Creio que, talvez por uma secreta aversão, o uso do computador está criando problemas. Não se “escreve” mais o que se deseja publicar, basta sentar, digitar e mandar; talvez esteja faltando um pouco de tempo para “pensar” ou para “conferir”; talvez ninguém mais “escreva”, “ponha na gaveta”, “leia”, “confira”, “reescreva” e, só então, divulgue. Alguns fatos, lamentavelmente, confirmam meu ponto de vista, vejamos:
- Quando o Informativo da Seção São Paulo publicou a notícia sobre a Comissão de Fiscalização, rapidamente, um Trovador, saiu dando uma “aula” sobre Macartismo e falando em “caça às bruxas”.
Seu autor esqueceu que, em todas as entidades, literárias, políticas, esportivas, etc., existem órgãos de controle e fiscalização. Seu autor esqueceu que, quando um fato irregular ocorre, deve ser corrigido, até por que , no mínimo, prejudicou alguém. Seu autor não sabe que tivemos, em pouco tempo, três casos que foram devida e sigilosamente, resolvidos, preservando Trovadores (as), Seções e Concursos. Sem nenhuma “caça às bruxas”!
- Depois um outro email, reproduzido em um jornal da Trova, fala na “mesmice” dos Concursos e diz que: - “Os Trovadores fogem das Trovas Líricas e Humorísticas”, e que preferem “fazer Trovas Filosóficas com ideias comuns”.
O autor não deve estar acompanhando o que ocorre nos Concursos e/ou Jogos Florais! Entre 2007 e 2008 tivemos 13 ou 14 Concursos Humorísticos ou seja, entre 150 e 250 Trovas Humorísticas premiadas e publicadas. Ainda neste período, quase 70% das Trovas classificadas em Concursos e Jogos Florais, eram Líricas! Tudo isto considerando que há Concursos com Temas que, praticamente, não aceitam o Lirismo: Tradição, Academia, Samaritano, Brasil, Ecologia, Agricultura, Tribunal, Fraternidade, Reis Magos, Natal e outros. Depois se estende em falar sobre a “falta de renovação”, mas, fala, fala e não apresenta uma solução.
É como se eu falasse sobre o trânsito caótico e congestionado de São Paulo, e poderia fazê-lo por horas a fio, mas não desse nenhuma sugestão para resolver o problema.
– Agora, um trabalho de três páginas, sobre uma Trova premiada em Campos, rimando: moral com pau. O autor argumenta sobre a pronúncia, dando como exemplo a pronúncia de ambos como aw, isto é usando o W como base.
Com certeza não conhece o Rio Grande do Sul, onde o L é L mesmo e onde Walter tem som de V. Diz que “hoje somos o único grupo literário coeso que usa de uma forma fixa”, e, eu pergunto: Não será por isso que, há mais de 60 anos, o Concurso de Quadras de São João, do Jornal de Notícias, no Porto, Portugal, recebe, anualmente, mais de 5.000 Quadras?
Afinal, os poetas continuam a fazer seus sonetos decassílabos ou alexandrinos e estes seguem sendo expoentes da poesia clássica. Esperando que as “atualizações” ou “modernizações”, seja lá como queiram chamar, não obriguem as Comissões Julgadoras a abrir os envelopes das Trovas premiadas, antes de defini-las...
–“Ah! Este é, gaúcho, rima tal com mal. Está certo!”
- “Ah! Este é, carioca, rima tal com pau. Está certo!”
- “Ah! Este é mineiro, conta rio como dissílabo. Correto!”
-“Ah! Este é gaucho, conta tio como monossílabo. Certo!”
Com certeza seria bom que alguns Trovadores lessem o artigo “Recados da China”, de Ivan Angelo, publicado na “Veja São Paulo, de 15/04/2009.
Para finalizar, pode ser que eu esteja enganado mas, a Trova do Nélio Bessant, não seria premiada, em Porto Alegre, em São Paulo, no Rio de Janeiro, em Niterói, em Belo Horizonte ou em Nova Friburgo, só para citar alguns dos Concursos e Jogos Florais realizados no Brasil.
Cremos que é preciso “pensar” mais no que se vai “digitar”; cremos que é hora de “pensar” mais na Trova; cremos que é tempo de buscar toda e qualquer atividade que divulgue a Trova e possa colaborar com a “renovação” dos nossos quadros.
Fonte:
Texto integrante da apostila Oficina de Trovas, de Izo Goldman.
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