sábado, 25 de fevereiro de 2017

Dáguima Verônica


1
A expressão dos sentimentos,
no  compasso da canção,
transfigura  os movimentos
em magia e sedução.
2
Amor, senhor da utopia;
Tempo, senhor da razão.
Mas, nessa eterna porfia,
sempre vence o coração.
3
Ao soltar pipa, a criança
desata as peias do sonho
e acende a luz da esperança
para um futuro risonho.
4
Coração duro, fechado,
prenhe de angústia e rancor,
constrói cárcere privado
com grades feitas de dor.
5
Coração, vê se te aquieta
não bebas desse pecado,
cuidado, que ele é poeta...
não fiques apaixonado!
6
Da minha terra encantada
eu guardo a estação mais bela,
o canto da passarada
e os meus sonhos de janela!
7
Deixaste sobre o deserto
pegadas de tua andança;
o vento virá, por certo,
dissipar qualquer lembrança.
8
Desafiando a ciência,
superando meus fracassos
eu quebrei o elo da ausência
só para ter-te em meus braços!
9
Desde as janelas de outrora
ao mais novo monitor,
da noite ao romper da aurora,
corremos atrás do amor.
10
Destemida, aventureira,
meu destino é caminhar;
Não tem ponte nem porteira
que eu não possa atravessar.
11
Deus, o Artista, se revela
e sua obra prima alcança
na amizade mais singela,
no abraço de uma criança.
12
Dois amigos, um caminho...
Uma história de amizade;
num contexto de carinho
constrói-se a felicidade.
13
Duas taças, dois amantes,
roupas jogadas no chão...
Velhos lustres, tremulantes,
testemunhas da paixão.
14
Em pensamentos risonhos,
naveguei pelos espaços
numa gôndola de sonhos,
feliz cativa em teus braços!
15
Enfrento o escuro da noite
singrando os mares da lida
e a solidão, feito açoite,
me lança aos braços da vida.
16
Entre a multidão imensa,
eu vejo pelas calçadas,
solidão e indiferença
caminhando de mãos dadas.
17
É setembro! É Primavera!
Deus, o artista das mudanças,
em seu ofício se esmera
para alegrar as crianças.
18
Eu perco o chão dos meus pés
num rodopio em teus braços!...
Em degradê ou viés
o amor vai tecendo laços.
19
Farol altivo que guia
o meu barco,  a navegar,
rasgue o véu da nostalgia,
faça o meu amor voltar!
20
Folhas migradas de outono,
tais quais meus sonhos trincados,
vagam pelo chão, sem sono,
à demanda de outros prados...
21
Gerando empregos, divisas,
a floresta exuberante
move o mundo das pesquisas,
dá vida a cada habitante.
22
Jamais se perde o contato
de um lar se, sobre a mobília,
existe um porta-retrato,
que imortaliza a família.
23
Jorra a luz feito cascata,
pelas mãos do Criador,
quando a lua, Eros de prata,
abre a janela do amor.
24
Mãos que se irmanam nas lidas,
dos irmãos sanando os ais,
embora não parecidas,
pelo amor tornam-se iguais.
25
Meu amor, não me abandone
que as lembranças me devassam
e eu passo as horas insone
nessas horas que não passam...
26
Meu verso é barco largado
na pauta da inspiração;
tendo Deus sempre ao meu lado
não temo nem furacão!
27
Na corda bamba da vida,
eu  venci! O meu segredo?
Foi, sob a  pressão da lida,
derrotar meu próprio medo.
28
Não desista ante empecilhos
que o segredo é acreditar;
quem corre a favor dos trilhos,
cedo ou tarde há de chegar!
29
Não recue ante a fileira
de tantas portas fechadas,
que a persistência é a bandeira
que as tornam escancaradas!
30
Não se compra, tendo em vista
que não se vende alegria;
felicidade é conquista
que se faz no dia a dia.
31
Não se quede ante as mazelas,
seja terno e pertinaz,
que  caminhos são janelas
que conduzem  para a paz.
32
Não teme, nunca, o amanhã
quem toma a nobre atitude
de guardar na alma anciã
os sonhos da juventude!
33
Nas mãos ungidas por Deus,
repousa o Espírito Santo
mostrando, a crentes e ateus,
que é tempo de um novo encanto.
34
Na tarde que se desfaz
borda, o sol, rendas no mar
com linhas de amor e paz
para o meu sonho enfeitar.
35
No emaranhado das linhas,
pelo avesso desta lida,
descobri, nas entrelinhas,
Deus bordando o chão da vida.
36
Noiva mineira exigente,
do tipo que não debanda,
traz o noivo na corrente
só para mostrar que manda!
37
No silêncio do meu grito
ouço a voz da solidão...
Nos meus versos deixo escrito
como está meu coração.
38
Nos vagões de um mesmo Trem,
por sobre trilhos em flor,
sou peregrina do além,
sou mensageira do Amor!
39
Numa rede um sonho a dois
sob as cores do arrebol:
— Fazer amor e depois
deleitar-se à luz do sol.
40
O céu pinta de esperança
o cenário da injustiça:
- Meu  Brasil, desde criança,
explorado por cobiça.
41
O meu tema preferido
 é trovar minha saudade,
dessa forma faz sentido
minha “ausência” na cidade.
42
O passado e seus escombros
de preces que a Deus eu fiz.
Um vazio sobre os ombros
dos sonhos que Ele não quis.
43
Pedi a Deus, tanto, tanto
que a resposta Ele me lança:
– A saudade enxuga o pranto
no grosso véu da esperança!
44
Poluição, violência e medo...
O Planeta pede aliança:
desenhe um sol no rochedo,
acenda a luz da esperança!
45
Prego o bem por onde passo,
paz e amor semeio ao léu
e em cada trova que faço
chego mais perto do céu.
46
Presente na mente sã,
a diversidade é bela!
Parece o sol da manhã
desenhando uma aquarela.
47
Quando a minha inspiração
se retira e vai embora,
eu procuro a solução
descobrindo onde ela mora.
48
Quando pensei que eras meu
- no poder daquele olhar -
o imprevisto aconteceu:
– Era filme o meu sonhar!
49
Quem da luta tira o pão
trabalha feito formiga,
pois sabe que o pobre irmão
depende da mão amiga.
50
Quem já foi um prisioneiro
- se não der uma guinada
permanece em cativeiro,
mesmo a porta escancarada.
51
Que mundo maravilhoso
e em verso deixo meu grito:
- É Deus, pintor primoroso,
pondo cores no infinito!...
52
Quero envelhecer sem medo,
arrolar-me  na esperança.
Das rugas não ter segredo...
Ser na vida uma criança!
53
Seja em qualquer situação
- com fartura  ou sem guarida -
basta amor e uma canção,
para  transformar a vida!
54
Se perder o chão dos pés,
não chore, pois, em verdade,
muitas vezes num revés
se encontra a felicidade.
55
Sou feliz, estou amando!
Minha vida é só cantar,
na chuva vivo bailando
nos braços do verbo amar.
56
Trabalhe sobre si mesmo,
fazendo da alma cinzel.
Quem não leva a vida a esmo,
vence a luta mais cruel.
57
Tuas cartas eu rasguei,
recortei em mil pedaços,
cada bilhete eu colei
desenhando os teus abraços.
58
Um pequenino poema,
das artes, a mais formosa;
a trova é mais que um emblema:
– é uma crença religiosa!...
59
Voando sobre a amplidão
qual belo cartão postal,
araras em extinção,
pedem vida ao Pantanal.

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