domingo, 18 de dezembro de 2022

Pedro Melo (Caderno de Trovas)

Magnífico Trovador em Nova Friburgo, 2010 (Líricas/filosóficas) e 2022 (humorismo)
 

A briga passa do ponto,
mas nosso beijo a termina...
O amor, depois de um confronto,
é movido a adrenalina...
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A folha em branco é cruel...
O nada é a sua artimanha...
Ao confrontar o papel,
nem sempre o poeta ganha...!
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Ainda que sejas minha
só nos lençóis do meu sonho,
tu moras em cada linha
das páginas que componho!...
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Altas horas... a alma inquieta...
e, revirando o que sente,
a vigília do poeta
acorda um verso indolente...
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Ao meu lado nesta lida,
os amigos, venho a crer,
são a família que a Vida
me permitiu escolher.
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Chega dezembro… e as pessoas
camuflam seu próprio mal…
Quem dera que fossem boas
não apenas no Natal…
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De que vale o estardalhaço
de quem grita que é cristão,
quando a Bíblia, sob o braço,
não está no coração.
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Em nosso Amor tu te impões...
Eu sou quase teu mascote...
- Mas aceito teus grilhões
e ainda peço o chicote...!
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Em vigília a vida inteira,
me trazendo lenitivo,
a Ilusão é uma enfermeira
que mantém meu sonho vivo...
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Esta saudade tão rude
que faz minha alma deserta
vem desde o tempo em que eu pude
mas não fiz a escolha certa!
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Eu tenho a resposta pronta
e digo que o amor é findo...
Mas o espelho me confronta...
e sabe que estou mentindo...!
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“Eu volto...” Mas acontece
que não voltas... e, cansada,
minha vigília adormece
no colo da madrugada...
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Faz regime... e, por fazê-lo,
se desespera a coitada,
pois sempre tem pesadelo
com rodízios... de salada!…
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Fez a macumba... no entanto,
desesperou-se e sofreu...
- Em vez de “baixar” o santo,
a caxumba é que desceu...
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Há almas cheias de fel,
cujo rancor as emperra:
- Almejam vida do Céu
sem merecer nem a terra...!
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Importando-se comigo
em qualquer ocasião,
Deus é o meu melhor Amigo...
e sempre está de plantão...!
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Meus dias hoje não têm
a luz outrora sentida,
devido à ausência de quem
era a Luz de minha vida!
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Morre a sogra... e o genro, “terno”,
fala com certo cinismo:
“Talvez o calor do inferno
seja bom pra reumatismo...”
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Para esquecer o passado,
tenho um exemplo excelente:
- O rio, mesmo apertado,
só sabe correr... pra frente!
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Passa o tempo... e, enquanto corre
a lembrança vai sumindo...
Mas a saudade não morre:
- Apenas fica dormindo...
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Percorrendo triste rota,
sem quem amou é que sente:
- A Saudade é uma gaivota
planando dentro da gente...
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Pro inferno a sogra desceu
e apavorou a plateia:
O demo até se benzeu
ao ver a cara da “véia”...
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Quanto equívoco...! (Hoje sei...)
Burrada atrás de burrada...
Quantas portas eu tentei
abrir com a chave errada...
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Quero, mas não fujo dela...
que em tudo se faz presente:
— A Saudade é sentinela
em vigília permanente...
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“Quero um homem!” – diz, “acesa”,
a um gatão dentro do trem...
E, para sua surpresa,
ele responde: “Eu também...”
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Quis conquistar teu carinho,
mas tu não quiseste o meu.
- Escolheste outro caminho...
e a solidão me escolheu...
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Se a vida, em seus embaraços,
faz minha vida ser triste,
busco prazer em teus braços...
...e esqueço que a vida existe...!
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Sou peão que, em desatino,
não viu que estava iludido...
Contra o touro do destino,
todo confronto é perdido...!
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Tanto a maldade se eleva
num mundo contrário e horrendo,
que, em confronto com a Treva,
hoje é a luz que está perdendo...
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Tanto a paixão nos deslumbra
e o seu ardor nos seduz,
que, em nosso quarto, a penumbra
é pontilhada de luz...
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Tento esconder como estou,
mas saudade não tem jeito:
- Tua ausência faz um gol
e rasga a rede em meu peito...!

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