1
"Adeus, meu sonho perdido,
belo, imponente, palpável!",
disse a mulher ao marido
e ao seu "lixo reciclável"!
2
A gente vê, de manada,
estrela...lua...e planeta...
Basta uma boa topada
numa quina de sarjeta!
3
A alvorada, em grande gala,
tece a rica fantasia
que faz do Sol, mestre-sala
na passarela do dia.
4
A minha trova sem ela
– a musa que eu sempre quis -
é uma trova tagarela,
rima...rima.., e nada diz…
5
Antes de uma despedida,
que haja razões de verdade...
- Quem planta um adeus na vida,
um dia colhe saudade.
6
Antes um "não" que amargura,
antes um "não" que maltrata,
do que a terrível tortura
do teu silêncio - que mata!
7
A saudade é um passarinho
em teimosa migração...
vem do passado, e faz ninho
nos beirais do coração.
8
A tristeza é uma senhora,
minha velha conhecida,
que me rouba a luz da aurora
e põe noite em minha vida!
9
Cai o luar, transparente,
sobre uma gota de orvalho
e cria um lindo pingente
que dá vida a um velho galho...
10
Coitadinha da infeliz,
com marido gordo, esférico,
arranjou amante, e diz:
- É meu marido... genérico!
11
Com a dentadura bamba,
que nem “Corega” grudava,
os dentes dançavam samba
cada vez que ele cantava!...
12
Desde os tempos de criança
conheço a grande verdade:
jovem vive de esperança,
velho vive da saudade!
13
Frutos de velhos fracassos,
nossos medos são um muro
limitando novos passos
nos caminhos do futuro.
14
Luar... ourives de fama
que, pela mata orvalhada,
faz o engaste, em cada rama,
de uma gota iluminada!
15
Malandro, quando elegante,
detém qualidades raras:
tendo apenas um semblante
consegue ter duas caras.
16
Minha saudade é defeito
que outra saudade requer,
pois, sempre que abro o meu peito,
encontro a mesma mulher...
17
Mulher nova me apetece,
cinco ou seis... nunca é demais.
Se mais saúde eu tivesse...
mentiria muito mais!
18
Nas trovas de amor que eu teço
no meu tear de ilusão,
só faltam nome e endereço
de onde vem a inspiração...
19
Na voragem da procela
do combate interior
é que o homem se revela
se é escravo ou é senhor!
20
No jardim, junto ao meu quarto,
o silêncio é tão profundo
que se pode ouvir o parto
das rosas chegando ao mundo!
21
Nó na vida?... - Não me abalo,
desfazê-lo não me cansa,
pois consigo desatá-lo
com dois dedos de esperança!
22
Nos caminhos do Universo
eu sou caçador de estrelas,
e jogo o laço do verso
na esperança de prendê-las.
23
Nos momentos cruciais
em que o pranto é represado
o silencio fala mais
do que um discurso inflamado!
24
O balouçar da folhagem
- pequenas mãos dando adeus –
é a chuva, em sua passagem,
trazendo as bênçãos de Deus.
25
O cientista é poeta,
é trovador inspirado
que a pesquisa só completa
quando encontra o seu "achado".
26
O forró, diz meu amigo,
me esbraseia e deixa quente:
o esfrega-esfrega de umbigo
é um perfeito antecedente.
27
O forró ia animado;
de briga, nenhum perigo...
- Gostoso, que só pecado:
Era umbigo contra umbigo!…
28
O forte nó da saudade
amarra o tempo num laço
e aprisiona a mocidade
nas trovas de amor que eu faço.
29
O meu desejo transborda,
feito um rio ardendo em chama,
quando a saudade me acorda
sem você na minha cama!
30
O poeta é um ser aflito,
um eterno insatisfeito,
por ter um mundo infinito
no exíguo espaço do peito!
31
O sol parece fornalha
queimando tudo o que existe.
O chão, seco, a fome espalha...
mas, nordestino, resiste!
32
O sucumbir da virtude
ante o poder, é fatal:
é furo rompendo o açude
por onde escorre a Moral.
33
O tempo, pastoreando
nos sertões da mocidade,
foi, pouco a pouco, juntando
meu rebanho de saudade...
34
Pela ameaça da fome,
quando a seca teima e avança,
a chuva ganha outro nome,
passa a chamar-se... esperança!
35
Pondo bom senso no meio
quando surge a indecisão,
o medo parece um freio
a pedir calma e atenção...
36
Quando a folhagem fenece,
cobrindo o verde de luto,
o outono, em troca, oferece
a recompensa do fruto
37
Quando foi dada a partida,
com mil gametas brigando,
eu lutei por minha vida ...
e continuo lutando!
38
Quem casa com mulher feia,
um “bolo gordo”... um “canhão”,
anda atrás de um “pé de meia”
ou adora assombração!
39
Ratinho.. lobo... leão...
- mais alguns irracionais -
fazem da televisão
um reduto de... animais!
40
Se o mundo inteiro sorrisse
tão fácil como as crianças,
talvez não fosse tolice
sonhar e ter esperanças!
41
Sob um manto de neblina,
o sol, que o dia conduz,
aos poucos abre a cortina
e enche o seu palco de luz!
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