A cadeira que, na sala,
num balanço vem e vai…
acorda a saudade e fala
das lembranças de meu Pai…
Ah! Coração, vê se aprendes!
Finges orgulho e altivez,
um mês depois.. te arrependes
começas tudo outra vez !
Ai! paisagem esmaecida
de um quadro em papel machê.
Ai! sombras de minha vida!
Ai! entre as sombras... você!
A resposta custou tanto,
demorou tanto a chegar,
que a esperança lá num canto
envelheceu de esperar!
A saudade em cada fio
dos cabelos, se retrata.
Por isso, é que eu desconfio
que a saudade... é cor de prata.
As coisas simples, modestas,
encerram saber profundo.
Nasceu, sem plumas e festas,
o Maior Homem do mundo!
As jóias, pesando tanto,
são agrados que eu dispenso...
Se queres secar meu pranto,
basta a leveza de um lenço.
Atenta à voz de comando
da patroa, a empregadinha,
pra ver a louça brilhando
lambe os pratos na cozinha.
À "Tua Sombra", não temo
os percalços da maré,
por saber que além do remo,
mais que a força, tenho a fé.
A vida é como a semente,
que não se acaba ao morrer;
fenece, mas novamente
mais tarde... vai renascer!
A vida escreve e ainda assina
mais esta, entre outras verdades:
quem só conhece a neblina
não resiste às tempestades.
Centésima primavera!
Esfumando o azul de um monte,
a natureza se esmera
em seu mais "belo horizonte"!
"Coma a casca (a mãe exorta)
do seu sorvete"... E hoje o Abel
toda vez que come torta...
come o prato de papel!
Conquiste o amor; mas... prudência!
Se o amor for fácil, desista!
Conquista sem resistência
não tem sabor de conquista!
Da capital favorita
dizem de forma sumária:
- "Assim... tão moça e bonita...
não pode ser Centenária"!…
Este louco às gargalhadas
que alegre assim te parece,
esconde em meio às risadas
os conflitos que padece.
Lá nos reinos da lembrança,
lá nos porões da memória,
reina a saudade que trança
e destrança cada história…
Magia – é quando o crepúsculo
do sol, apaga o braseiro,
e um pirilampo... minúsculo…
acende o seu candeeiro…
Mais uma ausência, outra ausência,
um adeus, um nunca mais.
E a longa e triste sequência
dos momentos sempre iguais.
Minas, distâncias tamanhas
de vales, cerros, colinas...
das minas sob as montanhas,
velhas montanhas de Minas!
Minha angústia se resume
no gesto em que acaricio
resquícios de teu perfume
num travesseiro vazio…
Minha sorte é tão inglória,
que ostento ao peito, entre laços,
não as medalhas da glória,
mas o troféu dos "fracassos".
Mostram-me, estradas que eu venço
sem ti, sem fé, sem razão,
que o caminho é mais extenso
se quem passa... é a solidão.
Mudo, quieto, sem barulho,
na sombra em que se mascara
este seu teimoso orgulho
é o portão que nos separa.
Murmuram de nós que amamos
um ao outro, mas que importa?
Importa o que murmuramos
nós dois, por detrás da porta...
Não é sobre um mar de rosas
que se afirma o navegante.
São as ondas fragorosas
que fazem dele... um gigante!
Narram as lendas que as dunas
do deserto, à lua cheia,
são encantadas escunas
navegando em mar de areia…
No antigo ninho eu não entro.
Depois que tu foste embora,
sinto mais frio lá dentro
do que no inverno... aqui fora.
Ocasos... eu posso vê-los
num sino longe a tocar:
no branco dos meus cabelos,
no brilho do teu olhar...
O rouxinol quando canta,
é um joalheiro em serenata,
que tendo de ouro a garganta,
põe jóias na voz de prata.
Perdi. Não quero consolo.
Mais que "pedra de tropeço",
cada derrota é um tijolo
com que me edifico e cresço.
Por onde andarão, agora,
de mãos dadas, por aí,
tuas mãos, minhas outrora,
que, por um nada, eu perdi?
Porque nos sonhos - é certo
não há muros, nem distância,
quantas vezes eu desperto
nos ontens da minha infância...
Postas as cartas na mesa,
vejo que o amor, na verdade,
deu-me por prêmio... a tristeza
e por conquista... a saudade.
Quando o amor acende a chama
no cenário da paixão,
cobre o inverno e em nossa cama
põe suores de verão.
São chamas do mesmo lume
a invadir com seus bailados;
e ambos - o amor e o perfume
gostam de ambientes fechados…
São teus braços sedutores
o abrigo, onde em devaneios,
“ressonam” meus dissabores
e “cochilam” meus receios.
Se, areia do tempo, alcanças
meu deserto entardecer,
busco o oásis das lembranças
e não me deixo abater…
Se fui sol, fui luz e aurora
dos filhos, no amanhecer,
Sinto nos filhos, agora,
minha luz... no entardecer.
Se o "oásis" - abrigo e sombra -
me promete a lua cheia,
nenhum "deserto" me assombra
com tempestades de areia…
Se tens culpa, nunca apontes
com teus dedos a ninguém.
Existem dedos aos montes
a te apontarem também.
Soberana, eu acredito
ser rainha até meu fim,
não desse reino em que habito,
mas deste que habita em mim.
Tem a vida os seus segredos:
deu-me trabalhos de um jeito...
Não tive calos nos dedos
mas, quantos, dentro do peito!
Tenta. Retorna ao início...
Recomeça as caminhadas...
que a conquista e o sacrifício
andam sempre de mãos dadas.
Teu agrado... e como agradas.
É uma festa para mim
quando as portas são fechadas
e o silêncio esconde um "sim".
Tua ausência vem e conta
o que a presença não diz,
e eu brinco de faz de conta,
fingindo que sou feliz.
Voltou sim! Voltar... voltou.
Abriu-me os braços... sorriu.
Só que... o “você” que chegou
não é o “você’ que partiu...
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