domingo, 22 de janeiro de 2017

Vidal Idony Stockler (1924 - 2014)


1
Abelha vai se achegando,
ao zangão, seu encantado…
mas ele diz confessando:
eu não fui “bem programado”.
2
Abraço a sabedoria,
pelo caminho, sorrindo,
eternizando alegria
nesse caminhar tão lindo.
3
Abraço, linda maneira,
de transmitir o calor,
da bela luz verdadeira
cheia de paz e de amor!
4
A brisa afaga a ramagem
leva o perfume e canção;
gotas de orvalho desprendem
em descida para o chão.
5
A cigarra canta e fala
na floresta do sertão,
nos folguedos não se cala,
porque gosta de canção.
6
Adeus é forte tensão,
tido com raro vigor
e machuca o coração
mas tem a força do amor!
7
Adeus, lágrima que brilha,
vestida com forte dor!
A fé e luz compartilha
dando a paz da linda flor!
8
A lembrança de repente
se consagra na emoção
de alegria comovente
que nos fala ao coração.
9
Alma linda esplendorosa,
forte luz do pensamento,
perene, maravilhosa,
tem o brilho por sustento.
10
A memória traz lembrança
de vivência tão querida
desde os tempos de criança
aos demais dias de vida.
11
Ante aplausos da menina
na restinga do sertão,
rolam as águas da mina
cantando sua canção.
12
As águas com alegrias
percorrem os seus caminhos,
pássaros com melodias
extravasam seus carinhos.
13
As águas dançam no rio,
festejam ida pro mar,
haja inverno, haja estio,
com o sol ou com luar.
14
A semente livre dorme,
dorme num  manso esplendor,
seu poder é sempre enorme,
acorda, volta a ser flor.
15
A tapera que outro dia
só vivia festejada
hoje curte nostalgia…
só cantar… da passarada.
16
A tarde chegando ao fim,
o crepúsculo a se impor;
a noite aparece assim…
lua, estrelas, esplendor!
17
A tarde tranquila e calma,
os pássaros a cantar,
há doces enleios n’alma,
melodias de ninar…
18
Chuá, chuá, lindo tom,
cachoeira a murmurar,
no seu esplêndido som,
dia ou noite de luar.
19
Correm águas do riacho,
cantam aves na campina,
as uvas formam o cacho
e esmeraldas vêm da mina.
20
Desponta no horizonte,
com o brilho sem igual,
o sol, a mais pura fonte
de força transcendental.
21
Diz-se que o poeta não morre,
uma assertiva bonita!
Verdade que não ocorre,
mas é mentira bendita!
22
Do passado, só saudade
e não há outro caminho,
mesmo tendo liberdade
não se volta àquele ninho!
23
Escorre água da cascata,
com sua bela brancura
e grita na orla da mata
a pernalta saracura.
24
É só da noite o luar;
dos pássaros, os gorjeios;
é do dia, o ensolarar,
mas do homem, os receios.
25
Eu rebusco água da mina
pra minha sede matar
e encontro linda menina
que faz a fonte cantar!
26
Eu rememoro a saudade
de minha mãe, as carícias:
serena necessidade
de seu carinho e delícias…
27
Eu sonho no meu viver
e vivo no meu sonhar…
Na saudade o reviver,
no presente o caminhar…
28
Florescência do rincão
com aurora enluarada
cobre as matas do sertão
e a cabana abandonada.
29
Fonte d’água cristalina,
vapores soltos no ar,
beijam a bela menina
que desabrocha a cantar.
30
Lembranças, ricas lembranças,
volta e meia veem a mim
dos bons tempos de crianças,
saudade…que não tem fim !
31
Lembro da mãe a ternura,
inda criança em seus braços;
hoje vivo a desventura,
sem calorosos abraços.
32
Lenço branco desdobrado,
acenando com amor,
em adeus lacrimejado
como os orvalhos da flor!
33
Lépida abelha engenhosa
carrega o néctar e voa,
é mansa e muito mimosa
porém, se apertar, ferroa.
34
Louve a Deus o criador,
do mar, do sol e da terra
e da vida em esplendor
que tanta beleza encerra.
35
Mãe! A doçura querida,
serena amabilidade,
legou-nos a própria vida
a paz e a felicidade!
36
Marumbi serra do mar,
cúmulos e cirros há;
é imponência secular
nas terras do Paraná.
37
Mesmo no sereno adeus,
em viagem de despedida,
rebrilham nos olhos seus
lágrimas de ação querida.
38
Na bateia das poesias
lindas pedras coloridas,
vislumbram em alegrias
e enfeitam as nossas vidas.
39
Na colmeia só rainha,
tem abraços dos zangões;
as operárias “tadinhas”
choram faltas de afeições.
40
Na floresta da poesia,
a trova canta feliz;
encanta pela magia
e também pelo que diz.
41
Na plenitude da paz
em manhã ensolarada
a leveza bem se faz
no cantar da passarada.
42
Nas campinas, em florada
leve brisa toca o chão
e com voz aveludada
o sabiá dobra canção.
43
Nas praias, brancas areias
limitam águas do mar,
nelas dançam as sereias
tal qual a brisa a rodar.
44
No silêncio da floresta,
forte, ereto, sobranceiro,
a beleza bem atesta:
é o nosso rico pinheiro.
45
No jardim a branca palma,
de perfume tão profundo…
Beija-flor com toda calma,
inspira... sou rei do mundo!..
46
Numa riqueza sem fim,
nasce a força da bondade,
como as flores do jardim
na sua simplicidade!
47
O barco singra no mar
caminhada de lazer,
sob as luzes do luar,
flutuar é seu prazer.
48
O flerte de tempos idos,
olhares bem distanciados,
mas hoje, abraços unidos
e muito e muito apertados.
49
Olhos são janelas d’alma
a mostrar os bons caminhos
estruture vida calma
evite pisar espinhos.
50
Olhos são os brilhos d’alma,
as essências são das flores
brancura da linda palma,
jardim de ricos primores.
51
O macuco canta as horas
em que o tempo vai andando.
Deixa atrás velhas auroras,
mas continua cantando.
52
Ouça o murmurar das águas
e o cantar da suave brisa;
jogue fora suas mágoas
e tenha a paz por divisa.
53
Risos, fogueiras, quentão,
mulheres, moças, meninas,
músicas, danças, pinhão.
Toques das festas juninas.
54
Robusteça a vida calma
no decorrer da existência
projete a justiça n’alma
e vencerá por prudência.
55
Rolam as águas da altura,
denominadas de chuva,
para ficar na secura
use capa ou guarda-chuva.
56
Saudade, novo pensar,
um pensar do que passou,
querendo até resgatar
a beleza que ficou!
57
Seja estrela sorridente
no seu modo de viver,
e com força transcendente
faça o bem acontecer!
58
Sorriso música d’alma
carregado de carinhos
vai mantendo a doce calma
com flores pelos caminhos.
59
Tenha sempre vida calma,
praticando sempre o bem
e pondo doçura n’alma,
dos anjos receba amém.
60
Ternura do coração
verte n’alma linda luz
trazendo grande emoção
que a vida sempre produz.
61
Tranquila e linda lagoa
é rico espelho a brilhar,
quando chove, canta, entoa,
louvor às águas do ar.
62
Verte lágrima contida,
quando enfrentamos o adeus,
é a saudade já nascida
instituída por Deus!
63
Vê-se lágrimas rolando,
num adeus de despedida,
o cruzeiro vai zarpando
lenços falam na saída.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Cézar Augusto Defilippo (Zé Gute) Trovas em Preto & Branco

  1 Ao ver-te mãe, insegura, percebo em meio à pobreza que o teu olhar de ternura tem muito mais de tristeza.  2 Canoeiro chora ao marco da ...