segunda-feira, 6 de fevereiro de 2017

Therezinha Tavares


1
Ao tirar da noite a manta,
a alvorada traz fulgores,
o dia então se levanta
espreguiçando em mil cores.
2
As emoções esquecidas
da minha vida passada,
são as estrelas perdidas
nos sonhos da madrugada.
3
A vovó pede socorro
ao ver um vulto passar.
Eu de susto quase morro...
sinto o vulto me apalpar!
4
De águas passadas de um rio,
das saudades que eu não quis
guardei um álbum vazio
da viagem que eu não fiz.
5
Deixaste meu coração
abandonado, sem voz...
veio o nada... e a imensidão
fez a distância entre nós!
6
Do céu surgiu bela imagem
não sei se rainha ou santa,
mas não passou de miragem,
se desfez, não mais encanta.
7
É esquisita a sua tia,
tem mania bem estranha:
lava os pés numa bacia,
a mesma em que faz lasanha!
8
Foi um caminho perfeito
de poesias e flores...
Acabou-se, está desfeito,
nem há mais fonte de amores!
9
Não desisto da conquista
do teu afeto e carinho,
já deixei exposto à vista
um feitiço em teu caminho.
10
Não te esqueço eis a verdade,
sempre em mim estás presente;
tua ausência é uma saudade
sentida constantemente.
11
Na travessia da vida
fiz jornadas corajosas,
não deixei trilha esquecida,
na passagem deixei rosas.
12
Na tristeza do meu pranto
na beleza e na alegria,
em minha alma, lá num canto,
vive sempre a poesia.
13
Nunca perca um só momento,
não leve a vida vazia,
não maltrate o sentimento...
eis o conselho do dia.
14
O luar, o sol nascente,
riacho... sorriso... flor...
Poesia é simplesmente
o coração com amor!
15
Pelo amor que vive em nós
e o bem que a ti sempre quis,
sempre creio em tua voz
e em tudo que ela me diz!
16
Perco a paz...não a retenho,
tonteio..fico sem norte,
se o equilíbrio não mantenho,
na minha emoção mais forte.
17
Portos abertos ao mundo...
Banco, imprensa, academias...
D.João mudou a fundo
o Brasil daqueles dias.
18
Quando o sol lá no poente
anuncia o entardecer,
procuro o amparo silente,
dou descanso ao meu viver!
19
Quem passa a noite ao relento
e se entrega ao deus dará,
joga a própria vida ao vento
não sabe o fim que terá.
20
Se falas do amor em nós,
não ouço...duvido sim!
Há ciúme em viva voz
gritando dentro de mim.
21
Todo mundo já sabia
dos velhos pecados graves
que certo padre escondia
em segredo a sete chaves.
22
Uma folha ressequida
dentro de um livro guardada,
hoje é resquício sem vida
de amor... poeira de nada.
23
Vem receber meu carinho...
Vem acolher meu afeto...
Ouve este apelo mansinho
que não aceita teu veto.
24
Vê passar o seu vizinho,
e a mulher sente revolta
do suspiro, bem fininho,
que o marido dela solta.
25
Vivendo sem direção
sou pluma no céu, perdida,
seguindo meu coração
ávido... buscando a vida!

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Cézar Augusto Defilippo (Zé Gute) Trovas em Preto & Branco

  1 Ao ver-te mãe, insegura, percebo em meio à pobreza que o teu olhar de ternura tem muito mais de tristeza.  2 Canoeiro chora ao marco da ...