1
Ao homem, na sua essência,
diante a sua fraqueza,
deu-lhe Deus com sapiência,
por amparo, a fortaleza!
2
Ao ver, a morte estampada,
na face de uma criança,
vê-se, ali, riste, ceifada,
para sempre, uma esperança,
3
Até mesmo o passarinho,
deixa a seca, a região,
para formar novo ninho,
onde houver fartura em grão.
4
Canta, canta, ó menestrel,
ante a lua a te acolher,
mais um tango de Gardel
que nos faz enternecer…
5
Com frases que vêm do peito,
meu coração se declara
ao verso, mais que perfeito:
— A trova, esta joia rara!
6
Como que por acalanto,
descerra a noite, o seu véu.
Cobre a terra com seu manto,
expondo estrelas no céu!
7
Com teu verso, solto ao vento,
levaste, a trova, aos altares,
com poesia e talento,
Ó Sebastião Soares!
8
Confirmando as suas lendas,
por capricho, o velho mar,
cobre as areias de rendas,
quando a praia vem beijar...
9
Desista, irmão, dessa guerra,
abrace a paz benfazeja,
pois a vida, enfim, se encerra,
onde o combate, sobeja.
10
Eis a serra majestosa!
Na natureza, um painel...
— Imponente, imperiosa,
altiva, buscando o céu!
11
Ela vem com seu achaque,
nossa paz, ela degreda,
a sogra é que nem conhaque:
- Aos poucos, ela embebeda!
12
Em noite de lua cheia,
envolto a tanto esplendor,
um poeta galhardeia,
versando trovas de amor.
13
Em uma folha vazia,
ponho em versos, sentimentos:
- Meu prazer, minha alegria,
minhas dores, meus tormentos...
14
Nada detém tanto encanto,
nem tanta essência de amor,
qual o feito sacrossanto,
do desabrochar da flor!
15
Não podia acontecer!
Do verbo, qual seu conceito?
Diz Juquinha, sem temer:
- Preservativo imperfeito!
16
Na roça, o suor do rosto,
mostra todo o ardor da lida,
e nesse cansaço exposto:
- Uma esperança de vida!
17
No grande palco da vida,
desse enredo tão atroz,
em cada cena exibida,
há sempre um pouco de nós.
18
No plenilúnio, na noite,
do aconchego dos seus ninhos,
vem a lua como açoite,
aclarar, os passarinhos!
19
No voo, a linda graúna,
com graça e simplicidade,
entoa, por sobre a duna,
seu canto, de liberdade.
20
O bombeiro, seu Clemente,
no boteco, faz seu jogo,
já se apaga, na aguardente,
combatendo o próprio fogol
21
O jardim perdeu as cores,
todo o belo feneceu;
as rosas, sem seus olores,
tal qual o destino meu…
22
Pelos caminhos da lida,
quantos castelos ergui...
- E esses sonhos, pela vida,
com trabalho, os consegui!
23
Por ser um real tormento,
indefinível ao pintor
e um sublime sentimento:
– A saudade não tem cor!
24
Por volúpia ou por feitiço,
todo amor, se faz mister,
no encantamento e no viço,
dos braços de uma mulher.
25
Quando a lua prateada,
resplandece na amplidão,
faz da trova uma morada,
em forma de inspiração.
26
Quando a queimada ameaça,
a vida, sem complacência,
a mata, pela fumaça,
vai aos céus, pedir clemência.
27
Quando a tarde prenuncia,
revoam os passarinhos
e levam toda a magia,
para o abrigo de seus ninhos.
28
Quando o céu, na lua cheia,
expõe os encantos seus,
a serra se galhardeia,
por estar mais junto a Deus.
29
Quando no espelho me exponho,
a velhice me valida,
com marcas de um lindo sonho
e gratidão pela vida...
30
Saudade é dor que se sente,
por quem, por qual, ou razão.
Um vazio que há na gente:
— Mistério de um coração!...
31
Se, a tua noiva, não bebe,
com ela, nunca te cases,
se não bebe, ela percebe,
o que fazes e não fazes.
32
Se a vida traz cicatrizes
por algo que nos aporte,
pelos meus dias felizes,
agradeço a Deus, a sorte.
33
Se os bons ventos são bem vindos,
por trazer-nos sempre o bem,
que levem, após advindos,
os nossos males, também...
34
Só a idade evidencia,
os rumos da nossa essência,
nos dando a sabedoria,
consolidando a existência.
35
Tendo a trova como canto,
o poeta em oração,
põe, em versos, todo encanto,
da mais sublime expressão!
36
Tens meiguice e sedução,
tens, oh Mãe, tanta bondade,
és de Deus, a criação,
que concebe, a humanidade.
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