1
A beleza da poesia
- Eu vou contar p'rá você -
não vem da mente que a cria,
e sim, d'alma de quem lê!
2
Acalanto, graça plena,
de um amor que não esqueço -
tempestade na serena
bonança que não mereço
3
A falsa humildade é feia,
raramente é uma façanha;
geralmente é um grão de areia
se dizendo uma montanha.
4
Agradece todo dia
por teu riso e por teu pranto,
porque Deus não te daria
senão um doce acalanto...
5
A mais formosa das flores
não emite um só queixume
e mesmo por entre dores
não se extingue o seu perfume
6
Ao conforto acorrentado,
quem se prende corta acesso,
ao caminho acidentado
que levaria ao sucesso!
7
Arrefece esse teu passo.
Sê feliz na sozinhez,
e caminha no compasso
de um passo de cada vez…
8
As verdadeiras lições
que a mim meu pai ensinava,
não vinham dos seus sermões,
mas de quando ele calava.
9
Bem que tentei. Tentei tanto
te esquecer, sem conseguir.
E em mim, por este meu pranto
continuas a existir
10
Bendito aquele que aprende
ao receber uma ofensa,
sem repreender quem ofende
nem julgar o que ele pensa!
11
Chovia na despedida,
e, na chuva que caía,
eu vi minha própria vida
que com ela se esvaía…
12
Cristo morreu numa cruz
e de Maria, o seu pranto,
até hoje em nós reluz
como um divino acalanto.
13
Dando-me adeus, o acalanto
retirou-me a claridade
deste amor, que por meu pranto,
já começou com saudade.
14
De tudo, apenas a dor
e um acalanto restou
do que foi um grande amor
que existiu e que acabou.
15
Doce acalanto, a Verdade,
escorreu daquela cruz,
redimiu a humanidade
e levou-a para a Luz!
16
Filhos felizes, sorrindo,
em alegre correria
são o acalanto bem-vindo
do amor, colorindo o dia...
17
Heresia é não amar,
é deixar, no coração,
lentamente, se apagar,
o fogo d’uma paixão!
18
Hoje trago na lembrança
uma dor que sobrevive
num fiapo de esperança
pelo amor que nunca tive
19
Mesmo na rua, o mendigo
que moureja, e cujo pranto
grita pedindo um amigo,
é o mais sublime acalanto!
20
Meu pai nada me falava
quando me via nervoso.
Aprovava ou reprovava
num olhar doce e bondoso.
21
Meu pai me ensinou:”Reflita!”
Nunca esqueci a lição:
“a velhice não se evita.
maturidade é opção!”
22
Na clausura da existência,
das prisões que nos impomos,
um devaneio é a essência
do que pensamos que somos!
23
Não dou conselhos na luta
que cada um realiza,
pois nem o tolo os escuta
e nem o sábio precisa.
24
Não há dor mais dolorida
do que a tristonha aparência
de quem matou pela vida
a sua própria inocência
25
Não haverá sociedade
que possa ser construída
sem a fé na humanidade
e o respeito pela vida!
26
Não importa a circunstância,
cuidado ao dar o teu passo.
É muito curta a distância
entre sucesso e fracasso!
27
Não olhes no exterior:
Armani, Chanel ou Boss.
Elegância vem do amor
que nasce dentro de nós!
28
Nesta luz que escurecia
meu passado futurista
a plenitude vazia
dava a derrota à conquista.
29
No volteio dos ponteiros
num sublime amanhecer
os minutos sorrateiros
não me deixam te esquecer...
30
Numa discussão atroz
pense só por um momento:
Não levante o tom de voz,
melhore o seu argumento!
31
Pensemos bem, porque a vida
se feliz, com graça e canto,
se infeliz ou se sofrida
é o mais sublime acalanto!
32
Quem compõe versos amenos
Que os acalantos coleta,
Parece que morre menos
como nos disse o Poeta...
33
Se for teste, meu Senhor,
o viver nesta fornalha,
tu verás que a fé e o amor
de um nordestino não falha!
34
Segue a vida o seu encanto,
às vezes nem merecido,
cantando o seu acalanto
para o mundo sem ouvido...
35
Sem ti minha vida passa
sem o riso e sem o canto
qual brilhante, que sem jaça
é meu eterno acalanto...
36
Solta o amor que tanto amaste
e que preso mantiveste.
Se voltar o conquistaste,
se se for, nunca o tiveste...
37
Sublime, a rosa sem jaça
lança ao lírio seu perfume
e o vento brando que passa
aspira, pleno de ciúme...
38
Um filho a dormir, e ao peito,
um livro aberto caído,
é o acalanto perfeito
que um pai sonha, agradecido...
39
Um sorriso, uma indulgência
um gesto ingênuo de adeus...
por onde houver inocência
há um pedacinho de Deus...
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