quarta-feira, 16 de agosto de 2017

Luna Fernandes


1
A glória, após a partida,
não nos traz paz nem conforto:
quero ser mortal... com vida!
E não imortal... e morto!
2
As outras brincam de roda…
E a olhar a brincadeira
a menina se acomoda
sobre as rodas da cadeira…
3
Ciúmes - já disse alguém -
vivem no fundo da gente.
Ninguém diz que tem, mas tem;
ninguém quer sentir, mas sente.
4
É a nossa vida, em resumo,
uma estrada em que se passa,
da qual só se traça o rumo...
O limite, é Deus quem traça.
5
Embora eu lute e me agite
nesse afã, pelo pão-nosso...
eu sei que existe um limite
entre o que eu quero e o que eu posso...
6
Em meu brinquedo, entretido,
a brincar de esconde-esconde,
eu fui ficando escondido
não sei de quem, nem sei onde.
7
Eu e a vida estamos quites
pois, se de modo severo,
a vida me impõe limites,
eu, quase sempre os supero...
8
Fogosa, a "gata", no leito,
já fez tudo o que sabia...
E o velho, "do mesmo jeito",
comenta: "Que teimosia!'...
9
Há de ter sonhos pequenos
todo aquele que acredite
que, nos limites terrenos,
a vida tem seu limite.
10
Jurei não te procurar...
jurei, mas quebrei a jura...
quem ama pode jurar
não procurar, mas... procura.
11
Meu coração, tem cuidado.
No amor, não te precipites
pois, o amor é ilimitado
mas tu tens os teus limites...
12
Na calma insossa da praça
o ancião mede a distância
que vai dos dias que passa
aos dias da sua infância.
13
Não me queixo se, de dores,
minha vida hoje é repleta,
pois sofrer plantando flores
é destino de poeta...
14
Não somos dois, - asseguro -
somos metades... E assim,
ao procurar-te, eu procuro
outra metade de mim...
15
Nessa procura incessante,
sem ter achado o que eu quis,
achei, na vida, o bastante
para achar que sou feliz!...
16
Nos domínios de Afrodite
ninguém fica ileso a nada...
Pois, neles não há limite
que algum amor não invada...
17
O carrilhão, com sonoras
e compassadas batidas,
marca o limite das horas...
Marca o limite das vidas...
18
Para não ter frustrações
de insucessos e fracassos,
eu limito as ambições
ao limite dos meus passos...
19
Por mais que estude e medite
sobre os mistérios do Além,
verá que existe um limite
que ninguém passa... Ninguém!
20
Por mais que julguem bisonhos
teus sonhos, nunca os evites
e nem limites teus sonhos...
que os sonhos não têm limites.
21
Quando os meus sonhos, escassos,
se despedaçam, tristonho,
eu vou juntando os pedaços
e deles faço outro sonho…
22
Se partires, algum dia,
não me acenes e nem chores...
Que cada aceno faria
minhas tristezas maiores…
23
Talvez porque eu cante tanto
o mesmo amor, há quem diga
que essas cantigas que eu canto
são sempre a mesma cantiga...
24
Tem calma, velhice, aguarda!
Não venhas me ver ainda!...
Que não receies ser tarda,
porque nem tarda és bem vinda...
25
Um beijo de despedida...
Depois o aceno... E depois,
nós dois, o resto da vida,
com saudades de nós dois…
26
Vejo enfim, com desencanto,
que tive sonhos de rei...
Fui à procura de tanto!...
E foi tão pouco que achei!

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