Embora alguns autores entendam que o enjambement possa dar realce a certas palavras, somos de opinião que deve ser evitado na trova.
Enjambement é quando palavras que pertencem ao grupo tônico de um verso, à sua unidade, passam para o verso seguinte, onde completam o sentido, muitas vezes com prejuízo para o valor da rima.
Ex:
Seguimos pela estrada
da vida, com nossas mãos
unidas; etc.
Versos sibilantes, com muito s e z, podem ser desagradáveis:
Fez-se mais triste depois.
Sentiu-se assim mais sincero.
Sem sentido se exaspera.
Evite-se a colisão, que é o encontro de sons iguais ou semelhantes também com efeito acústico reprovável:
Pois esse se separou.Foi um dardo do destino.
Sons duros seguidos devem ser evitados:
Foi ele que quis o amor.
Quer quanto vale um tesouro.
Ninguém tem amor à dor.
No último exemplo houve também um cacófato:
morador.
É bom ler em voz alta nossas trovas, para detectar possíveis cacófatos, que é quando do encontro de sons em uma frase resultam palavras ridículas, estranhas ou simples efeito desagradável ao ouvido.
Na humorística, às vezes o cacófato é usado de propósito, para um efeito que leve à hilaridade.
Eis alguns cacófatos corriqueiros:
em festa - infesta;
mas não - asnão;
só com - soco;
se enterra - sem terra;
vez passada - vespa assada;
ela tinha - é latinha;
em versos - inversos;
uma mão - um mamão;
por causa - porca;
da nação - danação;
mas que - masque;
compus - com pus;
amor tem - a morte em;
tu me amaste - tu mamaste;
alma minha - maminha.
Quanto ao uso de nomes próprios na trova, embora comum, somos de opinião que deve ser evitado, mesmo na quadra humorística. Só se justifica em trovas de homenagem. Fazemos exceção para o nome Maria, quando designa mulher, e sem ter sentido pejorativo.
Como no exemplo:
Por duas Marias erra
meu viver de déu em déu:
- a que me perde, na terra,
- a que me salva, no céu.
J. G. DE ARAÚJO JORGE
Na trova, devem ser evitados certos recursos para dar ao verso o número de sílabas, as chamadas cavilhas, que são palavras de apoio para completar a frase melódica, tais como:
meu bem, querida, meu amigo, meu rapaz, eu suponho, todos sabem, todos dizem, creia, acredito, veja bem.
Na maioria das vezes, essas expressões nada acrescentam à trova. Mas pode ocorrer também de serem bem empregadas, como no exemplo seguinte:
Quando à festa vens, querida,
em minha casa modesta,
a festa ganha mais vida
e a vida ganha mais festa!
ANTÔNIO ZOPPI
Evite-se, também, o estrangeirismo - uso de palavras e construções estranhas à nossa língua.
Cuidado com o eco - fonemas que se repetem no verso sem nenhum intento específico de valorização da trova.
Atenção especial com os erros de gramática.
Solecismo é, em sentido lato, toda e qualquer infração cometida contra a língua pátria. É muita pena quando uma bela trova apresenta lapso gramatical. O poeta deve dominar os seus meios de expressão.
Achamos de muito mau gosto fazer pilhéria sobre infortúnios ou ridicularizar pessoas em razão de credo, raça e sexo. Infelizmente, a trova humorística presta-se muito a isso. A mulher, principalmente, é bastante visada. Faz-se piada com a sogra, a velha, a empregada, a grávida, a mulata.
Zombar de alguém em nada contribui para a melhoria do mundo, que necessita de mensagens fraternas.
Fonte: CAVALHEIRO, Maria Thereza. Trovas para refletir. SP: Ed. do Autor, 2009
Enjambement é quando palavras que pertencem ao grupo tônico de um verso, à sua unidade, passam para o verso seguinte, onde completam o sentido, muitas vezes com prejuízo para o valor da rima.
Ex:
Seguimos pela estrada
da vida, com nossas mãos
unidas; etc.
Versos sibilantes, com muito s e z, podem ser desagradáveis:
Fez-se mais triste depois.
Sentiu-se assim mais sincero.
Sem sentido se exaspera.
Evite-se a colisão, que é o encontro de sons iguais ou semelhantes também com efeito acústico reprovável:
Pois esse se separou.Foi um dardo do destino.
Sons duros seguidos devem ser evitados:
Foi ele que quis o amor.
Quer quanto vale um tesouro.
Ninguém tem amor à dor.
No último exemplo houve também um cacófato:
morador.
É bom ler em voz alta nossas trovas, para detectar possíveis cacófatos, que é quando do encontro de sons em uma frase resultam palavras ridículas, estranhas ou simples efeito desagradável ao ouvido.
Na humorística, às vezes o cacófato é usado de propósito, para um efeito que leve à hilaridade.
Eis alguns cacófatos corriqueiros:
em festa - infesta;
mas não - asnão;
só com - soco;
se enterra - sem terra;
vez passada - vespa assada;
ela tinha - é latinha;
em versos - inversos;
uma mão - um mamão;
por causa - porca;
da nação - danação;
mas que - masque;
compus - com pus;
amor tem - a morte em;
tu me amaste - tu mamaste;
alma minha - maminha.
Quanto ao uso de nomes próprios na trova, embora comum, somos de opinião que deve ser evitado, mesmo na quadra humorística. Só se justifica em trovas de homenagem. Fazemos exceção para o nome Maria, quando designa mulher, e sem ter sentido pejorativo.
Como no exemplo:
Por duas Marias erra
meu viver de déu em déu:
- a que me perde, na terra,
- a que me salva, no céu.
J. G. DE ARAÚJO JORGE
Na trova, devem ser evitados certos recursos para dar ao verso o número de sílabas, as chamadas cavilhas, que são palavras de apoio para completar a frase melódica, tais como:
meu bem, querida, meu amigo, meu rapaz, eu suponho, todos sabem, todos dizem, creia, acredito, veja bem.
Na maioria das vezes, essas expressões nada acrescentam à trova. Mas pode ocorrer também de serem bem empregadas, como no exemplo seguinte:
Quando à festa vens, querida,
em minha casa modesta,
a festa ganha mais vida
e a vida ganha mais festa!
ANTÔNIO ZOPPI
Evite-se, também, o estrangeirismo - uso de palavras e construções estranhas à nossa língua.
Cuidado com o eco - fonemas que se repetem no verso sem nenhum intento específico de valorização da trova.
Atenção especial com os erros de gramática.
Solecismo é, em sentido lato, toda e qualquer infração cometida contra a língua pátria. É muita pena quando uma bela trova apresenta lapso gramatical. O poeta deve dominar os seus meios de expressão.
Achamos de muito mau gosto fazer pilhéria sobre infortúnios ou ridicularizar pessoas em razão de credo, raça e sexo. Infelizmente, a trova humorística presta-se muito a isso. A mulher, principalmente, é bastante visada. Faz-se piada com a sogra, a velha, a empregada, a grávida, a mulata.
Zombar de alguém em nada contribui para a melhoria do mundo, que necessita de mensagens fraternas.
Fonte: CAVALHEIRO, Maria Thereza. Trovas para refletir. SP: Ed. do Autor, 2009
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