1
Ao ver assim, abraçada,
a criançada fraterna,
vejo que abraço é laçada
que nos prende à Paz eterna.
2
Ao ver o farol, querida,
ao teu amor o comparo
porque no mar desta vida
és minha luz, meu amparo.
3
A sombra da bailarina,
contrastando com a anciã,
lembra o poente que declina
lembrando que foi manhã.
4
Bailarinas transparentes,
as gotas do meu olhar,
dançam tristes, reticentes,
o “pas-de-deux” dos sem par...
5
Bravura é viver sorrindo,
embora seja evidente
que a vida é dor insistindo
em ser mais forte que a gente.
6
Carícia em forma de prece
que no ocaso vou rezando,
o teu beijo é sol que aquece
um outro sol se apagando.
7
Conto os segundos, querida,
que passo longe de ti...
Detesto tanto a partida
que penso que não parti.
8
Coração, nunca te emendas!...
És de fato um sonhador.
Até nas duras contendas
tu vês motivos de amor!
9
Das bofetadas que a vida
me deu sem muita piedade,
tu foste a mais dolorida
e a que mais deixou saudade.
10
Em minha vida sem graça
de sonhador solitário,
a madrugada não passa
de um por-do-sol ao contrário.
11
Em nossas doces lembranças
vejo-me ainda o menino
que ao tocar em tuas tranças
uniu ao teu seu destino.
12
Em silêncio a criatura
mais perto de Deus se faz.
Por isso, cala e procura
encher teu mundo de paz.
13
Enquanto altiva deslizas
sobre meus tristes apelos,
eu, sozinho, invejo as brisas
que afagam os teus cabelos.
14
Enquanto o teu ventre sofre,
menino de muitas fomes,
teu patrão guarda no cofre
o lucro do que não comes.
15
- És meu príncipe! - dizia
vovó com seu jeito doce...
Tão doce que eu me sentia
como se príncipe fosse.
16
Este perdão que me negas
por 'um nada" que te fiz,
é mais um cravo que pregas
na cruz de um peito infeliz.
17
É tão lindo o seu sorriso!...
Seu beijo é tão perfumado,
que aqui vou, perdendo o siso,
cometer mais um pecado.
18
Eu não maldigo a pobreza,
mas tento me levantar.
Quando Deus preside a mesa,
qualquer pão é caviar.
19
Eu ouço o outono falando
na voz das folhas caídas…
E o vento sopra acordando
minhas saudades dormidas.
20
Eu sou pássaro cativo
preso ao amor de meu bem.
Se me libertam não vivo,
não sei amar mais ninguém!
21
Faço troça de alguns travos
quando a vida sabe a fel;
quebro entraves, tiro agravos
pondo trovas no papel.
22
Filmes assim, tão bonitos,
como a “Dama e o Vagabundo”
não têm mais vez, são proscritos
das telas de todo o mundo.
23
Foi Mãe Preta alforriada
pelo afeto do senhor.
De tanto afeto cercada
morreu escrava do amor.
24
Mato as tristezas cantando.
Curti-las não vale a pena.
Cantando vou me livrando
da mágoa que me envenena.
25
Mensagem vívida e terna
que um ardente amor traduz,
o teu olhar é lanterna
que ilumina a própria luz.
26
Meu coração, condenado
só por te amar do meu jeito,
bate triste, engaiolado
na ingratidão do teu peito.
8
27
Minha rua é uma alegria,
tem crianças, risos, gritos...
E se chama – que ironia!
Alameda dos Aflitos.
28
Na chuva eu também dancei,
mas ganhei puxões de orelhas…
Por isso eu sempre as terei
muito grandes e vermelhas.
29
Não se mede o bom artista
pelo pouco que mostrou:
Quem me conhece “de vista”
não sabe ao certo quem sou.
30
Na terra do Zé Coronha
o amor parece novela:
- a Zefa namora a Tonha
e o Zé o marido dela.
Nenhum comentário:
Postar um comentário