terça-feira, 18 de julho de 2017

Newton Vieira


1
A existência – uma jornada...
E eu vejo, desde menino,
mais graça ao longo da estrada
que no lugar de destino…
2
Agora vivemos sós...
e dói, de modo incomum,
saber que o abismo entre nós
não teve motivo algum!
3
A apatia afasta mais
que os longes quilometrados,
pondo abismo entre casais
às vezes de braços dados!...
4
As nossas almas, amigo,
eram tão gêmeas, que, ao fim
da convivência contigo
senti saudades de mim!...
5
A utopia, em minha mente,
traduz-se desta maneira:
– Um lugar inexistente
que existirá, caso eu queira!...
6
Curvem-se todos os sábios
ante o saber infinito
que a mãe derrama dos lábios,
mesmo sem nada ter dito!
7
Dai-me perdão para o amor
contrário ao Vosso preceito.
Sei tantas coisas, Senhor,
menos amar de outro jeito!
8
“Darás à luz” – Anuncia
alguém do Eterno oriundo.
Plena de Graça, Maria
diz “Sim!” e transforma o mundo!
9
É do passado a lição,
mas com valor no presente:
- Só pode ter corpo são
quem tem saúde na mente.
10
Em Friburgo, qual Moisés,
julguei que Deus me dizia:
- "Tira as sandálias dos pés,
que estás no chão da poesia!"
11
Encontrei, como num sonho,
este amor forte e sem fim:
- a ponte na qual transponho
abismos dentro de mim...
12
É pequena, mas se expande
pondo em trovas mil louvores;
Jambeiro - cidade grande
no mapa dos trovadores!
13
É triste ver alguém cheio
deste vazio medonho:
- ter feito apenas rodeio
em torno de um grande sonho!
14
Eu amo... e, de tal maneira
o amor em mim se enclausura,
que sempre estou na fronteira
entre a razão e a loucura!...
15
"Eu volto!" - Falsa promessa
que ela ainda crê verdadeira,
pois, da varanda, não cessa
de contemplar a porteira...
16
Feliz Natal, com certeza,
promoverás, meu irmão,
se o pão que sobra na mesa
chegar às mesas sem pão.
17
Ficou mais lento o meu passo?
Caminharei, mesmo assim!
Só temeria o cansaço
se me cansasse de mim..
18
Mãos calosas... Entretanto,
cingem de amor o filhinho...
Roseira não perde o encanto,
apenas por ter espinho!…
19
Nasceu do acaso este amor...
cresceu...e, agora, acredito,
é bem capaz de transpor
as fronteiras do infinito!…
20
No rodeio do existir,
peço a Deus, a todo instante,
que eu não caia e, se cair,
com mais força me levante.
21
Nos meus braços estarias,
se tu não fosses, querida,
a maior das utopias
que acalentei nesta vida!
22
No Vosso martírio, eu pude
ver quatro quedas, Jesus,
quando um velho, sem saúde,
caiu na fila do SUS!...
23
O amor que escolhi um dia
expõe-me à língua do povo?
Dane-se o povo! Eu faria
a mesma escolha, de novo!
24
O que eu mais quero na vida
é a paz reinando na Terra,
mas não a paz confundida
com mera ausência de guerra...
25
Por mais que sofra, eu espero
ouvir somente a verdade;
é melhor o “não” sincero
do que o “sim” da falsidade.
26
Quando, amigo, nos teus ombros
deitei o rosto tristonho,
tu me ergueste dos escombros
que a vida fez do meu sonho!
27
São tantas encruzilhadas!...
Por isso eu me perco assim,
ao trafegar nas estradas
que existem...dentro de mim!...
28
Se tu te julgas montanha,
convém que então te assinales
pela bondade tamanha
de dar proteção aos vales.
29
Se o nosso amor é pecado,
esconda-o lá nos refolhos...
e só me mande recado
pelas meninas... dos olhos!
30
Sou quase feliz, querida.
Aceita ser minha e faze
que seja, então, destruída
a tal barreira do... quase!
31
Venceste alguém... e sorris
numa explosão de prazeres...
Serás, porém, mais feliz
quando a ti mesmo venceres...

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