1
A dor que se intensifica
e amedronta os dias meus,
é pensar na dor que fica
depois da palavra adeus!
2
A liberdade do poeta,
está num verso... Num grito...
No equilíbrio se completa,
vencendo o próprio infinito!
3
A musa chega e me inspira,
num delírio encantador...
Afina as cordas da lira
e enche o meu mundo de amor!
4
A solidão me angustia
e à noite aumenta o meu drama,
vendo a cadeira vazia
que a tua ausência reclama!
5
Cada tropeço me ensina
que a vida é eterno sonhar.
Na vida nada termina,
muda de forma e lugar.
6
Cadeira velha!...Esquecida,
sem dono e sem mais ninguém...
Só a saudade atrevida
reclama a ausência de alguém!
7
Dai-nos ó, Pai, a razão,
desta santa imagem tua…
e que eu reparta o meu pão,
com quem não tem pão na rua!!!
8
Esta aliança que um dia,
já guardou nossos segredos;
hoje guarda a nostalgia
das digitais de outros dedos!
9
Já pronta e de vela içada
tremulando de ansiedade,
vai para o mar a jangada
carregada de saudade!
10
Morre a flor na flor da idade,
padece a planta de dor;
a ausência deixa saudade,
até na morte da flor!
11
Ninguém é pedra polida,
se não mudar de conduta;
pois, a pedreira da vida
é feita de pedra bruta!
12
O mundo é roda gigante,
girando sempre a girar,
e eu sou passageiro errante
procurando meu lugar!
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SOBRE AS TROVAS DO PROFESSOR GARCIA
por José Feldman
As "Trovas do Professor Garcia" revelam uma rica reflexão sobre sentimentos universais, como a dor, a saudade, a liberdade e a busca por significado na vida. Cada estrofe aborda temas profundos e humanos, utilizando imagens poéticas para transmitir emoções.
TEMAS PRINCIPAIS
Saudade e Ausência: Muitas trovas expressam a dor da ausência, seja de uma pessoa amada ou de momentos passados, como na cadeira vazia e na aliança que guarda nostalgia.
Liberdade e Criatividade: A liberdade do poeta é um tema recorrente, mostrando como a arte e a expressão criativa são formas de superar limites e encontrar significado.
Reflexão sobre a Vida: Há uma contemplação sobre o aprendizado que vem com as dificuldades e a transitoriedade da vida, sugerindo que nada é permanente.
Solidão e Conexão: A solidão é uma constante, mas também é um espaço onde a conexão com a própria essência e com a arte pode florescer.
AS TROVAS, UMA A UMA
1. A dor que se intensifica
Reflete a dor emocional que acompanha a despedida. A repetição da palavra "dor" enfatiza a profundidade do sofrimento. A ideia de que a dor persiste após o adeus sugere que as memórias são difíceis de esquecer.
2. A liberdade do poeta
Esta trova destaca a relação entre a criação poética e a liberdade. O verso e o grito representam a expressão autêntica. A conclusão sobre vencer o infinito sugere que a arte transcende limitações.
3. A musa chega e me inspira
A musa é uma figura clássica que simboliza a inspiração. A metáfora da lira afina as emoções, indicando que a arte é um meio de conectar-se ao amor e à beleza.
4. A solidão me angustia
A solidão é personificada através da cadeira vazia, simbolizando a presença da ausência. Essa imagem é poderosa, evocando tristeza e uma forte conexão emocional com quem foi perdido.
5. Cada tropeço me ensina
Reflete a ideia de que cada dificuldade é uma oportunidade de aprendizado. A vida como um eterno sonhar sugere que as transformações são constantes e necessárias.
6. Cadeira velha!... Esquecida
A cadeira representa a solidão e a saudade. A descrição de uma cadeira sem dono evoca a perda e a nostalgia, mostrando como objetos podem carregar memórias.
7. Dai-nos ó, Pai, a razão
Uma invocação à divindade, pedindo compreensão e compaixão. A imagem de repartir o pão enfatiza a importância da solidariedade e da empatia em tempos de necessidade.
8. Esta aliança que um dia
A aliança simboliza promessas e segredos compartilhados. A mudança de quem toca a aliança indica a passagem do tempo e o que foi perdido, trazendo um tom melancólico.
9. Já pronta e de vela içada
A jangada simboliza a jornada emocional. Carregada de saudade, sugere que as lembranças e sentimentos ainda influenciam o presente, mesmo em novos começos.
10. Morre a flor na flor da idade
A morte da flor na juventude é uma metáfora para a efemeridade da vida. A ausência deixa saudade, mostrando que até a beleza tem um fim, mas deixa lembranças.
11. Ninguém é pedra polida
A metáfora da pedra sugere que o crescimento pessoal exige mudança e adaptação. A "pedreira da vida" simboliza os desafios que moldam quem somos.
12. O mundo é roda gigante
A roda gigante representa a ciclicalidade da vida e a busca incessante por um lugar no mundo. O "passageiro errante" reflete a incerteza e a busca por identidade e pertencimento.
ESTRUTURA POÉTICA
Rimas e Ritmo: As trovas possuem uma musicalidade que facilita a leitura e a memorização. Isso é típico da poesia popular, tornando-as acessíveis a um público amplo.
Imagens Visuais: As metáforas e imagens, como a cadeira vazia e a jangada, criam cenários que evocam emoções profundas. Essas imagens tornam as experiências universais e relatáveis.
IMPACTO
As trovas têm um poder emocional significativo. Ao abordar temas como dor, saudade e liberdade, elas podem tocar o coração dos leitores, provocando reflexão e empatia. A simplicidade das palavras contrasta com a profundidade dos sentimentos, permitindo uma conexão imediata.
CONCLUSÃO
As trovas se destacam pela sua simplicidade, musicalidade e conexão emocional. Elas servem como uma ponte entre a tradição poética e a experiência cotidiana, fazendo com que sentimentos universais sejam facilmente compartilhados e apreciados. Enquanto outros estilos podem exigir uma leitura mais atenta ou interpretação, as trovas convidam à reflexão de maneira direta e acessível.
O uso de trovas é comum em várias culturas, onde a poesia é utilizada para expressar sentimentos e contar histórias de forma concisa e impactante.
As "Trovas do Professor Garcia" não são apenas poemas; são reflexões sobre a condição humana. Elas capturam a essência da vida, com suas dores e alegrias, e convidam o leitor a se conectar com suas próprias experiências.
Fonte: José Feldman. 50 Trovadores e suas Trovas em preto e branco. vol.1. Maringá/PR: IA Poe. Biblioteca Voo da Gralha Azul. 2024.
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