1
A água fina da chuva
rega a terra ressequida,
produz trigo, mel e uva,
– traz ressurreição à vida.
2
A água na terra é vida,
que faz germinar sementes,
que mata a fome dorida
e traz abundância às gentes.
3
A flor de maracujá
lembra a coroa de espinho;
e o sangue de cor grená
lava do mundo o caminho.
4
Ao contrário da mentira,
é reta a sinceridade;
aquela desperta a ira,
esta, a credibilidade.
5
A primavera das flores,
com borboletas azuis,
inspira tantos amores
e alegra tristes pauis.
6
Aquele pequeno beijo,
outrora despretensioso,
despertou forte desejo
de mais um sonho gostoso.
7
A saudade é o sentimento
que dói no íntimo da gente;
lembra o bom contentamento
que não mais está presente.
8
As horas todas do mundo
pertencem ao joão-preguiça;
dá vida em ser vagabundo,
- nem por viver tem cobiça.
9
Asqueroso é o avarento
que, de si, nada consome;
à família é rabugento,
por dinheiro, unha de fome.
10
A sublime qualidade
de verdadeira grandeza
encontra-se na humildade
com as honras da nobreza.
11
Cada cor numa ocasião!
Por isso é que, volta e meia,
o anseio do coração
faz mais bonita a cor feia.
12
Com seu instinto de fome,
no casório está o glutão;
guloso, tudo consome
e cobre de ossos meu chão.
13
Desde o começo da história,
sempre o lar foi respeitado;
é uma norma obrigatória
ver nele templo sagrado.
14
Dinheiro e felicidade
são coisas que nos convém;
sem ele a calamidade
nos leva cedo pro além.
15
Educação, chave de ouro,
fonte de sublimação.
Na verdade, é um tesouro
de infinda realização!
16
Faço trovas noite e dia,
minto à imaginação...
Vivo, então, minha alegria
na magia da ilusão.
17
Feliz de quem, nesta vida,
só virtudes praticar;
há de ter força renhida,
quando o inverno lhe tocar.
18
Há coisa que não te explico
na desditosa paixão:
Com quem me quer eu não fico,
com quem quero me diz “não”.
19
Há rosa de muito espinho
que nos dá prazer e graça.
Há rosa que, sem carinho,
apenas nos traz desgraça.
20
Há um tal político aí
que diz: “Vocês são fregueses”!
E mente mais que o saci,
pois, já mentiu cem mil vezes!
21
Importante é o instrumento
para se agir na arte em vista;
melhor, porém, é o talento,
pois é o coração do artista.
22
Meiga mãe, diva senhora,
teu amor é, num segundo,
mais que tudo que se aflora
na eternidade do mundo.
23
Minha cara, dá-me a mão,
é por ti que vivo e morro!
Dá-me afeto, sim, do cão,
Não, porém, de um “cão cachorro”
24
Mulher é anjo da guarda,
seiva de vida na terra;
em tudo, sempre vanguarda,
pomba de paz e...de guerra.
25
Naqueles tempos de antanho,
ninguém era assim tão homem:
Havia pavor tamanho
das noites de lobisomem.
26
Na trova – mau aprendiz,
na bola – perna de pau,
na foice – quebra os quadris,
mas toca bem berimbau!
27
Neste frio que assola tudo,
cobertor é todo em vão.
O que me aquece, contudo,
é o seu próprio coração.
28
Neste mundo, sentir-se útil,
sobrepor a adversidade,
não dar ouvidos ao fútil,
já é ter felicidade.
29
Neste mundo, tudo passa
contra nosso próprio gosto.
Tudo se torna fumaça
dizem as rugas do rosto.
30
No campo da eternidade,
os tempos não passarão:
só há imortalidade
aos vivos que lá irão.
31
No mar bravio desta vida,
sem rumo pra navegar,
rezo à minha Mãe Querida,
que é minha Estrela-do-Mar.
32
No planeta dos contrários,
rola pedra – rola o mal.
E dizem os salafrários
que tudo isso é natural.
33
Nos horários de verão,
os galos em trapalhada,
sem saberem que horas são,
cantam sempre em hora errada.
34
O amigo certo procura
na conduta a retidão.
Mesmo em grande desventura,
a outrem estende a mão.
35
O apego pelo sertão,
da gente lá do Nordeste,
é verdadeira paixão,
pois cria “cabra da peste”
36
O plagiário é caricato
que no mundo se repete;
é escritor com mão de gato
e pintor que pinta o sete.
37
O protetor curupira,
na lenda que inda nos resta,
quer enlaçar com embira,
criminosos da floresta.
38
O silêncio e a solidão
possuem valores tantos;
neles, longe da paixão,
já nasceram grandes santos.
39
O tal velhaco, ao comprar,
é labioso em sua história;
mas, depois, não quer pegar,
diz até não ter memória.
40
Quanto tempo tem passado
sem saber do meu amor.
Não me dá nenhum recado,
a curtir eu vivo a dor.
41
Quão exímia pensadora
é a coruja que se cala.
É tão nobre esta doutora,
que besteira nunca fala.
42
Que coisa descomunal
aquele curvo nariz
que, ao assoar, é um temporal...
- e escorrer qual chafariz
43
Quem reza, nos diz o santo,
tem eterno bom viver,
mas quem não reza, no entanto,
pode o futuro perder.
44
Quem vive na ociosidade
não trabalha bem a mente.
Com muita facilidade,
surge um vício permanente.
45
Saudade dos lábios teus
eu tenho neste momento,
quando, juntinho aos meus,
trazias-me abrasamento.
46
Se brasileiro eu não fosse,
seria, então, estrangeiro;
daria o mundo mais doce
só para ser brasileiro.
47
Se eu conhecesse o futuro,
sofrendo assim por amar-te,
se fosse um passo seguro,
juro que iria buscar-te.
48
Sejas um “cão” de amizade,
que ao amigo dês socorro!
Não haja em ti falsidade,
jamais sejas “cão cachorro”!
49
Teu olhar é meu poema
que estou sempre a recitar;
eu fiz dele lindo tema
que me faz sorrir e amar.
50
Todo vício capital
é doença quase sem cura.
Quem se entrega a este mal
lança a vida em sepultura.
51
Tudo é magia e beleza
aos olhos puros do amor;
só o amor traz a certeza
do sentido de uma flor.
Nenhum comentário:
Postar um comentário