7. Trova é cultura:
Por mais simples que seja, a trova, às vezes, contém imagens que exigem um conhecimento específico para serem apreciadas plenamente. Por ex: O diamante é o estágio mineral mais puro do carbono, um elemento químico que forma milhares de compostos. É muito brilhante, mas, um dia, já foi um negro carvão...
Se o erro ficou distante
seja pleno o teu perdão
Não se cobra ao diamante
seu passado de carvão!
(Pedro Ornellas)
seja pleno o teu perdão
Não se cobra ao diamante
seu passado de carvão!
(Pedro Ornellas)
8. Na poesia simbolista (escola literária do final do séc.XIX, tendo, no Brasil, como seu maior representante, o poeta Cruz e Sousa) uma das características é a "sugestão": o poeta não exprime diretamente o que sente, mas sugere, insinua, apela para os sentidos. Prefere criar um clima sugestivo, de formas vagas, em vez de dizer diretamente.
Às vezes, percebo por trás da beleza de algumas trovas, este mesmo efeito do Simbolismo, uma certa atmosfera de insinuação...
Este teu corpo de miss
me deixa o coração tenso...
Imagina se eu te visse
daquele jeito que eu penso!
(Clarindo Batista/RN)
De meu pai, em mim gravada,
guardo a imagem, rotineira,
de uma camisa suada
sobre as costas da cadeira...
(Edmar Japiassú Maia/RJ)
me deixa o coração tenso...
Imagina se eu te visse
daquele jeito que eu penso!
(Clarindo Batista/RN)
De meu pai, em mim gravada,
guardo a imagem, rotineira,
de uma camisa suada
sobre as costas da cadeira...
(Edmar Japiassú Maia/RJ)
9. Coincidência na Trova:
Conforme nos alertou Luiz Otávio em "Meus irmãos os Trovadores":
"Nas trovas, como em todos os gêneros, podemos encontrar identidade de inspiração, semelhança de ideias, igualdades nas estruturas. Geralmente sem maldade... Assim, aconselho aos poetas que lerem alguma trova muito idêntica a uma sua, que não atirem a primeira pedra... Muitas vezes, a que você está lendo e julga ter sido plagiada da sua, foi feita e publicada muitos anos antes."
Para ilustrar os comentários do mestre, cito abaixo 5 trovas iguais na temática (dupla visão do bêbado) e estruturas semelhantes. Da minha parte, posso garantir que nunca tinha lido qualquer uma das outras três.
Que genrinho inteligente!
Bebeu uma vez na vida,
viu duas sogras na frente,
nunca mais topou bebida!
(Élton Carvalho)
De fogo, o goleiro Armando,
enfurecendo a galera,
viu duas bolas entrando,
e pulou na que não era!
(Pedro Ornellas)
Chegou tarde, vista torta,
do boteco o Zé Morais,
viu duas sogras na porta
e não bebeu nunca mais!
(Pedro Ornellas)
O pileque faz das suas!
Pra mim, porre nunca mais!
– Minha sogra virou duas...
castigo assim é demais!
(Josué de Vargas Ferreira)
Tomou "todas" – Que exagero!
Ficou com dupla visão...
Foi pra casa e... Oh! desespero!
Duas sogras no portão!
(Renato Alves)
Bebeu uma vez na vida,
viu duas sogras na frente,
nunca mais topou bebida!
(Élton Carvalho)
De fogo, o goleiro Armando,
enfurecendo a galera,
viu duas bolas entrando,
e pulou na que não era!
(Pedro Ornellas)
Chegou tarde, vista torta,
do boteco o Zé Morais,
viu duas sogras na porta
e não bebeu nunca mais!
(Pedro Ornellas)
O pileque faz das suas!
Pra mim, porre nunca mais!
– Minha sogra virou duas...
castigo assim é demais!
(Josué de Vargas Ferreira)
Tomou "todas" – Que exagero!
Ficou com dupla visão...
Foi pra casa e... Oh! desespero!
Duas sogras no portão!
(Renato Alves)
Observem, agora, a semelhança de temas nos versos muito conhecidos em "Chão de Estrelas" na trova abaixo:
"A porta do barraco era sem trinco,
e a lua furando nosso zinco
salpicava de estrelas nosso chão..."
(Orestes Barbosa)
e a lua furando nosso zinco
salpicava de estrelas nosso chão..."
(Orestes Barbosa)
Dos pingos que a lua espalha
ficava o chão pontilhado...
É que meu rancho de palha
tinha furos no telhado
(Pedro Ornellas)
continua...
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