1
A aliança é um elo sagrado,
mas quando o amor morre cedo,
lembrando um sonho acabado,
é um zero enfeitando o dedo...
2
A Morte vem tarde ou cedo
- com brumas no fim da estrada.
São as neblinas do medo...
- Talvez tudo... -Talvez nada...
3
A neblina sobre a mata,
antes que o sol doure a terra,
parece um manto de prata
nos ombros verdes da serra.
4
Ao sol, as rosas vermelhas,
sensuais, tontas de luz,
à carícia das abelhas,
vão expondo os colos nus!
5
Aquela aranha paciente,
que tece despercebida,
lembra o destino da gente
e as armadilhas, da vida!
6
A sorte foi bem marota
para o pobre do Aristeu,
fazendo morrer de "gota"
quem só da "pinga" viveu.
7
Bonita e muito falada
na sua repartição
vai a Cota, decotada,
subindo de cotação!
8
Cegonha é coisa de rico
e não passa de pilhéria...
- Quem trouxe o filho do Chico
foi o urubu da miséria!
9
Destino não é somente
a sina que Deus traçou.
- Ninguém se esqueça que a gente
colhe aquilo que plantou.
10
Destino é coisa ilusória,
nesta vida passageira...
- Os fracos não têm história;
e os fortes não tem fronteira!
11
De todas as despedidas,
esta é a mais triste, suponho:
duas almas comovidas,
chorando a morte de um sonho!
12
Ela não anda, flutua...
mas com tanta e tanta graça,
que até os postes da rua
se inclinam, quando ela passa!
13
Ela se foi... E esta espera,
pouco a pouco, transformou
o moço feliz que eu era,
no poeta infeliz que eu sou!
14
Enganam-se os ditadores,
que, no seu furor medonho,
mandam matar sonhadores,
pensando matar o sonho!
15
Formam um par divertido,
mas que foge à realidade:
- pesa o dobro do marido
aquela cara-metade...
16
Lembrando este amor de outrora,
embora oculte o meu pranto,
há uma saudade que chora
em cada verso que eu canto!
17
Lembro, triste, o amor passado,
vendo a Luz e o velho cais:
- saudade é barco ancorado
no porto do "nunca mais" ...
18
Linda viuvinha, a Anacleta,
nos deixa de vistas turvas...
- Não pode ter vista reta
a dona daquelas curvas!
19
Manhã... Ao passar das horas,
incendeia-se o horizonte...
E o Sol - pastor das auroras,
varre as neblinas do monte.
20
Meu dentista entrou em cana;
numa grande confusão...
e uma "coroa" bacana
foi o "pivô" da questão.
21
Morreu a sogra do João
e a família se apavora:
- Com sete palmos de chão,
a língua ficou de fora!
22
Muita gente que eu não gabo
lembra a pipa colorida:
- quanto mais comprido o rabo
mais alto sobe na vida!...
23
Na cachaça, o Zé Caolho
se sente realizado:
embora tendo um só olho,
ele vê tudo dobrado...
24
Não há nódoa mais escura
na história de uma nação
que a dos gritos de tortura
de uma noite de opressão!
25
Nas louras manhãs de estio,
numa suave sonata,
o vento, artista vadio,
dedilha os cipós da mata!
26
No maior crime da História,
morreu um justo na cruz...
- Seu martírio se fez glória
e seu sangue se fez luz!
27
O bem nunca vem de graça,
nem o mal que nos alcança.
- Deus pesa a graça e a desgraça
usando a mesma balança.
28
Os currais estão vazios...
o verde fugiu do chão...
e a seca, bebendo os rios,
vai devorando o sertão.
29
O vento, pastor estranho,
tangendo as nuvens ao léu,
conduz seu alvo rebanho
pelas campinas do céu!
30
Para Deus, na eternidade,
vale mais, nos corações,
um minuto de bondade
que cem anos de orações!
31
Para pescar, o Vicente,
sem que isto o desabone,
usa linha diferente:
- a linha do telefone!
32
Pecadora de olhar terno,
neste mundo, andando ao léu,
muitas almas para o inferno
mandou Maria do Céu!
33
Pra botar fogo na gente
é assim que a mulata faz:
em cima estufa pra frente;
em baixo estufa pra trás!
34
Prefiro ver-te na igreja,
pois na praia há o vento e o mar:
um te abraça... outro te beija...
- Vai, Maria, vai rezar!
35
Quando um povo escravo acorda,
pondo fim ao jugo insano,
a mão de Deus põe a corda
no pescoço do tirano ...
36
Seca Braba. Ao longe, o grito
do carro de bois gemendo
parece um "ai" longo e aflito
do sertão, que vai morrendo ...
37
Sejam "brotos” ou “coroas”
- Isto dispensa argumentos -
São sempre as mulheres "boas”
que inspiram "maus” pensamentos...
38
Se quiser proceder bem
quem briga alheia ajuíza,
dê razão a quem não tem,
pois quem já tem, não precisa!...
39
"Só com o Zé se casaria...”
Jurou, e foi verdadeira:
Já tem três filhos Maria,
e continua solteira!..
40
Toda a desgraça do Alfredo,
que se encontra na prisão,
foi descobrir um segredo:
- o do cofre do patrão!
41
Velho com broto casado,
se brigam, logo entrevejo
que o que ela quer no atacado
ele mal dá no varejo...
42
Vem a neblina... e a cidade
goteja um pranto silente...
- Neblina é como a saudade
molhando os olhos da gente.
43
Vendo-a sorrir, quando passa,
lamento não ser solteiro...
pois ela é cheia de graça
e o pai... cheio de dinheiro!
44
Vigário, a prima Inocência
está na vila outra vez:
me dê logo penitência
para os pecados de um mês!...
A aliança é um elo sagrado,
mas quando o amor morre cedo,
lembrando um sonho acabado,
é um zero enfeitando o dedo...
2
A Morte vem tarde ou cedo
- com brumas no fim da estrada.
São as neblinas do medo...
- Talvez tudo... -Talvez nada...
3
A neblina sobre a mata,
antes que o sol doure a terra,
parece um manto de prata
nos ombros verdes da serra.
4
Ao sol, as rosas vermelhas,
sensuais, tontas de luz,
à carícia das abelhas,
vão expondo os colos nus!
5
Aquela aranha paciente,
que tece despercebida,
lembra o destino da gente
e as armadilhas, da vida!
6
A sorte foi bem marota
para o pobre do Aristeu,
fazendo morrer de "gota"
quem só da "pinga" viveu.
7
Bonita e muito falada
na sua repartição
vai a Cota, decotada,
subindo de cotação!
8
Cegonha é coisa de rico
e não passa de pilhéria...
- Quem trouxe o filho do Chico
foi o urubu da miséria!
9
Destino não é somente
a sina que Deus traçou.
- Ninguém se esqueça que a gente
colhe aquilo que plantou.
10
Destino é coisa ilusória,
nesta vida passageira...
- Os fracos não têm história;
e os fortes não tem fronteira!
11
De todas as despedidas,
esta é a mais triste, suponho:
duas almas comovidas,
chorando a morte de um sonho!
12
Ela não anda, flutua...
mas com tanta e tanta graça,
que até os postes da rua
se inclinam, quando ela passa!
13
Ela se foi... E esta espera,
pouco a pouco, transformou
o moço feliz que eu era,
no poeta infeliz que eu sou!
14
Enganam-se os ditadores,
que, no seu furor medonho,
mandam matar sonhadores,
pensando matar o sonho!
15
Formam um par divertido,
mas que foge à realidade:
- pesa o dobro do marido
aquela cara-metade...
16
Lembrando este amor de outrora,
embora oculte o meu pranto,
há uma saudade que chora
em cada verso que eu canto!
17
Lembro, triste, o amor passado,
vendo a Luz e o velho cais:
- saudade é barco ancorado
no porto do "nunca mais" ...
18
Linda viuvinha, a Anacleta,
nos deixa de vistas turvas...
- Não pode ter vista reta
a dona daquelas curvas!
19
Manhã... Ao passar das horas,
incendeia-se o horizonte...
E o Sol - pastor das auroras,
varre as neblinas do monte.
20
Meu dentista entrou em cana;
numa grande confusão...
e uma "coroa" bacana
foi o "pivô" da questão.
21
Morreu a sogra do João
e a família se apavora:
- Com sete palmos de chão,
a língua ficou de fora!
22
Muita gente que eu não gabo
lembra a pipa colorida:
- quanto mais comprido o rabo
mais alto sobe na vida!...
23
Na cachaça, o Zé Caolho
se sente realizado:
embora tendo um só olho,
ele vê tudo dobrado...
24
Não há nódoa mais escura
na história de uma nação
que a dos gritos de tortura
de uma noite de opressão!
25
Nas louras manhãs de estio,
numa suave sonata,
o vento, artista vadio,
dedilha os cipós da mata!
26
No maior crime da História,
morreu um justo na cruz...
- Seu martírio se fez glória
e seu sangue se fez luz!
27
O bem nunca vem de graça,
nem o mal que nos alcança.
- Deus pesa a graça e a desgraça
usando a mesma balança.
28
Os currais estão vazios...
o verde fugiu do chão...
e a seca, bebendo os rios,
vai devorando o sertão.
29
O vento, pastor estranho,
tangendo as nuvens ao léu,
conduz seu alvo rebanho
pelas campinas do céu!
30
Para Deus, na eternidade,
vale mais, nos corações,
um minuto de bondade
que cem anos de orações!
31
Para pescar, o Vicente,
sem que isto o desabone,
usa linha diferente:
- a linha do telefone!
32
Pecadora de olhar terno,
neste mundo, andando ao léu,
muitas almas para o inferno
mandou Maria do Céu!
33
Pra botar fogo na gente
é assim que a mulata faz:
em cima estufa pra frente;
em baixo estufa pra trás!
34
Prefiro ver-te na igreja,
pois na praia há o vento e o mar:
um te abraça... outro te beija...
- Vai, Maria, vai rezar!
35
Quando um povo escravo acorda,
pondo fim ao jugo insano,
a mão de Deus põe a corda
no pescoço do tirano ...
36
Seca Braba. Ao longe, o grito
do carro de bois gemendo
parece um "ai" longo e aflito
do sertão, que vai morrendo ...
37
Sejam "brotos” ou “coroas”
- Isto dispensa argumentos -
São sempre as mulheres "boas”
que inspiram "maus” pensamentos...
38
Se quiser proceder bem
quem briga alheia ajuíza,
dê razão a quem não tem,
pois quem já tem, não precisa!...
39
"Só com o Zé se casaria...”
Jurou, e foi verdadeira:
Já tem três filhos Maria,
e continua solteira!..
40
Toda a desgraça do Alfredo,
que se encontra na prisão,
foi descobrir um segredo:
- o do cofre do patrão!
41
Velho com broto casado,
se brigam, logo entrevejo
que o que ela quer no atacado
ele mal dá no varejo...
42
Vem a neblina... e a cidade
goteja um pranto silente...
- Neblina é como a saudade
molhando os olhos da gente.
43
Vendo-a sorrir, quando passa,
lamento não ser solteiro...
pois ela é cheia de graça
e o pai... cheio de dinheiro!
44
Vigário, a prima Inocência
está na vila outra vez:
me dê logo penitência
para os pecados de um mês!...
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