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A boa fada da sorte
Te pôs um dia a meu lado;
Dizendo que só a morte,
Faz este amor acabado.
A chorar vivi cantando
Cantando vivo a chorar,
Se eu a cantar vou chorando
A chorar quero cantar…
Alma de corpo franzino
Anjo ridente dos céus,
Sofres já de pequenino
Como sofrera teu Deus.
Andorinha que partiste
Pra terras de mais calor;
Leva minha alma triste,
Que anda à procura de amor.
Ao ver-te bailar contente
Com um filho no braçado,
Eu recordo docemente
Loucuras de ano passado…
Arranjei-te sem saber
Pensando a sorte encontrar;
Hoje mesmo sem te ver,
Fico cheio de te olhar.
A saudade é lenço branco
Que nos chama sem parar,
O sentimento mais franco
Que muito diz sem falar.
A sonhar juntos, Maria
Fizemos o arraial,
E nos folguedos do dia
Fizemos fogueira igual.
Caminhemos mão em mão
Fulcro de amor e alegria;
Só assim no coração,
Há Natal em cada dia!!
Cobrir crianças despidas
Tornar o mundo igual,
Cativar almas perdidas
Seria o meu ideal…
Conta lá os teus segredos
Loucuras… horas a fio;
A água sai dos rochedos,
E vai cantando até ao rio.
Cravos vermelhos à porta
Mangericos na sacada,
Mas se a fogueira está morta
Que vale a cinza apagada.
Criança, anjo sagrado
Sem rua sem lar nem pais,
Serve pro homem malvado
Em seus fins materiais.
De pequeno desconheço
Maldades que a vida tem;
Agora que a conheço,
Vivo nela com desdém.
Deves ouvir meu conselho
Quando te julgas um santo;
Olha-te bem ao espelho,
E depois despe o teu manto.
Dizes ser rico e nobre…
Esquece lá a fantasia,
Pois a fogueira do pobre
Dá mais calor e alegria.
Dizes te julgas perdida
Pra mim tens tanto valor,
Pois quem aquece outra vida
Tem que ter muito calor!
Em cada dia que passa
Mais vergonha tenho eu,
De ser fruto desta massa
Que em mim encarneceu.
É melhor comer o pão
Embora duro que seja,
Que ser na vida ladrão
E deitar fora o que sobeja.
Em quatro linhas ficou
Tantos sonhos e magias;
Que no teu peito moldou,
Aquilo que não sabias…
Esse beijo ainda gritante
Em quatro lábios ficado;
Ainda lembra constante,
As loucuras do passado…
Esta dor que atormenta
Este meu peito em saudade.
É choro que se lamenta
Dos tempos da mocidade…
Eu nascera só pra ti
Na vida que me foi dada!
Fogueira que eu revivi,
Com cinza quase apagada.
Eu vivi triste na vida
Destino que Deus me deu,
Foi de uma alma sentida
Que a alegria nasceu!
Foi nas urzes do caminho
Que eu vira o trevo feliz,
Não o quis, fiquei sozinho
A sorte só eu a fiz…
Fui à fonte para te ver
E quando lá te encontrei,
Depois de tanto beber
Com outra sede fiquei…
Fui primavera ridente
E hoje que não sou nada;
Sou pobre que ri contente,
Na vida que me foi dada.
Hoje estás abandonada
Só por loucuras de amor.
Mas a rosa por cheirada,
Nunca perde o seu valor!
Já basta o que tem por sina
A vida do pobrezinho…
O homem ainda lhe ensina
A ser trapo do caminho!
Lágrima caída no rosto
Dos teus olhos cor do mar;
Lembra a vida em sol posto,
Saudade sempre a chamar…
Mentiras que o outro diz
Não acredites amor;
Pois planta sem raíz,
Não alimenta a flor.
Meu amor de mim tem dó
Sou coração enjeitado…
Por fraca que seja a mó
Dá sempre o milho ralado.
Meu amor olha pra mim
Preciso do teu sorrir,
Como a rosa no jardim
Do sol para florir.
Morena que vais pra fonte
De cantarinha na mão;
Choras tristezas pelo monte,
Das saudades que lá vão.
Nada há que determine
Os traços que a vida tem;
Nem há sol que ilumine,
O negrume do desdém.
Na farsa da ilusão
Tudo anseias com fervor;
Podes comprar a razão
Mas não compras o amor.
Não dês esmola por vaidade
Inda que seja um vintém,
Podes ferir sem maldade
Aquele que nada tem…
Não escrevo para entreter
Mas escrevendo a dor acalma.
Nunca se pode esconder,
Tristezas que vem da alma.
Não me olhes descontente
Pelos meus loucos folguedos;
O rio corre contente,
Sem dar contas aos rochedos.
Não penses que não te amo
Porque te não presenteio,
Pois o amor é um ramo
Que vive no nosso meio.
Não posso gostar de alguém
Só porque gosta de mim.
A primavera não vem
Só porque existe um jardim.
Não procures viver só
Faz do pobre companheiro,
Pois que seria da mó
Se não tivesse o moleiro…
Não te julgues desgraçada
Se a má sorte te persegue;
Existe pior calçada,
Que aquela que agente segue.
Não venhas flores um dia
À minha campa depôr,
Pois tudo foi fantasia
Que me falava de Amor.
Nessa noite de ilusão
A dançar te conheci,
E ao sentir teu coração
Logo fogueira acendi.
Nesta dor feita alegria
Algo de estranho acontece,
Ante meus olhos é dia
Dentro em meu peito anoitece.
No altar desse teu peito
É minha prisão de amor,
É capelinha que enfeito
Com somente uma flor.
No choro do meu olhar
Há risos em gargalhadas;
É a saudade a mostrar,
As saudosas madrugadas.
No mundo vivi sonhando
E a sonhar envelheci,
E a sonhar vou ficando
Pequeno como nasci.
No parlamento da vida
É só mísera ilusão…
Depois da lista escolhida,
Ainda é maior o ladrão!
No parlamento da vida
Todos querem mandar mais…
Pois a seara perdida,
Faz tentar mais os pardais.
No teu regaço dormi…
Como em cama de jasmim
Foi no teu sonho que eu vi,
O quanto gostas de mim!
Nunca odeies meu amigo
Mesmo que tenhas razão;
Pois não é só o mendigo,
Que necessita de pão.
Nunca sonhei ilusões
Riquezas…luxos sem fim;
Pois os mais belos brasões,
São os teus olhos pra mim.
Nunca te esqueço meu bem
Como mais terna donzela.
Primavera vai e vem,
E a rosa espera por ela!
Nunca te julgues vencida
És um anjo aos olhos meus.
Mesmo uma filha perdida,
É sempre filha de Deus.
Ó belo trevo da sorte
Quem foi que te semeou?…
Talvez alma de má porte
E nunca mais te encontrou.
O choro que existe em mim
Nem sempre é feito de dor,
Nem sempre a vida tem fim
Quando acaba um grande amor.
O homem tanto promete
E nunca cumpre o que diz,
E dos erros que comete
Não quer ser ele o juiz.
Olhei pra ti com desejo
E com desejo fiquei;
Pois nesse rosto que vejo,
Está o sonho que sonhei.
Olhei-te de olhos fechados
De olhos abertos fiquei;
Nesses teus lábios rosados,
Ficou o que desejei.
Olho na vida o passante
Meu irmão de cada hora,
Meu companheiro errante
Ferido com a mesma espora.
O manjerico velhinho
Outra vez reverdeceu,
Mas está morto o teu carinho
Esse pra sempre morreu.
Ó meu amor, teu dançar
Tem graça tem alegria,
Pode a roda cheia estar
Mas sem ti está vazia.
O pobre que nada tem
Que na vida não tem norte,
Não dá contas a ninguém
Quando lhe chegar a morte.
O poeta é mensageiro
Na luta pela igualdade…
Luta sempre companheiro
Em abraço de amizade.
Ó rio de água serena
Que vais chorando pro mar;
Ao chorares a tua pena,
Chora também meu penar.
O trevo nasce no prado
Sem ninguém o semear,
A sorte não é mercado
Que se consiga comprar.
Porque nasci afinal…
Neste monturo sem vida,
Só vi choros, só vi mal
Só vi peitos sem guarida.
Por ti chorei, e afinal
Meu pranto nada valeu,
Que importa um amor leal
Se outro amor nunca nasceu.
Possuir a felicidade
É um sonho tão profundo…
Que até penso com saudade
Que não existe no mundo.
Primavera é sempre igual
Todos anos traz flores,
Mas a vida tem final
Leva consigo os amores.
Proibir a mendicidade…
Faz o homem sem pensar,
Mas não proíbe a caridade
Nem a vontade de dar.
Prometes-te e não cumpris-te
Sofre alguém esse teu porte;
O coração que feris-te,
Te pede contas na morte.
Quando eu um dia me for…
Não me chores, minha querida;
Pois quem morre por amor
Fica sempre nesta vida!
Quem me dera ser a lua
Num vaivém sempre a rodar,
Iluminar tua rua…
E no teu quarto espreitar.
Quero levar a saudade
Quando desta vida for…
É sonho da mocidade
Que sempre falou de amor.
Repara bem ao dançares
Que não te calquem os pés,
E se de par tu trocares
Podem te dar pontapés.
Risonhos dias vivi
Na vida que me foi dada,
Mas hoje já tudo esqueci
Desse sonho que foi nada.
Rosa branca que venero
Neste jardim de saudade;
És o amor mais sincero,
Que ficou da mocidade.
Se a desgraça fosse pão
Que a todos fome mata-se,
Eu não teria um irmão
Que na vida mendigasse.
Se a fogueira se apagou
Não te importes meu amor,
Outro fogo começou
Que dá muito mais calor.
Se a lei tudo castiga
Eu não sei porque razão…
Ou tudo é canto ou cantiga
Pra todos comer o pão.
Se algo sofri não sei quanto
E não sei quando nasci…
Pois tudo hoje é só pranto
Da mentira em que vivi.
Se a saudade é letra morta
Não o posso afirmar…
Só sei que me bate à porta
Mesmo sem eu a chamar!
Se a sorte nasce no prado
Sem ninguém a semear;
Triste sina este meu fado
Não consigo encontrar.
Se na vida não fui nada
Nada me deram pra ser,
Nasci de uma vida errada
Culpa teve o meu nascer.
Se o Sol tudo aquece
Só o comparo então;
Ao amor que se merece,
E aquece o coração.
Ser bem pobre e não ter nada
É dom que Deus nos legou;
Quando a vida terminada,
Vai cantar o que chorou.
Sonhando pela vida afora
Saudades feitas por mim…
Mas só me apercebo agora
Que este sonho está no fim.
Sonhei contigo, e a sonhar
Corri distâncias sem fim…
Pois só sei que ao acordar,
Estavas pertinho de mim.
Sou filho que por desgraça
Nada tenho pra comer,
Se ás vezes riu por graça
Sou hipócrita sem querer.
Tempo que passa é saudade
De algo que fica chorando.
São sonhos da mocidade
Que ficam por nós chamando.
Tudo lembro com saudade
Dos tempos que já lá vão,
Mas só vejo a bondade
Distante do coração.
Tu me deste a luz da alma
De um sonho quase acabado;
Hoje te oferto a vida calma,
Que abraçamos lado a lado.
Um português a cantar
Faz de uma trova canção,
Depois do verde provar
Canta por uma Nação.
Te pôs um dia a meu lado;
Dizendo que só a morte,
Faz este amor acabado.
A chorar vivi cantando
Cantando vivo a chorar,
Se eu a cantar vou chorando
A chorar quero cantar…
Alma de corpo franzino
Anjo ridente dos céus,
Sofres já de pequenino
Como sofrera teu Deus.
Andorinha que partiste
Pra terras de mais calor;
Leva minha alma triste,
Que anda à procura de amor.
Ao ver-te bailar contente
Com um filho no braçado,
Eu recordo docemente
Loucuras de ano passado…
Arranjei-te sem saber
Pensando a sorte encontrar;
Hoje mesmo sem te ver,
Fico cheio de te olhar.
A saudade é lenço branco
Que nos chama sem parar,
O sentimento mais franco
Que muito diz sem falar.
A sonhar juntos, Maria
Fizemos o arraial,
E nos folguedos do dia
Fizemos fogueira igual.
Caminhemos mão em mão
Fulcro de amor e alegria;
Só assim no coração,
Há Natal em cada dia!!
Cobrir crianças despidas
Tornar o mundo igual,
Cativar almas perdidas
Seria o meu ideal…
Conta lá os teus segredos
Loucuras… horas a fio;
A água sai dos rochedos,
E vai cantando até ao rio.
Cravos vermelhos à porta
Mangericos na sacada,
Mas se a fogueira está morta
Que vale a cinza apagada.
Criança, anjo sagrado
Sem rua sem lar nem pais,
Serve pro homem malvado
Em seus fins materiais.
De pequeno desconheço
Maldades que a vida tem;
Agora que a conheço,
Vivo nela com desdém.
Deves ouvir meu conselho
Quando te julgas um santo;
Olha-te bem ao espelho,
E depois despe o teu manto.
Dizes ser rico e nobre…
Esquece lá a fantasia,
Pois a fogueira do pobre
Dá mais calor e alegria.
Dizes te julgas perdida
Pra mim tens tanto valor,
Pois quem aquece outra vida
Tem que ter muito calor!
Em cada dia que passa
Mais vergonha tenho eu,
De ser fruto desta massa
Que em mim encarneceu.
É melhor comer o pão
Embora duro que seja,
Que ser na vida ladrão
E deitar fora o que sobeja.
Em quatro linhas ficou
Tantos sonhos e magias;
Que no teu peito moldou,
Aquilo que não sabias…
Esse beijo ainda gritante
Em quatro lábios ficado;
Ainda lembra constante,
As loucuras do passado…
Esta dor que atormenta
Este meu peito em saudade.
É choro que se lamenta
Dos tempos da mocidade…
Eu nascera só pra ti
Na vida que me foi dada!
Fogueira que eu revivi,
Com cinza quase apagada.
Eu vivi triste na vida
Destino que Deus me deu,
Foi de uma alma sentida
Que a alegria nasceu!
Foi nas urzes do caminho
Que eu vira o trevo feliz,
Não o quis, fiquei sozinho
A sorte só eu a fiz…
Fui à fonte para te ver
E quando lá te encontrei,
Depois de tanto beber
Com outra sede fiquei…
Fui primavera ridente
E hoje que não sou nada;
Sou pobre que ri contente,
Na vida que me foi dada.
Hoje estás abandonada
Só por loucuras de amor.
Mas a rosa por cheirada,
Nunca perde o seu valor!
Já basta o que tem por sina
A vida do pobrezinho…
O homem ainda lhe ensina
A ser trapo do caminho!
Lágrima caída no rosto
Dos teus olhos cor do mar;
Lembra a vida em sol posto,
Saudade sempre a chamar…
Mentiras que o outro diz
Não acredites amor;
Pois planta sem raíz,
Não alimenta a flor.
Meu amor de mim tem dó
Sou coração enjeitado…
Por fraca que seja a mó
Dá sempre o milho ralado.
Meu amor olha pra mim
Preciso do teu sorrir,
Como a rosa no jardim
Do sol para florir.
Morena que vais pra fonte
De cantarinha na mão;
Choras tristezas pelo monte,
Das saudades que lá vão.
Nada há que determine
Os traços que a vida tem;
Nem há sol que ilumine,
O negrume do desdém.
Na farsa da ilusão
Tudo anseias com fervor;
Podes comprar a razão
Mas não compras o amor.
Não dês esmola por vaidade
Inda que seja um vintém,
Podes ferir sem maldade
Aquele que nada tem…
Não escrevo para entreter
Mas escrevendo a dor acalma.
Nunca se pode esconder,
Tristezas que vem da alma.
Não me olhes descontente
Pelos meus loucos folguedos;
O rio corre contente,
Sem dar contas aos rochedos.
Não penses que não te amo
Porque te não presenteio,
Pois o amor é um ramo
Que vive no nosso meio.
Não posso gostar de alguém
Só porque gosta de mim.
A primavera não vem
Só porque existe um jardim.
Não procures viver só
Faz do pobre companheiro,
Pois que seria da mó
Se não tivesse o moleiro…
Não te julgues desgraçada
Se a má sorte te persegue;
Existe pior calçada,
Que aquela que agente segue.
Não venhas flores um dia
À minha campa depôr,
Pois tudo foi fantasia
Que me falava de Amor.
Nessa noite de ilusão
A dançar te conheci,
E ao sentir teu coração
Logo fogueira acendi.
Nesta dor feita alegria
Algo de estranho acontece,
Ante meus olhos é dia
Dentro em meu peito anoitece.
No altar desse teu peito
É minha prisão de amor,
É capelinha que enfeito
Com somente uma flor.
No choro do meu olhar
Há risos em gargalhadas;
É a saudade a mostrar,
As saudosas madrugadas.
No mundo vivi sonhando
E a sonhar envelheci,
E a sonhar vou ficando
Pequeno como nasci.
No parlamento da vida
É só mísera ilusão…
Depois da lista escolhida,
Ainda é maior o ladrão!
No parlamento da vida
Todos querem mandar mais…
Pois a seara perdida,
Faz tentar mais os pardais.
No teu regaço dormi…
Como em cama de jasmim
Foi no teu sonho que eu vi,
O quanto gostas de mim!
Nunca odeies meu amigo
Mesmo que tenhas razão;
Pois não é só o mendigo,
Que necessita de pão.
Nunca sonhei ilusões
Riquezas…luxos sem fim;
Pois os mais belos brasões,
São os teus olhos pra mim.
Nunca te esqueço meu bem
Como mais terna donzela.
Primavera vai e vem,
E a rosa espera por ela!
Nunca te julgues vencida
És um anjo aos olhos meus.
Mesmo uma filha perdida,
É sempre filha de Deus.
Ó belo trevo da sorte
Quem foi que te semeou?…
Talvez alma de má porte
E nunca mais te encontrou.
O choro que existe em mim
Nem sempre é feito de dor,
Nem sempre a vida tem fim
Quando acaba um grande amor.
O homem tanto promete
E nunca cumpre o que diz,
E dos erros que comete
Não quer ser ele o juiz.
Olhei pra ti com desejo
E com desejo fiquei;
Pois nesse rosto que vejo,
Está o sonho que sonhei.
Olhei-te de olhos fechados
De olhos abertos fiquei;
Nesses teus lábios rosados,
Ficou o que desejei.
Olho na vida o passante
Meu irmão de cada hora,
Meu companheiro errante
Ferido com a mesma espora.
O manjerico velhinho
Outra vez reverdeceu,
Mas está morto o teu carinho
Esse pra sempre morreu.
Ó meu amor, teu dançar
Tem graça tem alegria,
Pode a roda cheia estar
Mas sem ti está vazia.
O pobre que nada tem
Que na vida não tem norte,
Não dá contas a ninguém
Quando lhe chegar a morte.
O poeta é mensageiro
Na luta pela igualdade…
Luta sempre companheiro
Em abraço de amizade.
Ó rio de água serena
Que vais chorando pro mar;
Ao chorares a tua pena,
Chora também meu penar.
O trevo nasce no prado
Sem ninguém o semear,
A sorte não é mercado
Que se consiga comprar.
Porque nasci afinal…
Neste monturo sem vida,
Só vi choros, só vi mal
Só vi peitos sem guarida.
Por ti chorei, e afinal
Meu pranto nada valeu,
Que importa um amor leal
Se outro amor nunca nasceu.
Possuir a felicidade
É um sonho tão profundo…
Que até penso com saudade
Que não existe no mundo.
Primavera é sempre igual
Todos anos traz flores,
Mas a vida tem final
Leva consigo os amores.
Proibir a mendicidade…
Faz o homem sem pensar,
Mas não proíbe a caridade
Nem a vontade de dar.
Prometes-te e não cumpris-te
Sofre alguém esse teu porte;
O coração que feris-te,
Te pede contas na morte.
Quando eu um dia me for…
Não me chores, minha querida;
Pois quem morre por amor
Fica sempre nesta vida!
Quem me dera ser a lua
Num vaivém sempre a rodar,
Iluminar tua rua…
E no teu quarto espreitar.
Quero levar a saudade
Quando desta vida for…
É sonho da mocidade
Que sempre falou de amor.
Repara bem ao dançares
Que não te calquem os pés,
E se de par tu trocares
Podem te dar pontapés.
Risonhos dias vivi
Na vida que me foi dada,
Mas hoje já tudo esqueci
Desse sonho que foi nada.
Rosa branca que venero
Neste jardim de saudade;
És o amor mais sincero,
Que ficou da mocidade.
Se a desgraça fosse pão
Que a todos fome mata-se,
Eu não teria um irmão
Que na vida mendigasse.
Se a fogueira se apagou
Não te importes meu amor,
Outro fogo começou
Que dá muito mais calor.
Se a lei tudo castiga
Eu não sei porque razão…
Ou tudo é canto ou cantiga
Pra todos comer o pão.
Se algo sofri não sei quanto
E não sei quando nasci…
Pois tudo hoje é só pranto
Da mentira em que vivi.
Se a saudade é letra morta
Não o posso afirmar…
Só sei que me bate à porta
Mesmo sem eu a chamar!
Se a sorte nasce no prado
Sem ninguém a semear;
Triste sina este meu fado
Não consigo encontrar.
Se na vida não fui nada
Nada me deram pra ser,
Nasci de uma vida errada
Culpa teve o meu nascer.
Se o Sol tudo aquece
Só o comparo então;
Ao amor que se merece,
E aquece o coração.
Ser bem pobre e não ter nada
É dom que Deus nos legou;
Quando a vida terminada,
Vai cantar o que chorou.
Sonhando pela vida afora
Saudades feitas por mim…
Mas só me apercebo agora
Que este sonho está no fim.
Sonhei contigo, e a sonhar
Corri distâncias sem fim…
Pois só sei que ao acordar,
Estavas pertinho de mim.
Sou filho que por desgraça
Nada tenho pra comer,
Se ás vezes riu por graça
Sou hipócrita sem querer.
Tempo que passa é saudade
De algo que fica chorando.
São sonhos da mocidade
Que ficam por nós chamando.
Tudo lembro com saudade
Dos tempos que já lá vão,
Mas só vejo a bondade
Distante do coração.
Tu me deste a luz da alma
De um sonho quase acabado;
Hoje te oferto a vida calma,
Que abraçamos lado a lado.
Um português a cantar
Faz de uma trova canção,
Depois do verde provar
Canta por uma Nação.
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