dizer o que sinto,
quando beijo aos lábios teus;
Para mim, juro, não minto,
é a maior graça de deus!
45
Não sei porque tu me olhaste,
se eu não posso te amar;
Por acaso já pensaste,
como fere o teu olhar?
46
Na vida há muita gente,
que nos sorri de alegria;
Por dentro é diferente,
é tudo hipocrisia!
47
Nem sempre a rara beleza,
felicidade irradia;
Carinho e delicadeza,
é que nos traz simpatia!
48
Nesta vida muita gente,
sofre muito por amar,
minha dor é diferente,
eu só quero te deixar!
49
O homem que tem juízo,
e bondoso de coração,
responde com um sorriso,
as afrontes que lhe dão!
50
O homem vive em carreira,
numa luta insofrida;
Tudo! De qualquer maneira,
chegará ao fim da vida!
51
Olhai as aves do céu,
não plantam, não sabem ler,
vivem felizes ao léu,
e deus lhes dá o que comer!
52
O olhar que tem mais brilho,
e penetra mais profundo,
é o olhar da mãe pro filho,
quando este vem ao mundo!
53
O ser mais rico que existe,
aqui na face da terra,
a sua riqueza consiste,
em sete palmos de terra!
54
Os lírios níveos do mato,
que vicejam na solidão,
tem muito mais aparato,
que as vestes de Salomão!
55
Os prazeres indizíveis,
que adornam o meu passado,
são dias inesquecíveis,
que vivi, só a teu lado!
56
Por ambição eu deixei,
minha mãe, anjo de luz;
Hoje, saudoso voltei,
e só encontrei sua cruz!
57
Por que choras passarinho,
à hora do pôr-do-sol?
Eu também estou sozinho,
ó meu triste rouxinol!
58
Quando eu não mais existir,
e talvez só cinzas for,
creio que alguém há de sentir,
saudades do trovador!
59
Quando miro nos teus olhos,
às vezes fico pensando,
se olho verdes abrolhos,
ou se eles estão me olhando!
60
Quando vejo um beija-flor,
nas roseiras do jardim,
corro e beijo o meu amor,
que também perfuma assim!
61
Quisera com emoção,
feliz, carregar-te em dia
na palma da minha mão,
onde teu nome inicia!
62
Quisera ser passarinho,
para voar na amplidão,
e depois, pousar de mansinho,
na palma de tua mão!
63
Relógio da minha vida,
por que disparas assim?
Para que tanta corrida,
se tem que chegar ao fim?!
64
Saudade levo comigo,
contigo deixo também,
a saudade é o inimigo,
mais cruel que a gente tem!
65
Se eu parar de fazer trova,
por faltar inspiração,
quero do doutor a prova,
que morri foi de paixão!
66
Sem pensar e sem maldade,
eu esbanjei gastando à bessa,
um tesouro, a mocidade,
que acabou-se tão depressa!
67
Se o mundo fosse um canteiro,
e você fosse uma rosa,
eu queria ser jardineiro,
para beijá-la, cheirosa!
68
Se pudesse o meu destino,
conceder-me uma esmola,
eu quisera ser um menino,
pra voltar à minha escola!
69
Se quiseres ver ao certo,
um oásis de bonança,
observe bem de perto,
os olhos de uma criança!
70
Se você ver a alvorada,
quando vai romper o dia,
é uma sombra desbotada,
da beleza de Maria!
71
Sofro muito e me consolo,
porque tenho esperança,
de deitar-me no teu colo,
e dormir igual criança!
72
Teve a boa mãe natureza,
com você carinho e gosto;
Deu-lhe uma rara beleza,
e linda pinta no rosto!
73
Tenho sido humilhado
muita dor meu peito encerra;
Bem diz o velho ditado;
ninguém é rei em sua terra!
74
Tinha tudo e me casei,
minha mãe ficou chorando,
até hoje não encontrei,
o que estava procurando!
75
Todos tem o seu destino,
até o rio que corre,
mas o pobre peregrino,
só no dia em que ele morre!
76
Trouxe saudade, desgosto,
da terra onde nasci,
mas sepultei-as em teu rosto,
tão logo, te conheci!
77
Uma coisa neste mundo
que o meu coração palpita,
é dormir sono profundo,
no colo de moça bonita!
78
Vim para matar saudade,
consolar meu coração,
hoje volto pra cidade,
mais pesado de paixão!
79
Vou lhe dar o seu presente,
é tão lindo e delicado,
feito de couro reluzente,
um rico anel de noivado!
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