1
A gaiola me resguarda
da fatal atiradeira:
do chumbo da espingarda,
da pedra da baladeira.
2
A juventude sadia
brincando cria um evento,
com lindo sorriso envia
buquê de flores ao vento.
3
Araras num voo rasante,
recolorindo a paisagem,
reflete um ditoso instante
no esplendor da plumagem.
4
A rede armada na praia,
lazer que embala o casal,
que no Ceará se espraia
ao longo do litoral.
5
A sedução dessa imagem
vem de um pseudo horizonte,
pré-confundindo a paisagem
num reflexo estonteante.
6
A sombra da juventude
na parede projetada,
contrasta com lassitude
da velhice na calçada.
7
Bailar na vida é rotina
de quem sabe ser feliz,
e nunca fecha a cortina
do baile que não tem bis.
8
Cai a chuva sobre a terra
em queda fenomenal;
quanta alegria que encerra
até banhando o casal.
9
Cenas de tempos passados,
que à saudade satisfazem,
evocam sonhos dourados
e muito a tantos aprazem.
10
Confirma-se o sofrimento
do pobre homem, coitado!...
pois desde o seu casamento
que ele vive acorrentado.
11
Comprova a fama que traz,
o casal protagonista
desse filme ora em cartaz,
intitulado turista.
12
Considero a efervescência
dessa densa multidão,
estressante consequência
da tal globalização.
13
Com sua vela enfunada
não lhe intimidam navios
e singra, afoita jangada,
os verdes mares bravios.
14
Cores de outono bizarro
que a paisagem modifica;
E a estrada tosca de barro
juncada de folhas fica.
15
Era um garoto travesso,
Um mestre na peraltice:
virava tudo ao avesso,
era o rei da macaquice.
16
Essa fumaça abismal
configura um retrocesso
atroz e paradoxal,
nas esteiras do progresso.
17
Fora a lida humanitária,
do trabalho grande amiga,
herdara dessa operária
o denodo da formiga.
18
Gosto de me divertir
nas belas praias do Iguape,
mas acho melhor curtir
a serra de Maranguape.
19
Já tenho setenta e três
nessa tal melhor idade,
versando com lucidez
e muita felicidade.
20
No cais, sem vela, ancorado,
o barco sofre a lacuna,
de um capitão reformado
que abandonou velha escuna.
21
No mar da vida sonhei
com a rota certa e fiel.
Sereno, as vagas singrei
num barquinho de papel.
22
Nos acordes, uma festa,
namoro no coração;
são enlevos da seresta
nas cordas de um violão.
23
O arrojo dos alpinistas
arrepia tal qual túmulos,
mormente quando as conquistas
escalam os níveos cúmulos.
24
Oh! vento que vela enfunas.
Oh! buggy aberto ao terral,
cinzelando as alvas dunas
ornam praias de Natal.
25
Olhando a fotografia
me confunde um leve açoite:
no relógio é meio-dia
ou será que é meia-noite?
26
O luar no mar refrata
feixe de raios azuis,
realça a onda e retrata
a praia que nos seduz.
27
Ontem pujante esperança
numas linhas refratárias;
no caderno, hoje, a lembrança
das minhas trovas primárias.
28
Os sentimentos do mar
as ondas cantam na areia,
afagando o firme olhar
da solitária sereia.
29
Para o carinho colher,
por Maranguape eu passava,
subia a serra a rever
a noiva que ali morava.
30
Permita entrar meu amor
pela porta da afeição,
para expulsar o torpor
que anula a sua razão.
31
Pode até conter amor,
mas a emoção será pouca:
beijos por computador!...
prefiro os de boca à boca.
32
Pra viagem convidado,
chegou depois da partida.
Convém tomar mais cuidado:
se não, perde o trem da vida.
33
Quanto mais vai apertando
tanto mais fica gostoso,
com esse aperto estreitando,
doce abraço carinhoso!...
34
Quisera que sempre houvesse
nas mãos que dominam o mundo,
a força que o amor exerce
num viver livre e fecundo.
35
Rio de curvas simétricas
emoldurando a paisagem,
cinzela as veias poéticas
da natureza selvagem
36
Tens a missão importante
num mar sereno ou escuro,
indicando ao navegante
aquele porto seguro.
37
Terra de gente importante
que em Maranguape nasceu:
do Chico, comediante;
d’um Capistrano de Abreu.
38
Um carinho especial
dispensei à margarida;
essa flor que hoje é vital
no jardim da minha vida.
39
Vai disposto e sorridente,
o senil casal surfar.
Quanta alegria evidente
por se divertir no mar.
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