quarta-feira, 26 de maio de 2021

Flávio Roberto Stefani (RS)


1
Abaixo a guerra entre irmãos!
Plantemos a paz somente.
- Quem tem sementes nas mãos
não tem granadas na mente.
2
Adoro bonde gaiola
e ao teu lado – vistas turvas –
se a curva do trilho esfola,
me saram as tuas curvas…
3
Brancos, negros e amarelos,
se a causa é justa e loquaz,
juntam braços, que são elos
forjando as cores da Paz!
4
Brinquedos bons eu não tinha,
mas sabia achar maneira,
e com latas de sardinha
eu tinha uma frota inteira.
5
Brinquedos de guerra, não,
pois quem brinca de matar,
amanhã – de arma na mão -,
vai matar para brincar!
6
Chuta o balde a Dona Mima
porque o marido, Vavá,
em vez de partir pra cima,
vai pra baixo do sofá...
7
Com malícia, a lua cheia
vestiu de luz nosso leito
ao te ver desnuda, alheia,
aconchegada em meu peito.
8
Coragem! Ergue teu rosto,
desamarra esta carranca,
porque o sol, depois de posto,
nos mostra a lua mais branca.
9
Cruel e ingrato, o sobrinho
põe no freezer o seu tio,
e a surpresa é o bilhetinho:
"Não esquenta... fica frio...”
10
Destino cruel se encerra
neste turismo obsoleto:
quando o frango sobe a serra,
não desce - vira galeto!...
11
De surpresa, muitas vezes,
vinha o noivo da vizinha...
e depois de nove meses,
nasceu uma surpresinha...
12
È mais feliz a criança
que recebe amor profundo,
pondo luzes de esperança
no quarto escuro do mundo.
13
Embora rudes e escassos
os bons atos, em geral,
o Natal recria laços
num simples “Feliz Natal!”
14
Em ternura plena e extrema,
nossos sonhos se cruzaram.
E a noite se fez poema...
E os versos também se amaram!
15
Entre os licores mais puros
que a vida me fez provar,
estão os lábios escuros
que me deixaste beijar.
16
É tão nojenta a franguinha,
tão cheia de blablablá,
que se um dia for galinha,
nem raposa a comerá…
17
Eu, boêmio sem comando,
nos dias mais enfadonhos,
passo os dias chimarreando
na varanda dos meus sonhos!
18
Ganha contornos de festa,
de festa vira euforia,
quando Deus se manifesta,
abrindo os olhos do dia!
19
Garibaldi, esses vinhedos
dão vinhos com tal sabor,
que o licor dos teus segredos
está no próprio licor.
20
Gerador de paz e calma,
que dispensa cerimônia,
o livro é o jantar da alma
nas noites claras de insônia.
21
Já velhinho, o marinheiro,
que foi das ‘gatas’ xodó,
hoje só e sem dinheiro,
levanta a âncora... e só!...
22
Lembrando um fandango antigo,
muita mão... muitos abraços...
a Joana leva consigo
um belo “troféu”... nos braços…
23
Meu Senhor, quero sentir,
de uma forma singular,
a coragem de sorrir
quando o dia é de chorar.
24
Não tem cura, é de matar,
bebe tanto o Zebedeu,
que outro dia foi trocar
seu nome pra “Zebebeu”...
25
Na pescaria, de fato,
notei teu jeito chinfrim,
mas o olhar era de gato:
um no peixe e outro em mim...
26
Nascedouro de certezas
e ninho de inspiração,
a lua afasta as tristezas,
pondo paz no coração.
27
No abandono das marquises,
meninos dormem de mão,
fingindo que são felizes
nos braços da solidão.
28
Quando a euforia me invade,
nas luzes do amanhecer,
puxo a corda da saudade
para esticar meu viver.
29
Queres falar de bem perto
à mãe da sabedoria?
Procura o balcão aberto
de uma boa livraria.
30
Se a violência é demais,
num mar que não se detém,
pega o rumo de outro cais,
onde o amor ancore o bem.
31
Sendo forte, sendo inquieta,
com requintes de magia,
a trova é o cais do poeta,
onde se amarra a poesia!
32
Sendo mal utilizada,
a liberdade, no fundo,
não dá tiros, não dá nada,
mas fura os olhos do mundo!...
33
Vendo a franga em sério apuro,
grita o guri, na janela:
- Mamãe, o galo, eu lhe juro,
vem vindo a cavalo nela...

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