domingo, 5 de fevereiro de 2017

Tobias de Sousa Pinheiro (Brejo/MA, 1926 - 2019, Engenheiro Coelho/SP)

1
A felicidade, em norma
bem acertada, nos diz:
- se és infeliz, te conforma,
que o conformista é feliz.
2
A lembrança é muito boa,
recordar não nos faz mal,
desde os banhos da lagoa
às goiabas do quintal.
3
Aprendi co’um poeta persa
que o silêncio é grande assunto:
quando não quero conversa
não respondo nem pergunto.
4
As coisas não andam pretas
como dizem por aí:
ainda existem borboletas
na blusa da Sueli.
5
Cantor do Brejo que eu canto,
às canções dás o fulgor
que deita em meus olhos, pranto
e em meu coração, amor.
6
Com qualidade total
o Brejo há de ser, Eugênio,
a cidade vertical,
voz do terceiro milênio.
7
Do pensamento não foge
o Brejo nesta distância:
penso nos jovens de hoje,
e nos problemas da infância.
8
Economizo a saudade
e me chamam de avarento;
guardo minha mocidade
no cofre do pensamento.
9
E no cofre da memória
guardei as suas lições:
a base de minha história
é o livro Recordações.
10
Entre cochilos e arrancos
de sonhos e pesadelos,
deito meus cabelos brancos
na noite dos teus cabelos.
11
É o peso de uma saudade
que trago dentro de mim,
os recantos da cidade
e o Bairro do Bandolim.
12
E, se a previsão não erra,
após tão difíceis dias,
vão dizer que o Brejo é a terra
do Eugênio e do Tobias.
.13
Jornalista, não confundo,
tem destino muito ingrato:
vive a promover o mundo
e morre no anonimato.
14
Lá vejo a célula-mater
de uma vida em linha reta,
na firmeza do caráter
para a vitória completa.
15
Lições de vida e de amor,
lições de fé e esperança,
dadas por meu professor,
quando eu era uma criança.
16
Mato Grosso, escuto o som
de teu batuque febril:
– A terra que deu Rondon
nada mais deve ao Brasil!
17
Meu Caro Eugênio de Freitas
glória a teus “Sonhos em Rimas”,
são eles grandes colheitas
nos campos das obras-primas.
18
Morre um ano, nasce um ano,
e vem à nossa lembrança
a morte de um desengano
e a vida de uma esperança.
19
O país vai prosperando,
crescendo e exibindo provas.
São dez milhões trabalhando
e o resto fazendo trovas.
20
O reflexo dos espelhos,
da orientação e do apoio
resplende como conselhos,
é o trigo isento do joio.
21
Padre José Paulo Salles,
minhas palavras tão rudes
buscam entre acerbos males
os alpes de suas virtudes.
22
Quando penso em meu destino,
sempre recordo um pião
a girar, em desatino,
na palma da tua mão.
23
Recordações! Com que brilho
no meu coração enjaulo
lições do preclaro filho
de São Vicente de Paulo.
24
Sonho em ver labor fecundo,
crença, amor, paz e união:
Brejo - um espelho do mundo
e a glória do Maranhão!
25
Vacilo pisando escolhos,
quis prosseguir, mas em vão:
nunca mais terão meus olhos
o espelho que os teus me dão.
26
Vê que arrasto os passos lentos
por onde estes sonhos vão,
com o Brejo dos documentos,
com a terra em meu coração.

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