sábado, 11 de março de 2017

Joana Darc da Veiga


1
A trova dá mais um passo
e do tango é mensageira...
Onde há verso abrindo espaço
não existe mais fronteira.
2
A vida passa depressa
pois quer a morte alcançar,
mas aquele amor, sem pressa,
não deixa a vida passar.
3
Carecas fazem apelo
no restaurante chinês:
“Outros fios de cabelo,
pois um só não dá pra três”.
4
De saudades revirado,
ante as gavetas que tinhas,
eu sinto não ter guardado
tuas roupas junto às minhas.
5
De volta ao lar e à tristeza,
carrega o pobre peão,
não mais o pão para a mesa,
mas carta de demissão .
6
Do celular se lembrou
o general, com seus medos...
Se a guerra já começou,
vou enviar meus torpedos!
7
Erros... brigas...Mala feita...
Devolvo as chaves e... adeus!
Dobro a esquina e, já refeita,
volto aos braços que são meus!
8
Esqueço as pedras, cascalhos...
Penso no encontro e me enfeito.
O riacho rompe atalhos,
para descansar no leito.
9
Foi depois de se banhar
e cuidar do desalinho
que o mar resolveu usar
o seu terno azul-marinho.
10
Mesmo que dentre as bandeiras
a do Brasil seja a minha,
eu não vislumbro as fronteiras
deste povo que caminha.
11
Na insistência do carinho
de um amor que é quase incerto,
vou traçando o meu caminho
nas areias de um deserto.
12
Na moldura da janela,
o busto que me fascina
toda manhã se revela
entre as dobras da cortina!
13
Nossa Euterpe, numa praça,
comemora  o aniversário
com aplauso a banda passa
pelo sesquicentenário.
14
Nosso amor é tão intenso
e a confiança entre nós
fala tanto que o bom senso   
deixa o ciúme sem voz.
15
Olho a montanha e o gigante
medo se mostra em bravura,
mas a nuvem retirante
leva o meu medo de altura.
16
O vulto mais preservado
e embriagado de lógica
é o que ficou hospedado
numa Reserva Alcoológica!
17
Quando deixas os teus laços
e velas na encruzilhada,
retornas para os meus braços
muito mais enfeitiçada.
18
Quando no céu surge a imagem
não basta haver escritor,
para dar voz à mensagem
Deus criou o trovador.
19
Represados, nossos rios,
vão buscando a liberdade
nos postes de luz e fios
que cruzam toda cidade.
20
Se o anoitecer no deserto
nos impedir de rompê-lo,
alguma estrela, por certo,
ouvirá o nosso apelo.
21
Sigo a rua acorrentado,
carente, sozinho, a esmo...
Por capricho, condenado
à solidão... de mim mesmo!...
22
Trabalha em banco privado
da praça e, quando há sol quente,
ele suspira cansado
se fatura outra cliente.

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