segunda-feira, 24 de junho de 2019

Jaqueline Machado (Cachoeira do Sul/RS)


Acredito na vitória
de quem somente o bem faz.
O mal nunca leva à glória...
E sempre destrói a paz.

A dona beata, tão crente,
sempre a rezar e a rezar...
Mas um tanto displicente:
olha o padre sem parar...

A fuga não leva a nada,
meu caminho eu sigo em frente.
Em toda e qualquer estrada,
há um anjo guardando a gente.

Ah!... essa beleza de amar
é um segredo inconfessável.
Loucura que faz sonhar,
ir além do imaginável.

Amar jamais é pecado.
Ama quem sabe viver
Este é meu simples recado
para quem pensa em morrer.

A minha Mãe natureza,
que nada deixa faltar,
me faz saber, com certeza
que vale a pena sonhar...

A palavra tem poder,
não vale a pena chorar...
Para plantar ou colher,
sempre é preciso esperar...

Cadeirante e bem feliz!
Mulher doce... sonhadora...
Eu tenho dó de quem diz
que tu não és vencedora!

Criança é pingo de luz,
é benção, é caridade...
É força que nos conduz
pelos vales da verdade...

Debruçado na lagoa,
qual Narciso a se mirar,
pescador jamais enjoa
de sonhar e de pescar...

Deficiente: adjetivo
bem inculto e sem moral
pois corrompe o objetivo
de todo ser especial...

Deus, com máxima grandeza,
nada nos deixa faltar.
Pois, com primor e nobreza,
está sempre a nos guiar!

Doce Europa dos meus sonhos,
eu quero te conquistar...
E, com mil planos risonhos,
em teus mares navegar...

É na fonte dos teus lábios,
que eu extraio o mel da vida.
Mágico licor dos sábios,
que faz a alma embevecida.

Este é o Brasil de igualdade
que nós pedimos a Deus:
política de verdade
para todos filhos seus!!!

Eu sou mesmo a calmaria.
Eu sou mesmo a tempestade:
feliz na tua alegria,
tempestuosa na saudade...

Hão de surgir os bons dias,
de luz, paz e mais amor...
Dos Orixás, profecias
que o bem vai vencer a dor.

Irmão: és parte de mim.
Graça divina de Deus!!!
Nem mesmo depois do fim
ouvirás meu triste adeus...

Mamãe, ainda em seu ventre,
já absorvia a leitura:
as tuas palavras dentre
todas, ressoavam ternura...

Mas onde mora a verdade?
No bem, no mal ou na dor:
Onde está a realidade?
Respostas estão no amor!

Minha vizinha espiava,
pelo vidro da janela,
o que eu fazia ou comprava...
Tudo era da conta dela...

Moça, cadeirante e bela,
cheia de graça e esplendor...
Todo mundo fala nela:
parece fonte de amor!

Na cadeira, bem sentada,
eu senti algo diferente:
do alfinete, a alfinetada
num lugar muito indecente...

Na cadeira do hospital,
ela de pernas cruzadas,
e o velho, passando mal,
deu algumas espiadas...

Na cela do meu cavalo
sempre levo sonhos mil...
O gaúcho, em seu embalo,
conquistou todo o Brasil...

Nanâ, Isis ou Maria!
Te multiplicas em tantas.
Mãe feita de poesia...
És a mais bela das santas...

Natal é paz, muito amor,
momento de refletir
a missão do redentor
e o pão nosso repartir...

O aposentado lamenta,
pois com essa grana magra
ele quase nem se aguenta:
– Não dá nem para o Viagra...

O mar é espelho da lua
e a lua espelho do mar...
Na lua cheia sou tua.
Sereia nua a te amar...

Ó meu Brasil, terra amada
de belezas sem igual,
mesmo tão pouco cuidada
és lindo cartão postal...

O meu nome é liberdade,
minha sina é sempre amar.
Eu sou livre de verdade,
quando consigo sonhar...

O velhinho apaixonado
foi em busca da conquista...
Porém, sem grana, ó coitado,
ficou largado na pista...

“Pedalada” objetiva
a falcatrua moral:
eu pago e tu me incentiva
a lavar nota fiscal.

Oyá, formosa menina,
o teu sorriso me encanta.
Entre as rosas tu me ensina
a rezar feito uma santa...

Para o cidadão de bem,
servir é uma obrigação.
Ele transmite a que vem,
sem procurar gratidão.

Preciso ter ousadia
e cumprir minha missão
de esmagar a covardia
com cada aperto de mão.

Rogo a ti, meu Santo Antônio,
tu que vigias meu lar,
me mandes um matrimônio,
pra não morrer sem casar...

Santo Antônio, meu amigo,
eu preciso me casar...
Não me deixes à perigo...
Pra tia não vou ficar !!

Siga! Não perca a esperança...
Enquanto existir na vida
um sorriso de criança
a missão será cumprida...

Fonte:
União Brasileira de Trovadores Porto Alegre - RS. Trovas de Jaqueline Machado e Chico Xavier. Coleção Terra e Céu. vol. XXX. Cachoeirinha/RS: Texto Certo, 2016.

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