quinta-feira, 23 de fevereiro de 2017

Filemon Francisco Martins


1
A distância é que nos mata
pois logo vem a saudade;
saudade – presença ingrata
da antiga felicidade.
2
A felicidade é um sonho,
- por que deixar pra depois?
O amor é sempre risonho
na vida vivida a dois.
 3 
Aquele beijo de Judas
no cenário da traição,
revela que as trevas mudas
podem trair nosso irmão.
4
Cai a chuva na vidraça
e eu fico triste, porque
não há beleza nem graça
nesta casa sem você.
5
Céu azul, todo estrelado,
sorrindo, ao clarão da lua,
e o meu peito, apaixonado,
a chorar a ausência tua.
6
Ciúme é cuidado e zelo
que temos do nosso bem,
pois não queremos perdê-lo
para os olhos de outro alguém.
7
Como é bom viver à toa
e sempre fazer o bem,
que a Natureza abençoa
quem vive em Itanhaém.
8
Criança és flor, és bonança
espargindo luz e amor,
porque trazes a esperança
de um futuro promissor.
9
Criança, teu riso é tudo,
traz um brilhante porvir,
se amparada com estudo,
o mundo volta a sorrir.
10
“Das coisas belas da vida”
que colhi, em profusão,
eis a mais nobre e querida:
em cada TROVA um irmão!
11
Da vida não quero a glória
que tanto engana e seduz.
Prefiro não ter história
a renunciar minha cruz.
12
De manhã, sinto o perfume
das flores no meu jardim,
e um beija-flor – que ciúme,
chegou bem antes de mim.
13
Do fruto vem a esperança,
depois da bonita flor.
Assim também a criança,
depois de um florido amor.
14
É Natal! Nossa Esperança
de ser bom, fazer o bem,
nasce com aquela criança
na manjedoura em Belém.
15
Eu sinto nos braços teus,
um carinho, um aconchego,
e me torno um semideus
vivendo em paz, no sossego.
16
Falando de amor, Maria,
que saudades sinto agora
daquela doce alegria
que em teus olhos vi outrora.
17
Gosto da vida pacata,
homens simples dos sertões,
pois vejo usando gravata
por aqui muitos ladrões.
18
Meu peito canta, sorrindo,
ao ver o clarão do dia,
enquanto a noite fugindo
deixa rastros de alegria.
19
Minha mãe – como eu quisera
do meu amor dar-te prova,
e o meu carinho – pudera
enviar-te numa TROVA.
20
Não julgue pela aparência,
não condene sem saber;
às vezes com paciência
algo bom temos de ver.
21
Nenhum poema é mais belo
e inspira tanta esperança
do que um sorriso singelo
no rosto de uma criança.
22
No livro da NATUREZA
as lições são sem iguais.
Tenho, por isto, certeza
que é onde se aprende mais.
23
No meu balaio carrego
sonhos de amor e venturas,
mas muitos sonhos, não nego,
se tornaram desventuras.
24
No teu sorriso, criança,
vejo o mais belo perfil,
porque tu és a esperança
do futuro do Brasil.
25
Quantas noites, meu amor,
olhando, no céu, a lua,
eu me sinto um trovador
pensando na imagem tua.
26
Quem conversa sem saber,
querendo ser sabichão,
cuide, que vai receber
severa repreensão.
27
Que o teu futuro, criança,
seja de luz e esplendor,
vislumbre de confiança
no mundo do desamor.
28
Segue uma estrada florida
quem, na verdade, tiver
a glória de ter, na vida,
um coração de MULHER!
29
Sinto um perfume na rua
fazendo a gente feliz,
enquanto a noite flutua
nas flores de bogaris.
30
“Sorriria de feliz”
e o mundo teria paz,
se o coração que maldiz
soubesse perdoar mais.
31
Tenho certeza que a trova
– poema feito de amor -
é um sonho que se renova
na vida de um trovador.

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