1
Abra a janela da vida
e mostre o alegre viver!
Que essa saudade doída
não a faça se esconder.
2
Acumular sentimento
dentro do meu coração,
não deixar no esquecimento
o carinho ao nosso irmão.
3
A jovem que se escondeu
nas manhãs da minha aurora,
de repente apareceu
bem diferente de outrora.
4
A medalha pendurada
que está encostada em meu peito,
foi um presente da amada
hoje ... um romance desfeito.
5
A minha casa tem grade
servindo de proteção;
suspeitos em liberdade,
delinquente sem prisão.
6
A ponte do ódio e do amor,
precisa ser balançada
para que o amor, triunfador,
passe livre em caminhada.
7
Busco teu querer em vão,
e vou vagando sem rumo.
Tropeço na solidão...
meu produto de consumo.
8
Cai a tarde e vem à mente,
as que eu vivi no sertão:
– Meu pai, trazendo a semente,
que lhe cabia na mão.
9
Da cadeira que balança,
e dos seus olhos tristonhos,
trago, na minha lembrança,
a vovó no fim dos sonhos.
10
Da casinha... que saudade
- perto da linha do trem -
Faz lembrar a mocidade
e as rodas em vai e vem.
11
Desfolhei as margaridas
pra saber do bem querer...
Mal querer às escondidas,
estava sempre a vencer!
12
Em cada página um poema,
em cada verso a emoção
de encontrar, sem ter dilema,
estampada a inspiração.
13
Foi do campo de batalha ...
- que tristes lembranças traz! -
Trouxe consigo a medalha
e o que queria era a paz!
14
Foi no calor da lareira...
com seu cheiro em toda casa,
me tomaste por inteira
deixando meu corpo em brasa.
15
Folhas mortas ... e eu revivo,
a cada outono que vem,
o nosso laço afetivo
e desse amor sou refém!
16
Há um renovar de energia
e um futuro de esperança,
ao sentir, na mão macia,
o carinho da criança!
17
Minha idade vem rolando
como as pedras no caminho.
Pedra a pedra vou juntando,
edificando o meu ninho.
18
Minha trova aprisionei
em moldura colorida,
o fato é que ali deixei
um pouco de minha vida.
19
Murmúrio que vem no vento,
com certeza deve ser
a voz de Deus, em lamento,
querendo nos proteger.
20
Na travessia da vida
enfrentamos a batalha:
- Ora se perde a investida...
- Ora se ganha a medalha!
21
Na vida de um trovador
há sentimentos variados
e é da alegria e da dor,
que faz seus versos rimados.
22
No jardim em que plantei
para decorar minha alma,
lindas flores cultivei...
Espinhos? Tirei com calma.
23
O adeus assina a sentença...
e eu vejo, em meu padecer,
quando a tua indiferença
vira a página...sem ler!
24
O descendente italiano
sempre tem um sonho a mais:
– atravessar o oceano,
ver a terra de seus pais.
25
Para matar a saudade,
o meu diário eu abri.
Recordei, da mocidade,
momentos bons que vivi!
26
Passaste por minha vida
e eu escrevi nossa história...
Na página envelhecida
eu te prendi...na memória!
27
Por medo de te perder
ou por falta de coragem,
procurei sempre esconder
a minha parte selvagem.
28
Quando o feitiço acontece,
na loucura da paixão,
o nosso corpo padece
e perdemos a razão.
29
Se dói voltar ao passado,
quero sentir essa dor.
Lembranças... de um namorado:
– único e primeiro amor.
30
Sentindo o peso da idade
e, agora em compasso lento
vem, em mente, a mocidade
que se foi... tal qual o vento.
31
Sobreviver nesta vida
é travar uma batalha:
– chora-se a cada partida;
vibra-se a cada medalha!
32
Tantos anos e eu ausente...
Anos que eu sobrevivi.
Hoje vivo intensamente
compensando o que perdi.
33
Tristeza de um pescador
com a canoa no rio,
pensando no lar... e a dor
da fome e também do frio.
BRINCANDO COM A SAUDADE
34
Anos atrás, as crianças
criavam as brincadeiras.
Eu trago, em minhas lembranças,
algumas mais costumeiras.
35
A tampinha da garrafa
era o jogo de botão.
Figurinha em bafa-bafa
e sempre de pé no chão.
36
Cantava escravo de Jó,
sem largar minha boneca.
Da galinha carijó,
as penas viram peteca.
37
Salva, carrinho de lata,
aviãozinho de papel,
como era quente a batata...
melhor é passar anel!
38
Cinco Marias trazia,
guardadas em embornal
e também quando chovia
o barco era de jornal.
39
Chega à noite, ao me deitar
e estando muito cansada,
estória vou escutar,
contada por uma fada.
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