1
A dor que se intensifica
e amedronta os dias meus,
é pensar na dor que fica
depois da palavra adeus!
2
A estrela da mocidade,
que em minha infância brilhou;
brilha em meu céu de saudade,
depois que a infância passou!
3
A existência é dividida
em dois extremos da idade:
- um, alvorada da vida,
outro, arrebol de saudade!
4
A insensatez, na verdade,
separou nossos lençóis;
e agora a dor da saudade
dói muito mais entre nós!
5
A liberdade do poeta,
está num verso... Num grito...
No equilíbrio se completa,
vencendo o próprio infinito!
6
Amores na mocidade!...
Depois, a contrapartida:
cansaço, dor e saudade
na curva extrema da vida!
7
A musa chega e me inspira,
num delírio encantador...
Afina as cordas da lira
e enche o meu mundo de amor!
8
Antes que a aurora desponte
dando vida à luz do dia,
tenho que cruzar a ponte
nos braços da poesia.
9
A poesia se engalana,
mas só se torna completa,
quando se faz soberana
na voz do próprio poeta!
10
As cordas desafinadas
e esta voz chegando ao fim!...
São mimos das madrugadas
guardados dentro de mim!
11
A solidão me angustia
e à noite aumenta o meu drama,
vendo a cadeira vazia
que a tua ausência reclama!
12
Às vezes, me falta estima,
vendo a multidão que passa...
Muita gente se aproxima,
mas pouca gente se abraça!
13
A terra inteira secou!…
E, a dor me fez sofrer tanto,
que quando a chuva voltou,
tinha secado o meu pranto!
14
Busquei no universo um dia,
uma resposta eficaz;
que transformasse a POESIA
num hino de amor e paz!!!
15
Cada tropeço me ensina
que a vida é eterno sonhar.
Na vida nada termina,
muda de forma e lugar.
16
Cadeira velha!...Esquecida,
sem dono e sem mais ninguém...
Só a saudade atrevida
reclama a ausência de alguém!
17
Cascata, teu pranto triste,
parece que não tem fim!...
Comparo ao pranto que existe
doendo dentro de mim!
18
Como quem faz uma prece,
braços erguidos se abrindo,
a borboleta parece
um anjo da paz dormindo!
19
Dai-nos ó, Pai, a razão,
desta santa imagem tua…
e que eu reparta o meu pão,
com quem não tem pão na rua!!!
20
Desperto e fico tristonho,
é triste o meu despertar,
ver acabado o meu sonho
antes do sonho acabar!
21
Deus - pintor da natureza,
usando a tinta mais viva:
- pinta o céu, de azul-turquesa
e os mares, de verde-oliva!
22
De volta ao lar que eu não via,
desde a minha mocidade...
Enquanto a emoção crescia,
crescia a dor da saudade!
23
Distante dos teus afagos,
nesta inquieta nostalgia,
meus olhos formam dois lagos
que me afogam todo dia!
24
Do sino, ouvindo a amargura,
da tarde que já morria,
fiz da triste partitura
a mais feliz melodia !
25
Em cada beijo roubado,
que roubo de ti, meu bem,
sinto o gosto do pecado
que o beijo roubado tem.
26
Em seu vai-e-vem bonito,
a lua em seu caminhar...
Enche de luz o infinito,
de prata, as ondas do mar!
27
Enquanto a ciência avança,
fato novo se descobre…
E o fruto do que se alcança
torna a ciência mais nobre
28
Esta aliança que um dia,
já guardou nossos segredos;
hoje guarda a nostalgia
das digitais de outros dedos!
29
Esta distância tão triste,
entre nós dois, na verdade,
mede a distância que existe
entre o AMOR e a saudade!
30
Esta dor que em mim persiste
e não me deixa dormir!...
é "aquela" lembrança triste
do que deixou de existir!
31
Este amor que em mim fervilha,
quando estamos sempre a sós...
se for bem feita a partilha,
será eterno entre nós!
32
Eu vejo ó linda criança,
neste teu sorriso lindo,
a mais feliz esperança
das esperanças dormindo!!!
33
Há uma sombra em meu caminho
que me segue…e, mesmo assim…
Nem quer me deixar sozinho
nem diz o que quer de mim!
34
Já escalei morros medonhos,
caminhando passo a passo.
Mas nunca pude em meus sonhos
escalar nuvens no espaço!
35
Já pronta e de vela içada
tremulando de ansiedade,
vai para o mar a jangada
carregada de saudade!
36
Larga a tristeza e acalanta
teus sonhos, por onde fores.
Nada no mundo suplanta
teus lindos sonhos de amores!
37
Mãe preta! teu negro seio
deu-me o mais puro sabor;
nele eu bebi sem receio
a eternidade do amor!
38
Meu Deus! se a chuva caída,
fecunda o sertão no estio,
o inverno é fonte de vida
do sertanejo bravio!
39
Morre a flor na flor da idade,
padece a planta de dor;
a ausência deixa saudade,
até na morte da flor!
40
Morre a tarde!...E ao fim do dia,
na imagem do sol poente,
há tintas de nostalgia
do fim da tarde da gente!
41
Na sinfonia das almas
ensaia-se lindo canto;
ouvem-se preces e palmas:
- Padre João Maria é santo!
42
Na loucura dos meus versos,
e em quase todos seus traços,
há pedacinhos dispersos
do amor que tive em teus braços.
43
Não me faça mais perguntas,
erro assim, não mais cometa...
Talvez, só nossas mãos juntas
possam salvar o planeta!
44
Nas asas de um vento brando,
na espuma branca do mar…
as ondas chegam cantando,
trazendo o sal potiguar!
45
Na vida que se renova,
no Natal que se aproxima,
eu forro a mesa com trova,
e brindo a noite com rima.
46
Nesta longa caminhada
que fazemos sempre a sós...
Nem o silêncio da estrada
quebra o silêncio entre nós!
47
Ninguém é pedra polida,
se não mudar de conduta;
pois, a pedreira da vida
é feita de pedra bruta!
48
No outono triste da idade,
meu lago de solidão
transborda só de saudade
dos meus dias que se vão!
49
Nosso casebre, é de palha
de pau-a-pique a parede.
O amor que aqui se agasalha,
dorme comigo na rede!
50
O aborto, triste ferida,
que nos faz tanto sofrer;
como dói matar a vida,
antes da vida nascer!
51
Ó cigarra destemida
o seu disfarce me encanta,
por não ter nada na vida
e ser feliz quando canta!
52
Ó coqueiro pequenino,
que tanta água nos deu!
Que ironia o teu destino:
- por falta d’água morreu!!!
53
O mundo é roda gigante,
girando sempre a girar,
e eu sou passageiro errante
procurando meu lugar!
54
O outono da vida ingrata,
chega fazendo atropelos:
Joga tinta cor de prata,
na tinta dos meus cabelos!
55
Pelas manhãs vou buscando
minha esperança perdida...
Há sempre um sonho vagando
nas alvoradas da vida!
56
Porteira velha, o gemido
desta dor que te corrói...
é o teu passado esquecido
que em teu presente inda dói!
57
Por teu amor sofri tanto,
foi tão grande o meu desgosto,
que cada gota de pranto
se fez cascata em meu rosto!
58
Prazer é sentir os dedos
de nossas mãos artesãs
pintando os lindos segredos
das auroras das manhãs!
59
Quando a tarde veste o manto,
torna escura a luz do dia...
Saudade dói outro tanto
do tanto que já doía!
60
Quantas lições primorosas,
num pequeno beija-flor,
que beija todas as rosas
enchendo o mundo de amor!
61
Quase seca...E a fonte insiste
em seu lamento de dor!
É o canto ficando triste
e a fonte jorrando amor!
62
Rasga o manto que te cobre,
mostra teu riso e esplendor…
Pois, a cortina, mais nobre,
não cobre um riso de amor!
63
Revendo entulhos e tacos,
na tapera dos meus sonhos,
chorei por ver tantos cacos
dos meus dias mais risonhos!
64
Saudade de amor… lembrança,
que dói mais que qualquer dor!
Nem na velhice descansa,
quem tem saudade de amor!
65
Saudade – no fim do dia,
já sei por que me dói tanto:
- aumenta a melancolia,
dobra as dores do meu pranto!
66
Saudade – seja onde for,
sempre é saudade, meu bem.
Um sentimento de amor
que dói no peito de alguém!
67
Sempre sozinha, aos farrapos,
mas de rosário na mão...
A fé tecida entre os trapos,
remendava a solidão!
68
Se o tempo me desse tempo,
de fazer mais do que faço,
queimava a sobra do tempo
no calor do teu abraço!
69
Sinalizando o caminho,
do nauta na escuridão;
o farol velho, sozinho
é fantasma e solidão!
70
Sonho repetidamente,
vendo um clone em tristes ais,
chorando porque não sente
o carinho dos seus pais.
71
Sou sertanejo e não nego
crestei meus pés neste chão.
Nestas marcas que carrego ,
carrego o próprio sertão!
72
Teu amor que me enternece,
que acaba todo meu pranto,
da sobra faço uma prece,
e ainda sobra outro tanto.
73
Vem das águas cristalinas
e vem da espuma do mar,
o sal das brancas salinas
do meu rincão potiguar!
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