1
Afortunada lembrança,
do meu passado risonho...
Quando eu chamava a esperança,
quem respondia era o sonho!...
2
A perua, caidaça
por um pato sensual,
enche o peru de cachaça,
dizendo: - Bebe, é Natal!!!
3
Até na pressa ele é franco...
Num raciocínio ligeiro,
coloca as malas no banco
e a sogra no bagageiro!...
4
A vida faz seu traçado
e ao longo desta viagem,
coloco a sorte ao meu lado
e a esperança na bagagem!…
5
Da cachaça fã confesso,
o Zé, lelé da moringa,
ao invés do trem expresso,
só tomava o... "pinga-pinga”!!!
6
Em festa, feito criança
vou, impetuosa e atrevida,
equilibrando a esperança
na corda bamba da vida...
7
Entre nós tudo acabado,
mas rejeito esta lembrança...
Mesmo em campo maltratado
sou colhedor de esperança!…
8
É tanto amor, tanto enlevo
hoje presente ao teu lado,
que nem ao menos me atrevo
a ter futuro ou passado!...
9
Eu suplico: "volte breve,"
num bilhete ... e na verdade,
a esperança é quem escreve
e quem assina é a saudade!...
10
Foi a vaca atropelada...
e o dono, um luso “sabido”,
pôs uma placa na estrada:
“VENDE-SE LEITE BATIDO”!!!
11
Foste embora e por maldade
deixaste a troco de nada,
rastros da tua saudade
em cada curva da estrada!...
12
Lembranças do meu passado,
tempos felizes, risonhos...
O baleiro era encantado
e os doces chamavam sonhos...
13
Meu coração persistente,
fingindo que não sofreu,
segue atrás do sonho ausente,
que a realidade escondeu!...
14
Meu destino é uma ironia,
mistério que não desvendo...
Pago os meus sonhos em dia
e ele diz que estou devendo!..
15
Minhas mágoas mando embora,
bem antes que a dor se agrave...
Jogo a tristeza lá fora,
tranco a porta... e escondo a chave.
16
Não quero só na lembrança
teu amor ... e em desatino,
tento agradar a esperança,
sem permissão do destino!…
17
Nas flores faz seu reinado
e sem queixas do destino,
dança no espaço, encantado,
o beija-flor bailarino!…
18
Num murmúrio derradeiro,
eu peço ... quase indefesa,
que o destino trapaceiro
não roube as cartas da mesa! ...
19
O cigano ao ver-me em pranto,
na dor que cruel avança,
espantou meu desencanto,
despertou minha esperança!…
20
O meu mundo é afortunado
e a vida não me desmente...
mora a esperança ao meu lado,,
moram meus sonhos em frente!...
21
Ontem rompemos os laços
e a saudade, por magia,
me faz ouvir os teus passos
por toda a casa vazia!...
22
O rouxinol canta aflito
e nada em volta o consola...
Deseja o espaço infinito,
na solidão da gaiola!…
23
"Palavra, não volto atrás!"
E deixei-te com firmeza...
Mas um grande amor desfaz
até a própria certeza!...
24
Penso te ouvir na ansiedade
e na dúvida, sem jeito,
abro a janela...é a saudade,
suspensa no parapeito!
25
Por mais que o destino queira,
que eu pague a minha fiança,
insisto em ser prisioneira
dos agrados da esperança!…
26
Prevenindo qualquer susto,
o Joca, machão antigo,
defendia a todo custo
até o buraco do umbigo!…
27
Quando nos rouba o juízo,
o mistério da paixão
traça um limite impreciso
entre a loucura e a razão!…
28
Resisto... mas, distraída,
minha razão nem percebe
quando a emoção atrevida
abre a porta... e te recebe!
29
Rosário de várias contas...
destino que eu sigo só...
O sonho afrouxando as pontas
e a vida apertando o nó!...
30
Se voltas, não sei ao certo,
mas a emoção sem cautela,
deixa a esperança por perto,
rondando a minha janela!
31
Teu retrato, enraivecida,
eu rasguei, sem embaraços...
mas a saudade, atrevida,
juntou de novo os pedaços!…
32
Uma trágica arapuca
foi armada ao pobre Zeca...
Meteu a mão em cumbuca
e entrou no céu de cueca.
33
Voltaste afinal ... e agora,
tentas em vão me agradar ...
Depois de tanta demora,
o amor cansou de esperar! …
34
Voltaste... fim da ansiedade...
na casa, o som dos teus passos...
Fica mais pobre a saudade,
na fortuna dos teus braços!...
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