A cruz, por velha que seja,
no mais tristonho abandono...
Nem pensa quem te apedreja,
que, és a dor do eterno sono!
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Adeus, palavra tão breve,
dois fonemas; e, ademais...
se já dói em quem escreve,
em quem diz, dói muito mais!
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Ante os rumores de guerra
e em meio a tantos deslizes...
Ouço os murmúrios da terra
no clamor dos infelizes!
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A saudade, cor de arminho,
toda tarde se distrai;
chega e se arrancha em meu ninho
e do meu ninho não sai!
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De volta ao meu chão, sozinho,
a saudade se completa,
na voz de um redemoinho
com minha alma de poeta!
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Distante do filho ausente,
meu olhar, perdendo o brilho,
sinto a dor que o cego sente
por não poder ver o filho!
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Em meio a sobras e orgias,
a ganância continua,
e esquece as almas vazias
pedindo sobras na rua!
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Enquanto o ocaso sepulta
a cor rubra do poente,
o manto da noite oculta
o fim da tarde da gente!
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Enquanto o sol, não se acalma,
e, antes que a luz se desfaça;
parece até que tem alma
no sol de minha vidraça!
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Fiz essa ponte na infância
unindo nascente e foz,
para encurtar a distância
dessa distância entre nós!
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Meu olhar se for preciso,
querendo se desculpar...
Pede a esmola de um sorriso
que há no teu jeito de olhar!
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Nosso amor, não foi em vão;
vive ainda bem guardado,
na aliança em minha mão,
unindo o nosso passado!
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Num mundo carente e pobre,
para afastar tanta dor,
Deus pôs o sabor mais nobre,
na massa do pão do amor!
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Num velho rancho de palha
a vida não passa em vão;
sobra de amor se agasalha
numa esteira pelo chão!
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Nunca me causa empecilho
manter sempre um livro aberto;
mesmo fechado, meu filho,
mostra a luz com passo certo!
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O amor, que tudo conquista,
que afasta a cegueira e a dor,
faz com que cego de vista
enxergue a chama do amor!
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O encanto do teu sorriso,
e a minha dor, por enquanto...
Mostram-me a fonte do riso
ninando a fonte do pranto!
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Ouço o velho coração,
dizer segundo a segundo:
– Poupe o piso deste chão
que é terra de todo mundo!
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Pai, não herdei nada em vão;
e, ainda sinto, por suposto...
Em minha mão, tua mão
e o teu suor no meu rosto!
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Percebo, por teus deslizes,
que entre nós, algo incomum,
quer fazer dois infelizes,
sem haver motivo algum!
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Percebo que as mãos divinas,
logo após o entardecer,
fecham no céu, as cortinas
para a noite adormecer!
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Por vivermos tão distantes,
disfarço a minha alegria,
porque nem mesmo os amantes
são felizes todo dia!
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Quando a luz do sol declina,
a saudade se revela,
no choro da chuva fina
batendo em minha janela!
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Quando a trova não me acalma,
depressa a torno mais bela
pondo um pouco de minha alma
no corpo dos versos dela!
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Quando a voz, atrapalhada,
chega à fronte embranquecida;
são sinais da longa estrada
por todos nós, percorrida!
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Revendo a cartilha antiga
junto à velha tabuada...
Não sei qual foi mais amiga
nem sei qual foi mais amada!
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São tantas as evidências
em decisões desiguais...
Que o choro das indecências
põe nódoas nos tribunais!
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Se em meio a tantas ciladas,
há lamentos, pranto e dor;
que em vez de balas trocadas,
haja intercâmbios de amor!
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Sinto no infinito brilho,
da aurora, cor de maçã
que, a luz dos olhos do Filho,
brilha no Sol da manhã!
Fonte:
Professor Garcia. Poemas do meu cantar. Natal/RN: Trairy, 2020.
Livro enviado pelo autor.
Professor Garcia. Poemas do meu cantar. Natal/RN: Trairy, 2020.
Livro enviado pelo autor.
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